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Luizianne escolhe como responder aos Ferreira Gomes
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Luizianne escolhe como responder aos Ferreira Gomes

Tipo Opinião
Ex-prefeita Luizianne Lins se posicionou a favor de candidaturas de esquerda. Sobre Fortaleza e Sarto, segue sem dar uma palavra (Foto: Beatriz Boblitz/Especial para O POVO)
Foto: Beatriz Boblitz/Especial para O POVO Ex-prefeita Luizianne Lins se posicionou a favor de candidaturas de esquerda. Sobre Fortaleza e Sarto, segue sem dar uma palavra

Já não seria fácil convencer Luizianne Lins (PT) a apoiar o grupo Ferreira Gomes no segundo turno se a campanha de José Sarto (PDT) não tivesse dito o nome dela no primeiro turno. Há feridas não cicatrizadas de 2012. Muita coisa foi dita ali e de lá para cá. Na campanha, o PDT fez duras críticas a ela. Críticas políticas, sim. São do jogo. Como é do jogo ela ficar enfurecida e não querer conversa com eles depois. Ao ir receber o apoio do PT, Sarto disse: "Minha campanha pode eventualmente ter feito uma crítica". Eventualmente? Foram feitas críticas. Não acho que Sarto precisasse se desculpar. Até porque o que foi dito dito está. Não dá é para se fazer de desentendido.

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O caminho do PT era meio óbvio. Até o Psol, que nunca apoiou ninguém no segundo turno em Fortaleza, foi com Sarto. Já dizendo que será oposição se ele for eleito. O Psol que, em 2012, orientou no segundo turno: "Nenhum voto para Elmano de Freitas (PT) nem Roberto Cláudio (então PSB)". Que, em 2016, contra o mesmo Capitão Wagner, também não declarou apoio ao PDT, na reeleição de Roberto Cláudio. Algo mudou nos últimos quatro anos - no PDT ou no Psol ou em Fortaleza ou no Brasil. Não acho que tenha sido Sarto. A Unidade Popular (UP) também declarou apoio. Além do PCdoB. Estão previstas adesões do Patriota e do PV.

E Luizianne? O PT se manifestou, ela permanece em silêncio. Posso estar enganado, mas não penso que ela irá se posicionar. A relação com os Ferreira Gomes é definidora do comportamento dela. Já não fossem ingredientes suficientes, houve 2018. Houve Ciro Gomes (PDT) indo a Paris e dando apenas sinalizações oblíquas e dissimuladas contra Jair Bolsonaro - como o "aí dentro" que gritou ao vivo na entrevista após o resultado do primeiro turno.

Ciro ficou louco da vida com a articulação do PT naquela época para tirar o PSB do palanque dele. Foi jogo de bastidor. Na campanha, Haddad não fez contra Ciro nada remotamente parecido com o que Sarto fez com Luizianne. Como ela responderá?

Há dois caminhos. Um é devolver na mesma moeda. Entendo que, depois de tudo, Luizianne ache aviltante pedir voto para o grupo. Outro exigiria, como disse o colega Guálter George, sangue-frio que não é uma das características que a ex-prefeita mostrou até hoje. Seria justamente mostrar que não é igual a Ciro, não é igual aos Ferreira Gomes. E agir de forma diferente, declarando apoio ao PDT. Pode até acontecer ainda. O silêncio até agora não sugere isso. Luizianne nunca foi muito de mudar de ideia.

E haveria uma terceira hipótese. Não agir como Ciro, mas sim como Cid Gomes (PDT). Lembra de quando ele foi declarar apoio a Haddad e terminou com um "o Lula tá preso, babaca"?

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O papel de Girão

O segundo turno em Fortaleza começa em ritmos diferentes. A de Sarto, com a profusão de apoios recebidos, inicia de forma intensa. A de Wagner pareceu um pouco atordoada no início. E tendo de reagir às manifestações do lado pedetista. Ontem a campanha de Wagner já demonstrava reação. À noite, a cidade estava cheia de motoqueiros com bandeiras, buzinando. E houve a entrevista coletiva sob comando do senador Luis Eduardo Girão (Podemos).

Aquele momento tem vários simbolismos. O primeiro grande ato da campanha de Sarto no segundo turno não teve o candidato e foi protagonizado pelo governador. Na de Wagner, estava a vice, os coordenadores, aliados. Só não estava Wagner. Girão verbalizou: houve intenção de mostrar que o Capitão não está só, não está isolado.

Na arquitetura do momento, na postura de Girão e no discurso, o senador se colocou como contraponto a Camilo. Foi o alvo de suas críticas mais incisivas.

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