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Disputa pelo Senado ferve também na oposição
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Disputa pelo Senado ferve também na oposição

Nos últimos dias, a briga pelas duas vagas de candidato a senador pelo Ceará que serão disputadas em 2026 esquentou nos diferentes campos políticos
Tipo Opinião
ANDRÉ Fernandes e Priscila Costa: PL terá de administrar situação sobre Senado (Foto: Reprodução/ Instagram)
Foto: Reprodução/ Instagram ANDRÉ Fernandes e Priscila Costa: PL terá de administrar situação sobre Senado

A corrida pelas vagas de candidato a senador esquentou bastante desde o fim de semana. Na base governista, a disputa já vem quente nos bastidores desde que terminou a eleição de 2022, mas se acirrou depois que José Guimarães expôs a disposição de brigar nas instâncias do PT para se lançar. Se for às últimas consequências, a decisão pode ser no voto e, assim, sair do controle dos caciques e dos acordos de gabinete. Na oposição, a situação também se intensifica.

Priscila Costa tem apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro para concorrer a senadora pelo PL. Já havia outro pré-candidato, o deputado estadual Alcides Fernandes, pai do deputado federal André Fernandes. Ele havia sido anunciado por Jair Bolsonaro (PL). Como são duas vagas, em tese não haveria problema. Como principal força política do bloco de oposição, o partido tem tamanho suficiente para ocupar dois espaços na chapa. O problema é que eleger um senador pela oposição já é coisa rara. Dois pode ser um desafio talvez intransponível.

Alcides foi o primeiro da fila, mas Priscila é forte. Foi a mais votada para a Câmara Municipal de Fortaleza no ano passado. Bolsonaro dificilmente estará disponível para fazer campanha no próximo ano a favor de qualquer pessoa. Mas Michelle estará disponível, e está ao lado da vereadora. Não é improvável um cenário em que ela seja eleita e o deputado estadual fique de fora.

Em entrevista ao podcast do vereador PPCell (PDT), André Fernandes lembrou que Bolsonaro mencionou o nome de Alcides para o Senado. O parlamentar não fez menção a Priscila. No dia em que O POVO publicou matéria a respeito, a parlamentar divulgou outro vídeo com Michelle, afirmando que o ex-presidente também apoia a parlamentar para senadora. Foi uma resposta direta e acirrou o clima interno.

Após o lançamento da vereadora, no fim de setembro, André havia agido de forma diplomática. Como novo presidente da legenda no Ceará, ele confirmou Priscila como pré-candidata e a saudou como muito competitiva e com “muito a cooperar com a chapa”.

Priscila é, ou era, próxima a André e apoiou o movimento para que ele assumisse a presidência estadual no lugar do deputado estadual licenciado Carmelo Neto. Porém, hoje há estranhamentos e resistências. André é a principal figura pública do PL cearense, mas não é fácil se contrapor a alguém que tem apoio de Michelle, ainda mais com Bolsonaro preso em casa — a qual a ex-primeira-dama é uma das únicas com livre acesso.

Uma candidatura ou chapa completa?

As resistências na oposição a uma segunda candidatura forte para o Senado têm por fundamento a ideia de que é difícil derrotar os indicados o governo — algo que a história confirma. E os dois membros da possível chapa do PL podem acabar brigando entre si para ser eleitos. A tese faz sentido, mas há argumentos na direção contrária.

Quando Tasso Jereissati (PSDB) foi derrotado em 2010, houve quem avaliasse como erro ele não ter um segundo candidato a senador. Para governador, ele apoiava Marcos Cals, mas era o único a concorrer ao Senado. Pela oposição, havia ainda Alexandre Pereira (Cidadania), que apoiava Lúcio Alcântara ao Executivo. Ele tentou ser o segundo voto de quem escolheu Tasso, mas o tucano não encampou a ideia.

A base governista tinha como concorrentes Eunício Oliveira (MDB) e José Pimentel (PT). O PSDB imaginava que a maioria das pessoas votaria em Tasso e em um dos dois. Emedebistas e petistas achavam que ocorreria a mesma coisa e passaram a travar uma disputa interna na aliança. O então governador Cid Gomes, reeleito naquele ano, até havia trabalhado para lançar apenas um nome ao posto e deixar a segunda vaga aberta para Tasso, em acordo entre eles. Mas Lula, que deixava a Presidência, interveio e fez campanha pelo voto casado. Eunício e Pimentel foram vitoriosos. Se teria sido diferente caso Tasso tivesse pedido voto em bloco, com dois postulantes a senador, ninguém nunca saberá.

O fato é que Eunício e Pimentel chegaram a acreditar que apenas um deles teria espaço. É o pensamento agora de pessoas próximas a Alcides, por temerem que uma segunda candidatura forte da oposição possa atrapalhá-lo. Talvez estejam certos, talvez não.

Nos últimos 60 anos, a única vez em que foram eleitos um senador de uma chapa e outro de uma chapa diferente foi em 2018, com Cid Gomes (PSB) e Eduardo Girão (Novo). Como foi o pleito mais recente com dois senadores, está fresco na memória e muita gente acha que pode se repetir, talvez sem a compreensão do quão fora do comum foi aquele momento.

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