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Energia no Ceará: quem fez bom negócio?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Energia no Ceará: quem fez bom negócio?

Privatização da antiga Coelce não foi boa para o Estado nem para a população. Bom negócio parece que fez quem comprou, pois quer renovar
Tipo Opinião
ENEL quer renovação por 30 anbos da concessão de energia no Ceará (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE ENEL quer renovação por 30 anbos da concessão de energia no Ceará

A Enel pediu renovação antecipada da concessão dos serviços de energia elétrica do Ceará. O prazo é de mais 30 anos. Quando a concessão começou, em 1998, alguns leitores não tinham nascido. Seria bastante desejável criteriosa análise do que transcorreu nas quase três décadas desde a concessão.

Fala-se da qualidade do serviço público. Com monopólio privado, a Enel não tem bom desempenho. Ao longo do tempo, foram muitas as oscilações, tal qual ocorre hoje com a rede elétrica. Na época da privatização, os próprios compradores reconheciam que o serviço era de qualidade. Em dois anos, já havia pedidos para cassar a concessão, por causa das constantes faltas de energia, oscilações na rede e queima de equipamentos. Com o tempo, houve aprimoramento, até piorar de novo. Agora, perto do fim da concessão, investimentos têm sido feitos. O serviço ainda não é bom. O padrão da Enel é tal que alguém sugeriria privatizar — se já não tivessem feito isso antes.

Se o povo do Ceará tivesse voz, não creio que a concessão da Enel seria renovada. Como não acho que a Coelce teria sido privatizada. A promessa, na época, era de criar um fundo de pensão para os servidores estaduais, de forma a resolver o déficit previdenciário. O fundo nunca existiu e o serviço é ruim. Ou seja, não foi bom para o Estado nem para a população. Bom negócio parece que fez quem comprou, pois quer renovar.

A mobilização contra e a favor da anistia pelo 8/1

Ocorreram em algumas cidades do País, no domingo passado, manifestações contra a anistia aos presos pelo 8 de janeiro de 2023. Em São Paulo, alguns milhares de pessoas foram à Avenida Paulista — 6 mil, no cálculo do monitor da USP. Foi o maior ato no Brasil. Em outros lugares, inclusive Fortaleza, houve públicos menores.

Em 16 de março, o protesto havia sido organizado a favor da anistia. Também não foi um sucesso de público. Bem menos gente que em atos anteriores organizados pelos bolsonaristas.

Sim, eram muito mais em Copacabana naquela ocasião que os presentes à Avenida Paulista no domingo passado. Mas, o paralelo não é bem exato. No ato pela anistia estava Jair Bolsonaro (PL). Na manifestação contrária, não estavam os principais líderes da esquerda. A principal figura era Guilherme Boulos (Psol). Estivesse o presidente Lula presente, certamente mais público teria comparecido, nem que fossem os babões.

Diante das diferenças, não consigo tirar dos dois atos uma conclusão sobre se a opinião majoritária é favorável ou contrária à anistia. O que me parece é que não é um tema que, de qualquer dos lados, esteja envolvendo as pessoas e mobilizando multidões.

O risco da anistia

A estratégia das redes conservadoras consiste em questionar as penas aplicadas a condenados pelos atos de 8 de janeiro. Apontam pessoas cujas punições seriam desproporcionais aos atos praticados. Com essas figuras específicas, busca-se anistia a todos. Na cadeia de transmissão, pode-se chegar até Bolsonaro.

O grande perigo desses discursos é tratar 8 de janeiro como algo que não foi tão grave assim. Foi coisa menor, não é para tanto barulho. O que ocorreu naquela data foi uma guerra campal no coração da República, com ataques violentos às sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Foi um movimento organizado, patrocinado, que transportou gente de todos os lugares a Brasília. Era um levante de irresignação com o resultado eleitoral. O alvo era o governo estabelecido, e não pelos seus atos, pois mal tomara posse.

O 8 de janeiro foi um acinte, um risco para o Brasil, para as instituições e para o povo. O recado imprescindível é que de foi inaceitável e não poderá se repetir, jamais.

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