Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Andrew Harnik/AFP
TARIFAS e patrulha ideológica: se Trump fosse de esquerda, conservadores o condenariam
Os conservadores brasileiros se dizem patriotas, mas recorrem aos Estados Unidos para, segundo dizem, salvar a liberdade no Brasil. Mais que isso, apostam em Donald Trump, cuja administração pretende interferir no conteúdo apresentado pelos museus. Será feita uma avaliação sobre se as exposições estão de acordo ao gosto do que a Casa Branca espera.
O mesmo governo que revogou vistos de artistas que criticaram Israel. E que informou que irá averiguar as redes sociais de estrangeiros que pretendem estudar no País.
Agora, imagina você como não reagiriam os conservadores brasileiros se o governo Lula resolvesse influenciar no conteúdo que é exposto em museus. Os discursos encolerizados, abespinhados e ruidosos que tomariam as casas legislativas.
Como é aliado, aí não se trata de censura, não é perseguição política. Para eles, está tudo bem, tudo certo. Só não vá o governo brasileiro fazer o mesmo.
Trump é o expoente maior da mesma escola de autoritarismo cuja cartilha Jair Bolsonaro (PL) adota. Quando essa turma truculenta, defensora de ditadores e torturadores, usa o discurso de liberdade e defesa dos direitos humanos, devem tentar disfarçar o risinho de canto de boca. Só pode ser deboche.
Por que o alvo escolhido por Ciro é Lula e não Bolsonaro
Na coluna de ontem, comentei sobre a mudança do desempenho eleitoral de Ciro Gomes no Ceará em 2022, na comparação com as outras disputas presidenciais nas quais concorreu.
Em 1998, 2002 e 2018, ele sempre foi o mais votado no Estado. Na primeira vez em que concorreu a presidente, recebeu 34,2% dos votos cearenses. Lula teve 32,8%. O então presidente Fernando Henrique Cardoso, que recebeu o apoio do então governador Tasso Jereissati (PSDB), alcançou 30,3%. Em 2002, Ciro ficou com 44,5%, Lula com 39,4%, enquanto José Serra teve 8,5%. Em 2018, o candidato do PT foi Fernando Haddad. O ainda pedetista teve 40,9%. Haddad obteve 33,1% e Jair Bolsonaro, 21,7%. Em 2022, mudou tudo: Lula teve 65,9%, Bolsonaro, 25,4%, e Ciro, 6,8%.
As mudanças de uma eleição para outra ajudam a entender o que prejudicou o ex-governador e explicam a estratégia dele. De 2018 para 2022, perdeu 34,1 pontos no Estado. Bolsonaro ganhou 3,7 pontos. Não foi Bolsonaro quem mudou a vida de Ciro, quem tirou espaço dele. Quem afetou a votação dele no Ceará foi Lula.
O hoje presidente alcançou resultado que ele só teve parecido em um primeiro turno no Estado em 2006, na reeleição. O ex-governador não era candidato naquela ocasião e o petista recebeu 71,2%.
Na comparação com o candidato do PT em 2018, Lula teve 32,8 pontos percentuais a mais do que Haddad havia conseguido entre os cearenses.
Os votos migraram para Lula. Foi praticamente uma transmissão direta. Não significa, necessariamente, que esses eleitores passaram a preferir o petista ao ainda pedetista. Podem ter achado que o novamente presidente era mais viável para derrotar Bolsonaro. O fato é que os números ajudam a entender a estratégia de escolher Lula e o PT como principais adversários.
É com eles que hoje há disputa pelos eleitores. E Ciro vem perdendo.
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