
Fernanda Oliveira é cientista ambiental e pesquisadora na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Membra da Liga das Mulheres pelo Oceano. Atualmente, atua nas áreas de conservação e impactos das atividades humanas nos ecossistemas costeiros
Fernanda Oliveira é cientista ambiental e pesquisadora na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Membra da Liga das Mulheres pelo Oceano. Atualmente, atua nas áreas de conservação e impactos das atividades humanas nos ecossistemas costeiros
A ciência é uma área majoritariamente masculina, até no nosso imaginário, e eu posso te provar! Qual imagem vem à sua cabeça quando você pensa em cientista? Provavelmente Einstein ou algum homem usando jaleco branco e segurando tubos de ensaio dentro de um laboratório - e isso não é culpa sua.
A mídia normalmente retrata cientistas dessa maneira: homens e, muitas vezes, malucos, inclusive nos desenhos animados e filmes que assistimos. Quer ver alguns exemplos? No desenho “As Meninas Superpoderosas”, o cientista é um homem (o pai delas), assim como em “De Volta para o Futuro”, “Jurassic Park”, “Os Caça-Fantasmas”, “Breaking Bad”, “Rick and Morty”, “O Mundo de Beakman”, “O Laboratório de Dexter”, “Frankenstein”, “Querida, Encolhi as Crianças”, e por aí vai.
Claro que temos alguns (poucos) exemplos de mulheres cientistas na cultura pop. Eu me lembro de assistir ao desenho “O Ônibus Mágico” quando criança e querer ser igual à Senhorita Frizzle que, apesar de ela ser professora no desenho, seu trabalho tem muito de cientista também.
Além dela, temos três cientistas famosas em “The Big Bang Theory”: Leslie Winkle (física experimental), Amy Farrah Fowler (neurocientista) e Bernadette Rostenkowski (microbiologista).
Apesar de elas serem incríveis e trazerem uma representação feminina na ciência, muitas vezes entram na história como pares românticos dos cientistas homens, não sendo protagonistas, mas mesmo assim, é positivo ver essa representatividade. Eu só gostaria de ver mais.
Além disso, às vezes temos mulheres cientistas retratadas como vilãs, como a Hera Venenosa em “Batman” ou a Dra Blight em “Capitão Planeta”. Na verdade, muitos vilões em filmes/HQs de heróis são cientistas, o que pode ser entendido como um reflexo da falta de financiamento para pesquisa e da crescente negação da ciência, mas isso fica para outro texto.
Apesar da falta de representatividade, mulheres na ciência existem e fazem algumas das pesquisas e descobertas mais incríveis! Por exemplo, vocês provavelmente viram a recente descoberta feita na Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), que pode permitir que pessoas tetraplégicas voltem a andar. Mas sabem quem liderou a pesquisa? Pois é, uma mulher: a pesquisadora Tatiana Coelho de Sampaio.
Além dela, temos Marie Curie, pioneira na radioatividade e vencedora de dois prêmios Nobel, muitas vezes esquecida ou ofuscada pelo marido, Pierre Curie; Katalin Karikó, parte da equipe que desenvolveu a tecnologia de RNA mensageiro usada nas vacinas contra a covid-19 e vencedora do Nonel; Margaret Hamilton, que desenvolveu um software que permitiu as missões Apollo chegarem à Lua; e Katie Bouman, que criou um algoritmo que possibilitou a primeira imagem de um buraco negro.
Grandes cientistas mulheres são retratadas em alguns filmes, principalmente baseados em fatos reais, como “Estrelas Além do Tempo” e “Radioactive”.
Nós, mulheres, estamos na ciência e fazendo pesquisas extraordinárias, só precisamos de mais visibilidade.
Para continuarmos desenvolvendo a ciência e a tecnologia, é preciso que haja mais representatividade, para que as meninas que estão crescendo vejam na ciência uma oportunidade de carreira e se sintam inspiradas por tantas outras mulheres incríveis que traçaram o caminho antes delas. A ciência, antes de tudo, é uma palavra feminina!
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