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Roberto Cláudio, um nome que estará na urna
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Roberto Cláudio, um nome que estará na urna

Refeito da pancada eleitoral dupla do ano passado, quando apadrinhou a fracassada tentativa de reeleição de José Sarto em Fortaleza e logo depois ao abraçar o derrotado André Fernandes (PL) no segundo turno, RC apresenta-se motivado para os próximos desafios
Roberto Cláudio apoiou André Fernandes no segundo turno em Fortaleza (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Roberto Cláudio apoiou André Fernandes no segundo turno em Fortaleza

Há alguns personagens cujos passos precisam ser acompanhados com atenção desde agora porque eles apontam para onde caminham as correntes e grupos aos quais estão ligados. É o caso do ex-prefeito Roberto Cláudio, nome que estará na urna em 2026, não existe dúvida quanto a isso, restando saber em qual posição e brigando por qual cargo. Aliás, sequer está definido a essa altura se no bloco majoritário ou na área onde se dará a disputa proporcional.

Refeito da pancada eleitoral dupla do ano passado, quando apadrinhou a fracassada tentativa de reeleição de José Sarto em Fortaleza e logo depois ao abraçar o derrotado André Fernandes (PL) no segundo turno, RC apresenta-se motivado para os próximos desafios. Tem, por exemplo, sido voz ativa nas conversas trocadas entre forças políticas diversas que se organizam em torno de uma frente de oposição estadual. O ex-adversário Capitão Wagner é um interlocutor frequente, assim como o ex-senador Tasso Jereissati e, até, lideranças dispersas do bolsonarismo fazem parte do esforço de busca por uma composição ampla e fortalecida.

Não existe ainda um grupo organizado e nem é certo que aquela aliança formada em Fortaleza em 2024, na segunda etapa eleitoral, se repetirá para o próximo ano. No entanto, gente próxima ao ex-prefeito assegura que as prosas políticas têm sido animadoras e proveitosas, gerando um sentimento de que o objetivo comum de quebrar a hegemonia que hoje controla o poder no Ceará deve levar à formação de um palanque competitivo. Considera-se assegurado, a essa altura, no mínimo um acerto para um 2º turno, caso ele aconteça.

Por enquanto, tudo se dá sem a necessidade de busca de um novo abrigo partidário. Ainda presidente da executiva municipal de Fortaleza, Roberto Cláudio participa das conversas na condição de filiado e liderança importante do PDT, mesmo que a direção estadual mantenha uma linha de aproximação com os petistas, locais e nacionais. O ex-prefeito tem dito que André Figueiredo segue merecedor de sua confiança e apreço; por outro lado, o próprio deputado federal aceita as movimentações dele como reconhecimento à influência política que ainda exerce sobre uma parcela importante do partido.

A ação firme no rumo oposicionista abre poucas brechas para isso, mas a coluna teve oportunidade de perguntar a pelo menos duas fontes que participam das conversas internas, de ambos os lados, se existem chances de uma reaproximação com o grupo governista, ao qual RC foi ligado boa parte dos últimos anos. "Não vejo", disse um dos consultados; "não, nenhuma", assegurou o outro.

Os ex-aliados, atuais adversários, consideram intransponível, hoje, o muro de ressentimento que se construiu em torno dele a partir do episódio de 2022, quando decidiu manter a candidatura ao governo do Ceará, mesmo diante dos sinais claros de que haveria um racha no bloco. E, em especial, pelo fato de ter sido derrotado já no primeiro turno pelo petista Elmano de Freitas.

Além disso, aponta-se uma razão extra para entender como impossível qualquer perspectiva de uma reaglutinação dos ex-aliados a curto prazo: a enorme influência que o irmão Prisco Viana, suplente de senador de Cid Gomes, por sinal - exerceria sobre Roberto Cláudio. Esta, uma parte mais complexa da história, talvez merecedora de uma análise própria que, se for o caso, faremos oportunamente.

0902gualter.jpg(Foto: carlus campos)
Foto: carlus campos 0902gualter.jpg

Teu passado te condena

A lei da Ficha Limpa está sob ataque e não se trata de um movimento dissimulado, que acontece nos bastidores etc, prática comum quando se imagina que pode haver uma reação contrária. Dois deputados federais do PL, Hélio Lopes (RJ) e Bibo Nunes (RS) são autores de projetos que buscam atenuar o rigor das penas que ela prevê, sem esconder o objetivo casuístico de beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e viabilizar uma candidatura dele já para 2026. O próprio Bolsonaro diz, hoje, que ela existe para "prejudicar os políticos de direita", mesmo admitindo que lá atrás votou pela sua aprovação. Tá na hora do silente senador e ex-juiz Sergio Moro (Podemos-PR) sair em defesa da lei, como fazia sempre que qualquer palavra crítica lhe era endereçada nos bons tempos de paladino da moralidade e da justiça. A política parece lhe ter feito mal.

Quem poderá se defender?

Duas coisas chamam atenção no que tem sido a marca dos primeiros dias de Evandro Leitão (PT) como prefeito de Fortaleza. De um lado, o quadro que diz ter herdado nas finanças e na gestão como um todo, expondo um ambiente de bagunça e desordem que chega a espantar diante da imagem que até então se tinha. De outro, a não resposta, ou seja, a inexistência de aliados ou ex-aliados de José Sarto dispostos a defender o seu legado. Quando muito, alguém aparece tentando defender sua própria imagem e as ações que têm sua própria assinatura.

O mais puro estilo Cid

Filiação de 9 deputados ao PSB, com presença de Geraldo Alckmin.    (foto: Fabio Lima/ OPOVO)(Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Filiação de 9 deputados ao PSB, com presença de Geraldo Alckmin. (foto: Fabio Lima/ OPOVO)

O senador Cid Gomes (PSB) praticou nos últimos 15 dias, pelo menos, o esporte que parece mais lhe divertir: espalhou dúvida para todos os lados nos meios políticos locais, apareceu com a novidade de provável candidatura à Câmara Federal, confirmou que não quer disputar reeleição, negou estar de olho na volta ao Abolição, escalou-se com Elmano de Freitas para coordenar sua campanha à reeleição, realizou o barulhento ato de filiação em bloco de deputados ao seu partido… Enfim, colocou-se no centro das atenções e, claro, evidenciou que o processo eleitoral não tem como avançar sem que passe por ele.

Procura-se o procurado

Por falar no PSB, nem só de festa se vive. É preciso dar resposta aos problemas que ficaram do ano eleitoral de 2024, com pelo menos dois prefeitos submetidos a investigações, um preso e o outro ainda foragido. O prometido é que a comissão de ética defina na segunda-feira o calendário para ouvir os acusados Braguinha (Santa Quitéria) e Bebeto Queiroz (Choró), sendo este último caso mais difícil já que nem às autoridades ele se apresentou até hoje. Aliás, o deputado federal Danilo Forte (União Brasil) reclama da incapacidade da polícia de fazer a prisão, denunciando que tem recebido informações da passagem do prefeito por várias localidades, inclusive deixando um rastro de ameaças atrás de si.

Grande é a crise

O partido é numericamente pequeno, com poucas cadeiras nos parlamentos e uma quantidade baixa de prefeituras sob seu comando, nenhum governo estadual, mas a crise no Psol é grande. Local e nacional, devido à crescente insatisfação de correntes internas com o que se considera "adesismo" das cúpulas às gestões petistas. Por enquanto, não chamem o presidente da executiva cearense Técio Nunes e o deputado estadual Renato Roseno para o mesmo ato político. Não há pauta comum para eles no momento.

 

Foto do Guálter George

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