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Os números traduzem os comportamentos, o alinhamento é evidente
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Os números traduzem os comportamentos, o alinhamento é evidente

 (Foto: O POVO)
Foto: O POVO

Os comportamentos dizem muito quando se passa um tempo sem dispor de uma medição científica dos tamanhos das candidaturas numa campanha eleitoral.

Portanto, os números que agora aparecem no primeiro O POVO/Datafolha do segundo turno de alguma forma traduzem os dias que correram desde quando tivemos o primeiro turno concluído.

Notava-se, de um lado, uma tranquilidade controlada, enquanto o outro parecia ter pressa para que as coisas começassem a acontecer logo.

Eis a realidade apresentada, então. Os 18 pontos de diferença entre José Sarto, que lidera, e o Capitão Wagner, que aparece lá atrás, indicam um favorito evidente e inquestionável.

No entanto, o cálculo de segundo turno tem suas peculiaridades e, no que é diferente da etapa anterior, alimenta as esperanças do candidato do Pros de uma mudança ainda acontecer nos oito dias que restam de campanha pelo voto do fortalezense.

A questão é que se trata de uma disputa direta, praticamente, o que significa dizer que um voto conquistado, em tese, representará um apoio tirado do concorrente.

Olhando com simplismo a coisa, 18 virariam 9 num passo de mágica, trazendo a realidade para mais próximo do possível.

Os pensadores da campanha do Pros devem se perguntar, entre eles, como fazer isso, num contexto, olhando-se os dados da pesquisa mais a fundo, em que a intenção de voto em Sarto parece mais consolidada do que aquela manifestada em favor de Wagner.

Para citar uma linha concreta que tem sido adotada, há delicadeza na ideia de transformar isolamento político em sinônimo de independência ou autonomia para governar.

Não se trata de uma característica que possa desembarcar de repente numa campanha, é preciso existir um contexto, por exemplo, aquele que o presidente Bolsonaro construiu em 2018 e assim conseguiu uma tal aliança por fora da política que lhe permitiu prescindir dos partidos e de suas lideranças.

Não é o caso de Wagner, claramente, até em favor dele deve-se dizer.

Aliás, Bolsonaro é outra questão que precisa ser resolvida, se é que ainda há tempo e que se quer. Os dias correm, são curtos e o apoio reforça-se como problema uma pesquisa após a outra.

É isso, um desafio imenso coloca-se diante do candidato que liderou praticamente todo o processo, desde a fase da pré-campanha, e que em alguns momentos do primeiro turno chegou a sugerir possível uma vitória já em 15 de novembro.

A situação de agora não lhe tira apenas a condição de favorito, coloca-o num cenário novo para 2020 e que exigirá dele muito equilíbrio para tocar sua campanha de desgaste do adversário sem ultrapassar aquele limite em que o eleitor começa a encontrar sinais de desespero.

Quando isso acontece, não costuma ficar ao lado do "desesperado".

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