
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
É difícil apontar que seja uma estratégia já com resultados concretos, responsável diretamente por alguma melhoria na imagem do governo junto à opinião pública, mas, em relação ao debate político, parece notória a mudança representada pela entrada de Chagas Vieira na Casa Civil. Ressalte-se, de saída, que o perfil fechado e ausente do antecessor Max Quintino, deslocado para o Porto do Pecém, ajuda a acentuar o choque que a substituição envolveu.
Mesmo que não seja ainda mensurável, fontes ligadas ao governo e à sua base política de apoio, consultadas pela coluna, disseram não ter dúvida de que o quadro atual demonstra-se mais confortável. Antes, apontou uma delas, o Palácio da Abolição era lento demais nas respostas aos ataques da oposição quase diários, nas situações em que fazia algo, obrigando os apoiadores a reagirem de maneira meio desorganizada, na base do cada um por si, sem uma estratégia clara que indicasse onde se queria chegar. O cenário mudou e a postura ativa do Casa Civil, continuou ele, é muito responsável por isso.
O fato é que o novo contexto implantou um ritmo de bateu-levou onde as respostas chegam logo depois dos ataques oposicionistas, quase em tempo real. A temática da segurança pública, pelo peso que apresenta no debate político do momento, concentra a maior parte dos eventos de trocação que registram como antagonistas frequentes figuras como Capitão Wagner e Roberto Cláudio, até muitas vezes deixando no vácuo figuras ligadas ao bolsonarismo raiz, mas as áreas de saúde e economia também costumam animar as brigas. O ritmo será esse até o final do governo, com uma eleição no meio, e Chagas Vieira cumpre um papel importante de preservação do governador Elmano de Freitas, ocupando no ringue político o espaço que os adversários reservaram para ele.
Pesquisas internas circulam de mão em mão, orientam alguma coisa do que é dito ou feito, embora se saiba que são números que apontam um retrato de momento sem efeito concreto sobre o humor geral das pessoas na medida em que não são publicizados. A questão fundamental, que preocupa já agora os que pensam as coisas estrategicamente pelo governo, diz respeito ao quadro que estará desenhado quando os números ganharem as ruas de verdade. No caso do oficialismo, para além do que fazem ou deixam de fazer os atores locais, a equação idealizada projeta uma gestão federal em melhores condições do que as que apresenta hoje em termos de apoio popular.
O cuidado que a situação exige, com suas delicadezas, é que o protagonismo do titular da Casa Civil não acabe eclipsando o chefe do Governo, ao invés de somente protegê-lo. É uma dosimetria política que está considerada, tem sido observada em cada movimento, mas as coisas nem sempre são controláveis por completo nesse ambiente instável do debate público. Por isso, talvez, entenda-se como necessário que outros atores políticos influentes se somem a Chagas Vieira no embate com uma oposição forte, feroz e realmente disposta, hoje, a tirar do poder um grupo que dita as regras no Ceará há quase duas décadas.
Campeã da Série Ouro no Carnaval do Rio de Janeiro, uma espécie de segunda divisão nas escolas de samba, a Acadêmicos de Niterói levou para a Sapucaí, como enredo, o São João de Maracanaú, identificado na abordagem da agremiação como uma das maiores festas populares do País. Por isso, conseguiu uma ajuda de R$ 600 mil da gestão de Roberto Pessoa (União Brasil), que, na mensagem encaminhada à Câmara, e aprovada pelos vereadores, prevê mais R$ 120 mil para agremiação caso traga parte dos seus componentes para uma apresentação especial na próxima edição da festa, que acontece em junho próximo e se estende por quase todo o mês. Poderá ser interessante, caso aconteça, o cruzamento do samba com o forró.
A alardeada, pelos governistas, redução no número de roubos e furtos no Carnaval deste 2025 no Ceará, com quedas de até 45% nos registros feitos pelas vítimas, mostra o tamanho do desafio colocado para as autoridades. São números objetivos, difíceis de contestar, inclusive porque a base é a mesma de períodos anteriores confrontados, mas, no frigir dos ovos, prevalece a sensação de que as coisas pareceram piores do que em outros tempos. O pessoal interessado em tocar o terror e dizer que o quadro é comparativamente ruim continua prevalecendo, mesmo quando as estatísticas disponíveis indicam o contrário. Assim é o mundo novo, cabe a quem governa se adequar a ele.
Como costuma ser no PT, com suas brigas e confusões internas, o processo eleitoral prestes a ser deslanchado para escolha do novo presidente estadual arrisca sair do controle numa hora delicada. O prefeito de Itapipoca, Felipe Pinheiro, movimenta-se como candidato, conquista alguns apoios importantes para a política partidária intestina, mas, ao mesmo tempo, também já motiva algumas reações negativas. Quem já disse de público que está preocupado com a situação foi o deputado De Assis Diniz, hoje uma voz ouvida e com relativa influência, alertando para a necessidade de se buscar um nome que realmente una os petistas. O desafio para o qual aponta 2026 não permite perder tempo com disputas evitáveis, advertiu ele. Com razão.
A coisa pode ficar feia na Argentina, diante do anúncio de algumas torcidas organizadas de clubes populares de futebol de sairam às ruas, a partir de agora. É que aposentados e aposentadas têm sido duramente repreendidos pela polícia em manifestações contra a política econômica do governo Milei que realizam toda quinta-feira. Em geral, atos que acabam com pancadaria porque a ordem é impedir qualquer tipo de bloqueio nas vias publicas, independente da idade de quem tente fazê-lo. Há uma grande expectativa para o próximo evento diante da decisão tomada pelas organizações de torcedores, sob alegação comum dos seus líderes de que se cansaram de ver seus avôs e suas avós apanhando.
Nos próximos quatro domingos vivenciarei o privilégio pessoal raro de guardar comigo as opiniões que tenho sobre a política e os políticos. Traduzindo: entro de férias a partir de amanhã (10/3) e volto no começo de abril. Espero que ainda tenha uma democracia de pé para analisar quando a volta acontecer. Até lá!
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