Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Então, com toda indignação que haja, não é possível que os filhos e advogados não tivessem ciência do que estava para acontecer. Eles provocaram a situação e fizeram isso conscientemente
Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
SENADOR Flávio Bolsonaro e governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro em manifestação em Copacabana em favor de Jair Bolsonaro
Um argumento usado na defesa de Jair Bolsonaro (PL) é de que a ele teria sido aplicada prisão domiciliar porque os filhos postaram imagens dele. Calma lá que não foi nem assim. O ex-presidente está preventivamente preso por descumprimento de medidas cautelares determinadas pela Justiça.
O ex-presidente já havia sido alertado de que poderia receber as sanções. Estava muito claro que o compartilhamento, pelo filho, de conteúdo com ele em redes sociais estava enquadrado no entendimento do que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), considera estar proibido a ele. Como comentei, O POVO trouxe matérias no domingo, 3, e na segunda-feira, 4, que já indicavam haver possibilidade de punição diante das atitudes. Tanto isso era evidente que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), antes de a prisão do pai ser determinada, apagou a publicação que fizera com conteúdo dele.
Então, é legítimo discutir as cautelares. Já escrevi sobre o que entendo ser exorbitância nas decisões. Mas isso deve ser questionado processualmente. Era claro que a desobediência levaria à prisão.
Sobre o conteúdo das publicações, não é como se os filhos tivessem postado o suflê do almoço, selfie no espelho ou o fit check do dia, Foram aplicadas a Bolsonaro sanções porque ele e o filho, Eduardo, são investigados por atuar para pressionar o Supremo e interferir em um processo. Inclusive com articulação com nação estrangeira em busca de retaliações a autoridades brasileiras e até de prejudicar o próprio país e provocar uma crise econômica. Essas não são conjecturas. Trata-se de algo que tem sido feito sistematicamente e de forma explícita, anunciada e confessa. Por isso, foi aberto outro inquérito, por coação processual e obstrução de investigação.
A mensagem do ex-presidente no ato em Copacabana não tem, efetivamente, nada demais. Mas faz parte desse contexto de uma manifestação com objetivo de ampliar a pressão sobre o tribunal no curso de um processo judicial.
Segundo a decisão, haveria conteúdo pré-produzido pelo ex-presidente para ser compartilhado pelos filhos. O magistrado já apontara descumprimento pelo mesmo instrumento do uso de redes sociais de terceiros.
Então, com toda indignação que haja, não é possível que a família e os advogados não tivessem ciência do que estava para acontecer. Eles provocaram a situação e fizeram isso conscientemente.
Reencontros da oposição
A oposição no Ceará voltou a se reunir nesta terça-feira, 5. No domingo, foi a primeira vez em que apareceram juntas em público várias das forças que se contrapõem ao Governo do Estado depois que André Fernandes anunciou que o PL terá candidato próprio a governador do Ceará. O ato de domingo foi voltado para Moraes e a anistia, mas houve o aspecto simbólico do reencontro. A reunião na Assembleia serviu para demonstrar que o projeto de unir o bloco segue de pé, a começar pela sinalização do pai de André, o deputado estadual Alcides Fernandes (PL).
No domingo, o simbolismo também serviu para atestar o principal tema a dividir o grupo. Estavam presentes praticamente todos os políticos do PL local com mandato e também líderes importantes do União Brasil, como Capitão Wagner, Dayany Bittencourt, deputados estaduais da legenda, além do senador Eduardo Girão, do Novo. Os pedetistas ligados a Roberto Cláudio e Ciro Gomes, porém, não compareceram. Por mais que o ex-prefeito de Fortaleza tenha se reunido com o ex-presidente, até agora, não há adesão à pauta do bolsonarismo contra STF e a favor de anistia. A saber como as coisas irão se desenrolar.
Os indicativos do PL são de que pelo menos não falar contra será uma condição para o entendimento.
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