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Ciro, a referência ao contrário para 2020
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Ciro, a referência ao contrário para 2020

Tipo Opinião
 (Foto: Carlus Campos)
Foto: Carlus Campos

Nota-se um comportamento diferente dos partidos nessa temporada eleitoral de 2020 em relação à atitude que muitos costumam adotar na passagem entre o primeiro e o segundo turno. Falo, em geral, daqueles que ficaram de fora da nova etapa. A opção preferencial da maioria tem sido por tomar partido entre os que seguem e poucos, num cenário nacional, mesmo, trilharam o caminho da neutralidade. Dentro do que sou capaz de observar, um efeito Ciro Gomes direto.

Recapitulemos para ficar mais fácil de entender: dois anos atrás, na disputa presidencial, foram ao segundo turno os então candidatos Jair Bolsonaro, à época no PSL, e Fernando Haddad, do PT. Para alguém que se diga progressista, de esquerda etc caberia alguma dúvida acerca do lado em que deveria estar? Na teoria, não, na prática, Ciro mandou-se para a Europa, sem deixar carta ou bilhete, reapareceu apenas para votar e quem quisesse entender o número que digitara na urna que o fizesse por eliminação, concluindo que se ele falava tão mal de Bolsonaro é porque o escolhido fora Haddad.

A impressão que dá é que passa um filminho agora na cabeça dos dirigentes e candidatos, lembrando o que foi o comportamento de Ciro dois anos atrás e como até hoje isso permeia um pouco as dúvidas acerca do que quer o político cearense algo além da obsessão de chegar à presidênca da República. É, por exemplo, o que ajuda a explicar a decisão do Psol de, em Fortaleza, não titubear na recomendação ao voto em José Sarto, apesar das inúmeras restrições (nenhuma retirada) às gestões do PDT na cidade. Do outro lado, na visão dos psolistas, há um mal maior, representado por um candidato de alguma forma ligado ao presidente Bolsonaro. Por isso decidiu-se por descer do muro.

Há exemplos do mesmo tipo sobrando pelo País. O PT pedindo o voto de segundo turno num candidato do DEM no Rio de Janeiro é outro caso emblemático e que tem a ver com a compreensão de que um passo em falso agora poderá custar uma caminhada mais longa no futuro. Sendo mais preciso, um erro estratégico neste 2020 pode inviabilizar, ou, pelo menos, dificultar, um projeto político que tenha foco no ano nacional de 2022, quando estará novamente em disputa a presidência da República.

Há, claro, quem ache que uma coisa não tem a a ver com a outra e que avalie essa mudança brusca de comportamento como resultado de um momento específico e meio único da política brasileira. Pode achar, mas minha convicção é de que o movimento é empurrado pela situação que envolveu Ciro e suas viagens e silêncios fora do tempo em 2018.

Fora da agenda, mais uma vez

A entidade é poderosa demais para gerar críticas abertas e públicas, mas há uma grande irritação da campanha do Capitão Wagner com a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). O adiamento do debate que os empresários fariam com os candidatos à prefeitura de Fortaleza pegou muito mal e gerou desconfiança de que, a exemplo do primeiro turno, houve pressão política para que o evento não ocorresse.

Tem time, está faltando a bola

Está montado o time econômico de uma hipotética gestão Capitão Wagner como prefeito de Fortaleza. Ele teria o executivo Geraldo Luciano e os economistas Marcos Holanda e Igor Lucena, este último, por enquanto, conhecido apenas como filho de Gaudêncio Lucena. Anunciar o trio, como já fez o candidato na semana passada, é uma forma de ganhar confiança sabe-se lá de quem. Convenhamos, não há sensibilidade do eleitor no momento para esse tipo de manobra.

À espera, sentados, da "Loura"

No comitê do candidato José Sarto ainda há quem acredite possível a ex-candidata petista Luizianne Lins se dobrar às investidas, sutis ou barulhentas, para que faça uma manifestação pública de apoio ao ex-adversário, seguindo o que oficialmente já fez o seu partido. Não que a vitória dependa disso, a essa altura, mas porque seria um gesto político importante pelo menos para deixar mais confortável o governador Camilo Santana.

O prefeito que valeu 2 deputados

Cenário político de Iguatu vai se rearrumando depois que os dois representantes do município na Assembleia saíram da temporada eleitoral menores do que tinham entrado. Resta saber quem perdeu mais: Marcos Sobreira (PDT), que desistiu no meio da campanha para apoiar o reeleito prefeito Ednaldo Lavor (PSD), ou Agenor Neto (MDB) que foi até o fim e acabou derrotado, quase seis mil votos atrás do vitorioso?

Pelo menos isso, não é PSDB?

Um dado estatístico pós-eleições (primeiro turno) animou a tucanada nacional ao mostrar a alta eficiência do PSDB na relação voto/custo. É um levantamento no qual consta que entre os 15 maiores foi o partido que conseguiu eleger mais gente mobilizando menos recursos do Fundo Partidário. Daria algo como R$ 16,47 por voto, enquanto o valor no PSL chegou a 102,89. Para se ter ideia do que isso representa, o PT veio a seguir com R$ 39,49.

Por falar em decepção

Aliás, por falar em PSDB, é bem grande a decepção com Francisco Caminha. Havia uma aposta de que a chapa montada por ele para a Câmara de Vereadores garantiria uma bancada interessante para o próximo mandato, algo que precisaria começar por uma boa performance do próprio na sua candidatura ao Legislativo. Nesse sentido, os 2.448 votos que recebeu ajudam a explicar o pífio resultado geral das candidaturas, com apenas um eleito: Jorge Pinheiro.

Foto do Guálter George

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