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Crise familiar do bolsonarismo afeta oposição cearense e Ciro terá dificuldade para "jogar parado"
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Crise familiar do bolsonarismo afeta oposição cearense e Ciro terá dificuldade para "jogar parado"

A briga, em síntese, é por poder dentro do bolsonarismo. E caiu como bomba nas articulações da oposição cearense. O fato de envolver Ciro dá alcance nacional à questão
Tipo Opinião
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LANÇAMENTO da pré-candidatura de Girão foi palco de intriga do PL (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR LANÇAMENTO da pré-candidatura de Girão foi palco de intriga do PL

Com Jair Bolsonaro (PL) preso, tendo possibilidades limitadas de participar de negociações e mais ainda de fazer sinalizações públicas, era previsível que o campo conservador iria se dividir, como O POVO sinaliza desde a condenação do ex-presidente. Há uma disputa ainda sobre quem irá comandar o bolsonarismo. Eu não imaginava que essa conflagração teria o Ceará como estopim.

A memória pode me trair, mas não me recordo de um episódio público de atrito tão declarado entre Michelle Bolsonaro e os três enteados de maior relevância política — Flávio, Carlos e Eduardo. Eles têm disputas entre si, mas se uniram pelo controle do grupo e contra a madrasta. Flávio fez dura manifestação ao correspondente do O POVO em Brasília, João Paulo Biage. Carlos e Eduardo compartilharam a notícia do O POVO e referendaram o irmão. A sintonia entre os irmãos não é muito comum.

O motivo da divergência é a aliança para apoiar Ciro Gomes (PSDB) a governador do Ceará. O ex-ministro e o bloco bolsonarista tiveram muitos atritos. Ele foi adversário de Bolsonaro nas duas eleições presidenciais mais recentes, em 2018 e 2022. A aproximação tem sido conduzida com algum cuidado. É verdade que a cúpula local tinha aval do ex-presidente para encaminhar os entendimentos. A fala de Michelle e o constrangimento imposto por ela ao deputado soaram gratuitos e despropositados.

Mas o que está em jogo é mais que o Estado. A ex-primeira-dama já tinha entrado em embate com André sobre a pré-candidatura da vereadora Priscila Costa a senadora. Depois do lançamento por Michelle e Valdemar Costa Neto, em setembro, André afirmou que Bolsonaro só havia mencionado a candidatura de Alcides Fernandes (PL), pai do deputado. Logo em seguida, Michelle gravou outro vídeo para dizer que o ex-presidente — na época em prisão domiciliar — apoiava sim a postulação da vereadora de Fortaleza.
Como são duas vagas, os dois poderiam concorrer. Mas pode ser necessário contemplar aliados e existe o temor de não haver votos para eleger ambos.

Há conflito entre os enteados e a madrasta também sobre Santa Catarina. Michelle defende Caroline de Toni (PL) candidata ao Senado, mas Carlos Bolsonaro (PL) também se lançou.

A briga, em síntese, é por poder dentro do bolsonarismo. E caiu como bomba nas articulações da oposição cearense. O fato de envolver Ciro dá alcance nacional à questão.

A sintonia entre os irmãos e a cúpula do PL indica que não deve haver recuo sobre uma possível aliança local com o tucano. Talvez Michelle tenha até forçado uma antecipação de manifestações simpáticas a ele.
Mas é provável que não seja suficiente para Ciro seguir quase em silêncio. Talvez, para se viabilizar, ele precise fazer algo que tem evitado: aceno mais explícito e direto a Bolsonaro.

Celebração de Maria Luiza

O lançamento do filme Prefeita, de Felipe Barroso, na noite de sexta-feira, 28, foi bonito momento de celebração de Maria Luiza Fontenele. Ela ficou muito emocionada. Politicamente, houve aspectos interessantes. Grande parte da esquerda cearense compareceu, inclusive a única outra mulher a governar Fortaleza até hoje, Luizianne Lins (PT). Mas particularmente curiosa foi a presença de Lúcio Alcântara, que disputou aquela eleição e ficou na terceira colocação. Maria o saudou como tendo sido o primeiro a cumprimentá-la após a vitória, 40 anos atrás. Ele que era o candidato dos coronéis, do conservadorismo. Tempos de uma civilidade que tem sido rara. E se repetiu na noite da sexta no Cineteatro São Luiz.

Um divórcio com efeitos políticos no Ceará

Gilmar Mendes e Guiomar Feitosa anunciaram a separação. Ele, decano do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela, uma das advogadas mais influentes de Brasília. É também irmã de Chiquinho Feitosa, presidente do Republicanos no Ceará e pré-candidato a senador, cargo que já exerceu como suplente, durante licença de Tasso Jereissati (PSDB). A Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o casal disse que a amizade prossegue.

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