Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
O fato de André Fernandes (PL) aparecer numa linha de crescimento em pesquisa realizada a cerca de 12 dias da eleição, ou seja, na reta final, indica, por si, o acerto da estratégia que adotou como candidato à prefeitura de Fortaleza. Os 27% de intenção de voto que soma neste levantamento de agora do Datafolha, dois pontos acima do anterior, que é do início deste mês de setembro, surpreende, para além do quantitativo, pelo movimento positivo numa fase em que muitos acreditavam (eu inclusive) que ele estaria estacionado após trajetória de subida vertiginosa. Está demonstrado que o teto ainda não lhe tocou a cabeça.
Há um certo consenso de que a campanha do PL em Fortaleza é uma das mais ajustadas. A partir de sua largada, quando, ainda na fase pré, André Fernandes, no ambiente onde parece mais à vontade, o das redes sociais, lançou mão de vídeos nos quais, simulando uma entrevista consigo próprio, se vê defrontado com material de baixíssima qualidade que produziu anos atrás, "no tempo de adolescência" como faz questão de ressaltar na peça de autodefesa que fez circular logo na largada, estabelecendo uma espécie de vacina para o que sabia que seria explorado pelos adversários.
Confira:
Números da pesquisa Datafolha para prefeito de Fortaleza
A rejeição dos candidatos a prefeito de Fortaleza
Quem leva a melhor nas simulações de 2º turno
A verdade é que ninguém nem consegue lembrar direito os argumentos que utilizou ali, além das referências à idade em que o material foi produzido, mas aparentemente tem funcionado. Até porquê, como esperado, o passado que o condena veio à tona, inclusive através de antigos aliados, como o Capitão Wagner (União Brasil), sem efeito prático aparente sobre a performance, que se manteve ascendente ao longo da série de quatro pesquisas do Datafolha realizadas em Fortaleza.
Um outro aspecto que parece repercutir bem na campanha do PL é a dose certa de bolsonarismo que André Fernandes imprimiu a ela, reforçando cirurgicamente os laços com o "mito" que segue admirando, mas sem criar uma dependência absoluta do vínculo para que as coisas aconteçam. Talvez o principal êxito dele, aliás, tenha sido a capacidade de criar uma cara própria para candidatura, bem demarcada pela condição natural de jovem (com apenas 26 anos) e que a população consegue vislumbrar como uma novidade no cenário.
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Até o discurso da antipolítica, do qual também faz uso, apresenta uma certa racionalidade e está presente às suas falas sem ser o carro-chefe delas.
André Fernandes chega a ser propositivo, muito embora não se tenha como dizer que apresentou um plano de governo. O que acontece é que as pessoas parecem identificar no que ele diz - vou desconsiderar o arrazoado cheio de diagnósticos e vazio de propostas concretas que protocolou na justiça eleitoral, como a lei impõe às campanhas - alguma ideia do que representaria sua gestão no caso de uma vitória nas urnas.
O fato dele chegar a essa altura do jogo eleitoral liderando uma briga que no bloco de cima tem a segui-lo Evandro Leitão (PT) com 25%, Capitão Wagner (União Brasil) com 17% e José Sarto (PDT) com 15%, indicando ainda um certo embolado, apesar dos dois primeiros já um pouco mais descolados, surge como indicação concreta de que sua estratégia tem funcionado.
Ainda mais, é preciso reforçar, quando ele continua em ritmo de ascensão, atrás apenas do candidato petista, Evandro Leitão, que tem a melhor performance de todos e avança seis pontos entre uma pesquisa Datafolha e outra, consideradas esta e a imediatamente anterior.
O que parece é que André Fernandes precisará cometer erros que até agora evitou, faltando apenas uma semana e meia de primeiro turno, para não fechar a apuração do dia 6 de outubro entre os dois mais votados. Possível é, mas não dá pra dizer que a essa altura seja o mais provável.
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