
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Muito justa, em princípio, a cobrança que tem sido feita por figuras proeminentes do PL cearense, com destaque para o deputado federal André Fernandes, para que sejam esclarecidas as circunstâncias em que se deram os homicídios contra dois correligionários seus no Interior: Erasmo Morais, vereador no Crato, e Sargento Gleison, pré-candidato à prefeitura de Icó. Até pelos sinais de que o governo, até agora, reagiu aos eventos excepcionais numa postura abaixo do que as necessidades apontavam.
Estamos às portas de uma eleição municipal, com todas as implicações históricas que o momento proporciona ou projeta, e as autoridades constituídas da época devem ser as primeiras interessadas que tudo ocorra dentro da normalidade possível. Em especial na área da segurança, o que passa por investigar a fundo cada episódio que apresente potencial de tirar as coisas do rumo, inclusive na perspectiva de esclarecer o peso político de cada um deles.
O bom senso recomendaria calma e paciência para que tudo fosse apurado no seu ritmo certo, sem pressa e sem pré-julgamentos. De minha parte, por exemplo, costumo esperar por um pouco mais de informações antes de ter conclusões mais claras nas situações de violência que têm jornalistas ou profissionais de comunicação em geral como vítimas, não necessariamente fatais. Ou seja, a hipótese de a situação eventualmente não ter relação direta com uma atividade laboral ou política precisa sim ser considerada, não há erro ou dolo nisso.
O que acontece é que o governo estadual demonstra-se muito protocolar, cuidadoso além do extremo, numa situação que exigiria mais atitude e atenção da parte dele. Não é trivial que no curto período de apenas 12 dias, três eventos criminosos resultantes de violência contra políticos - incluída a morte violenta do vereador de Camocim, César Veras - tenham acontecido em áreas diferentes do Ceará. Considerar a perspectiva de nada ter a ver com a atividade política das vítimas, para mim, torna ainda mais necessário que as investigações tenham celeridade e apontem suas conclusões o mais cedo possível.
Até porque, este é outro lado ruim da história, já se começa a tentar juntar peças que ninguém pode ter certeza se faz sentido colocá-las agora uma ao lado das outras, para, por exemplo, ressaltar que os dois casos mais recentes envolvem políticos que fazem oposição local aos prefeitos. E, ao governo do Ceará no plano estadual. É só ver as redes sociais do André Fernandes já citado acima, onde a pressa em apontar o dedo em direção aos culpados até encobre uma ação mais solidária pela perda de um companheiro de luta, correligionário certamente, que deveria prevalecer antes de qualquer esforço de justiçamento político. Ou, se quiserem, de mero oportunismo.
Leia também o editorial: Morte de políticos precisa de investigação rigorosa
O que era previsto vai acontecendo na prática e a tendência é que se acentue à medida em que a campanha pela prefeitura de Fortaleza avance na sua fase oficial: a gestão José Sarto (PDT) será chamada a pagar a conta da decisão tomada em 2022 de implantar a tarifa do lixo na cidade. Todos os candidatos de oposição já apresentam como mote de partida o compromisso de, eleito, extinguir a cobrança. Conversei com gente da estrutura do entorno de Sarto, no projeto de reeleição que deverá liderar, e ouvi que está tudo mundo muito tranquilo quanto a isso. Acredita-se que explicitado o fato de os mais pobres estarem isentos, como a campanha acredita ser possível fazer, o tema não será objeto de desgaste.
Enquanto isso, o presidente da Câmara de Vereadores, Gardel Rolim (PDT) se fortalece mais na estratégia de reeleição de José Sarto à medida em que o tempo passa. A jogada pró-prefeito da semana, previsível mas eficiente, foi a decisão de abrir um pacote de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) na Casa - de Transportes por Aplicativo, Cagece e da Enel -, para barrar uma investigação que a oposição armava para apurar uma história de venda de terrenos públicos a preços ínfimos na cidade e que parecia ter como alvo a atual gestão. É que não pode haver mais de três CPIs funcionando ao mesmo tempo e, sabemos todos, há uma ideia de como tais investigações começam, mas como terminam parece sempre impossível prever.
Muito comemorada pelo staff e os articuladores da pré-campanha de Fernando Santana em Juazeiro do Norte a adesão, oficializada na semana, de Gilmar Bender ao projeto do petista de conquistar a prefeitura do importante e estratégico município. A ideia, inclusive, é que seja indicada para vice a filha dele, Bruna Bender, presente ao ato de adesão, realizado em Fortaleza. Nas conversas de que participa, justificando o fato de ter deixado o lado do atual prefeito Gledson Bezerra (Podemos), o poderoso empresário diz que está onde sempre esteve, inclusive anunciando-se eleitor do presidente Lula.
A deputada federal petista Luizianne Lins, que é professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), é esperada em reunião amanhã, às 16 horas, do comando unificado de greve, em Fortaleza. Havia um certo incômodo com o distanciamento público que a parlamentar mantinha do movimento, inclusive pelo ponto em que ela não se identifica como, exatamente, uma aliada do ministro Camilo Santana mesmo sendo ele seu correligionário. É que o quadro complexo exige mesmo uma compreensão mais cuidadosa, considerando que Luizianne é governo e precisa compatibilizar interesses, por mais que defender o ministro em questão não esteja entre suas prioridades. Antes muito pelo contrário.
Muita gente impressionada com a força que demonstrou o empresário Chiquinho Feitosa ao organizar uma reunião em sua fazenda, de Tauá, para apresentar os pré-candidatos do Republicanos em 2024. Levou gente grande até lá, começando pelo governador Elmano de Freitas, e mostrou que o caminho que pode levar a uma pré-candidatura ao Senado está sendo muito bem pavimentado. Para se ter uma ideia, conforme disse ele aos presentes à tal reunião que organizou, o plano é eleger pelo menos 30 prefeitos Ceará afora. No caso de Fortaleza, a prancheta prevê cinco vereadores, apostando-se que Ronaldo Martins (aqui considerada também a força da Igreja Universal) sairá das urnas como o mais votado. É ver o que acontecerá na realidade.
Voz na política que sempre se colocou ao lado das Forças Armadas, desde quando parlamentar, Jair Bolsonaro está diante de uma chance de fortalecer sua posição histórica. É cruel, como chegou a definir o general Tomás Paiva, atual comandante do Exército, o volume de fake news que objetivam desmerecer o árduo trabalho que está sendo feito pelos militares no Rio Grande do Sul na assistência emergencial às vítimas das inundações. As redes sociais bolsonaristas são as maiores propagadoras das tais peças e uma palavra esclarecedora do seu líder ajudaria a recolocar as coisas no lugar, duvidando-se, porém, que seja intenção do ex-presidente fazer isso. Recolocar as coisas no lugar, no caso.
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