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Sob as ondas, as florestas respiram
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Fernanda Oliveira é cientista ambiental e pesquisadora na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Membra da Liga das Mulheres pelo Oceano. Atualmente, atua nas áreas de conservação e impactos das atividades humanas nos ecossistemas costeiros

Fernanda Oliveira meio ambiente

Sob as ondas, as florestas respiram

Essas florestas fornecem abrigo, alimento e servem como áreas de desova e berçário para inúmeras espécies marinhas, como peixes, invertebrados e até grandes animais
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O kelp é um grupo de algas pardas gigantes, formado por diversas espécies que, juntas, criam ecossistemas comparáveis às florestas terrestres (Foto: Pexels/Kindel Media)
Foto: Pexels/Kindel Media O kelp é um grupo de algas pardas gigantes, formado por diversas espécies que, juntas, criam ecossistemas comparáveis às florestas terrestres

Recentemente, assisti ao documentário da National Geographic chamado “Oceanos com David Attenborough”, uma produção essencial para compreender os nossos oceanos, as ameaças que enfrentam e as possíveis soluções. Pensando nisso, resolvi falar um pouco sobre uma área de extrema importância nos oceanos e ainda pouco conhecida: as florestas marinhas.

Mas o que elas são? Bom, acredito que vocês saibam que existem diversos tipos de algas nos oceanos, e que algumas delas são bem conhecidas: como as algas comestíveis usadas na indústria alimentícia ou na culinária, e também aquelas utilizadas na fabricação de cosméticos, fármacos, biofertilizantes e até em processos de biorremediação.

Em todos esses casos, geralmente pensamos em algas pequenas, mas o que poucas pessoas sabem é que existem grandes algas nos oceanos que formam verdadeiras florestas marinhas: o kelp!

O kelp é um grupo de algas pardas gigantes, formado por diversas espécies que, juntas, criam ecossistemas comparáveis às florestas terrestres.

Essas florestas fornecem abrigo, alimento e servem como áreas de desova e berçário para inúmeras espécies marinhas, como peixes, invertebrados e até grandes animais, como tubarões e mamíferos marinhos. Elas são conhecidas como hotspots de biodiversidade, abrigando uma enorme variedade de plantas e animais.

Elas são conhecidas como hotspots de biodiversidade, abrigando uma enorme variedade de plantas e animais(Foto: Pexels/isaac mijangos)
Foto: Pexels/isaac mijangos Elas são conhecidas como hotspots de biodiversidade, abrigando uma enorme variedade de plantas e animais

Essas florestas marinhas têm um crescimento extremamente rápido, o que permite que se estabeleçam em novas áreas com facilidade. Sua ocorrência é majoritariamente em regiões frias e polares, cobrindo aproximadamente 25% das zonas costeiras do planeta.

Além de ocuparem grandes áreas e se assemelharem visualmente às florestas terrestres, essas algas precisam de luz solar, pois realizam fotossíntese, contribuindo fortemente para a produção de oxigênio nessas regiões.

Além disso, são importantes áreas de sequestro de carbono, ajudando a remover o CO₂ da atmosfera. Mais ainda: essas florestas funcionam como barreiras naturais, protegendo a costa do impacto das ondas durante tempestades e reduzindo a erosão, o que beneficia diretamente as comunidades costeiras.

Apesar de toda essa importância, tanto para a produção de oxigênio quanto para a biodiversidade marinha, as florestas de kelp são ecossistemas sensíveis e vulneráveis a diversos impactos.

Mudanças na temperatura dos oceanos, tempestades intensas, pesca predatória, poluição costeira e até o tráfego de embarcações podem causar danos irreversíveis a essas florestas azuis.

Porém, nem tudo está perdido! A criação de áreas marinhas protegidas (semelhantes às unidades de conservação terrestres) tem se mostrado eficaz na proteção desses ecossistemas.

Cabe a nós reconhecermos a importância dessas áreas, divulgarmos o conhecimento e cobrarmos dos governos a criação de mais espaços protegidos para garantir a conservação das nossas florestas azuis.

Foto do Fernanda Oliveira

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