Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Para muita gente, o voto para o Senado é dos últimos a ser definido. Na fase final, há tendência ao eleitor votar na chapa completa. Nas três vezes citadas em que isso não ocorreu, houve circunstâncias muito particulares
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
PLENÁRIO do Senado
A tradição no Ceará é eleger juntos governador e senadores. Por isso não é totalmente absurda a tese de gente na oposição que acredita ser possível fazer os dois senadores. Como mencionei ontem, nos últimos 60 anos, em eleições para dois representantes na Casa, só uma vez foram vencedores membros de chapas diferentes. Justamente no pleito mais recente para duas cadeiras, em 2018. Estatisticamente, é mais provável emplacar os dois que um só. O que é pouco provável, pelo histórico, é um opositor vencer. Mas isso é assunto para outro dia. O histórico do Estado é de voto em bloco.
Do golpe de 1964 para cá, só houve três senadores de fora da coligação vencedora para o Poder Executivo: Eduardo Girão (Novo) em 2018, Tasso Jereissati (PSDB) em 2014 e Mauro Benevides (MDB) em 1974. Para muita gente, o voto para o Senado é dos últimos a ser definido. Por isso, pesquisas para o posto estão entre as que apresentam mais divergem dos resultados nas urnas. Na fase final, há tendência ao eleitor votar na chapa completa. Nas três vezes citadas em que isso não ocorreu, houve circunstâncias muito particulares.
Quando Benevides saiu vitorioso, a ditadura militar estava no auge. Foi um feito, registrado pelo MDB também em outros estados. A votação para o Senado era direta, mas a escolha de governador era indireta, pela Assembleia Legislativa, na qual era impossível a oposição vencer. Na ocasião, o candidato da Arena era Edilson Távora. Apesar de parentesco e de pertencerem ao mesmo partido, este último teve oposição de Virgílio Távora, que orientou aliados a trabalharem contra ele.
Em 2014, pesou a força pessoal de Tasso e o fato de a disputa para o governo ter sido muito acirrada. Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (MDB) terminaram o 1º turno separados por diferença de 1,4 ponto. Como para o Senado há um só turno, Tasso estava numa aliança na qual o candidato ao Executivo concorria em situação de muito equilíbrio. Foi uma das duas únicas eleições da história cearense em que houve 2º turno estadual até hoje. Na outra, em 2002, foi também muito parelha. E Tasso também foi eleito senador naquela ocasião, em aliança informal com Patrícia Saboya para a outra vaga. O candidato de ambos a governador, Lúcio Alcântara, venceu pela menor diferença da história, sobre José Airton (PT).
E em 2018, Girão foi o único caso em mais de 60 anos de um senador eleito por uma chapa e outro por uma chapa diferente. Candidato derrotado pelo bloco governista, o então presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), diz que sofreu boicote de Ciro Gomes (PDT) e do na época prefeito Roberto Cláudio, que eram da base aliada naquele tempo.
Ô vanta
Os ministros do Esporte, André Fufuca (Progressistas), e do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), não atenderam ao ultimato da federação composta pelos dois partidos para deixarem o governo Lula. Do ponto de vista político, é uma demonstração de força e prestígio para o Palácio do Planalto. São tempos em que um cargo de ministro não é considerado tão vantajoso em relação a mandato no Congresso Nacional, com os milhões em emendas à disposição. Diante da pressão do maior consórcio político do Poder Legislativo, eles terem escolhido ficar no governo tem peso simbólico. Porém, na prática, é de se discutir para que serve a Lula manter os dois ministros. Eles foram indicados como parte da composição política. Verdade que nunca conseguiram trazer muitos votos dos respectivos partidos. Mas agora, menos ainda. A manutenção de ambos, então, vale pelo trabalho que desenvolvem nas respectivas pastas. Não sei se compensa.
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