Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
A definição do posicionamento do PT em Fortaleza virou um jogo de xadrez, no qual a inteligência dos envolvidos decidirá o caminho final a ser trilhado. A semana teve um lance interessante da ex-prefeita Luizianne Lins, escolhida pré-candidata pelas instâncias internas dentro das etapas cumpridas no calendário próprio do partido. E que pegou muita gente de surpresa.
Fora do seu padrão de procedimento político, que costuma levá-la a resistir mais ao diálogo quando parece ter a situação sob controle, Luizianne aproveitou os microfones da rádio O POVO/CBN para surpreender com um aviso: aceita conversar com o governador Camilo Santana sobre uma desistência à candidatura, desde que ele (Camilo) comprometa-se em organizar uma frente de esquerda em Fortaleza, que seja liderada pelo PT e que exclua o PDT das tratativas iniciais. Xeque.
Luizianne admite a conversa, desde que tenha atendidas condições que, sabe de antemão, Camilo não pode atender. Nem quer. É um movimento inteligente porque, de maneira prática, enfraquece a ideia de que o problema estaria na indisposição da petista para o diálogo.
Nelson Martins, escolhido por Camilo na outra jogada de mestre da contenda estratégica dos petistas, ao deixar cargo no governo de surpresa para ser mantido como uma possibilidade de alternativa a Luizianne, já tornou público o que o grupo do governador pensa sobre o que ela sugeriu: o PDT é parceiro estratégico, disse. Em outras palavras, nada feito.
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A tendência é que as peças ainda se movam muito até que o xeque-mate indique o lado vencedor. Camilo e seus apoiadores, Luizianne e quem está ao lado dela, continuarão mexendo-se, avançando e recuando sobre o tabuleiro político de acordo com o que cada momento pedir.
Os petistas que evitam tomar lado e preferem apenas assistir o jogo, sem participar dele diretamente, torcem apenas para que ao final os adversários se abracem, se cumprimentem e sigam juntos para a disputa eleitoral. Infelizmente, na perspectiva de quem sonha com este desfecho, não é o que dá para projetar como mais provável.
O prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT), dorme melhor desde a noite de quarta-feira, quando foi informado por gerentes de postos de saúde durante reunião que em apenas três deles, dentre 36, aumentou nos últimos dias a demanda de pacientes queixando-se de problemas respiratórios. O município era um dos que mais preocupavam na fase atual do combate ao novo coronavírus no Ceará.
As autoridades de saúde estaduais é que não conseguem descansar, apesar do refresco aparente das novas notícias sobre a região Norte. No lado sul, no Cariri, corre-se para acelerar a entrega de 109 novos respiradores para dar conta da explosão de novos casos registrada nos últimos dias.
Sabe-se de alguns empresários que demonstraram incapacidade de separar uma coisa da outra. Gente que era acompanhada pelo Doutor Cabeto e, como reação à postura correta que ele teve de atender critérios técnicos e segurar a volta da economia, deixou a lista de pacientes do médico que está secretário de Saúde. E olhe que, na sua especialidade, cardiologia, dos melhores.
Quem anda acompanhando com muita atenção o cenário eleitoral de Fortaleza, manifestando-se sobre ele sempre que pode, é a deputada federal Carla Zambelli, hoje sem partido e eleita pelo PSL de São Paulo. Nos últimos dias, mostrando apoio ao Capitão Wagner (Pros), que deve ser candidato, ou criticando a herança deixada para a cidade pela petista Luizianne Lins, também sua colega de Câmara.
O interesse pela cidade é recente e tem a ver com o casamento, também acontecido há pouco tempo, com o coronel Aginaldo, cearense que dirige a Força Nacional. Os dois se conheceram em Brasília e não se descarta que o oficial, agora na reserva da Polícia Militar, viva sua própria experiência eleitoral no futuro. Os passos dela de hoje podem antecipar os dele de amanhã.
Não vai haver invasão de Brasília como seria normal, porque os tempos não permitem, mas os prefeitos estão mobilizados para manifestar aos parlamentares o apoio ao texto da deputada Professora Dorinha (DEM/TO) que garante renovação do Fundeb. A expectativa é de que a Câmara vote a matéria a partir de terça-feira e a mobilização junto à bancada federal cearense já começou.
Ladrão de galinha ir para cadeia e ladrão amigo do rei ir para prisão domiciliar (leia-se mansão) é sinônimo de impunidade"
Eduardo Bolsonaro, deputado federal, em frase resgatada de 2017, mas que, transportada para hoje, refletiria bem a situação que estamos vivendo. O difícil, porém, é que ele, porque as coisas mudam, viesse a repeti-la.
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