
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
A relação entre Camilo Santana e Cid Gomes já viveu dias melhores. É fato. Porém, projeta-se como difícil que os dois estejam em palanques diferentes nas eleições do próximo ano, hipótese que se começa a cogitar, animadamente, entre aqueles que apostam na divisão como meio de pavimentação do caminho que pode levar à derrota do grupo que hoje manda na política do Ceará.
Menos por afinidade absoluta entre os dois líderes e mais por um cálculo político e eleitoral que Cid Gomes, em especial, precisa fazer. A estrutura montada em torno de sua figura, com a expressiva legião de parlamentares e prefeitos que a integra, vincula-se ao poder já disponível ou à perspectiva de conquistá-lo. Ou seja, abrir mão agora de uma aliança com o governo Elmano de Freitas - com o grupo de Camilo, portanto - lhe imporia a necessidade de disputar o apoio dessas lideranças sem ter o controle, total ou parcial, de uma máquina administrativa. Há dúvidas se ele está preparado para isso.
De outra parte, fazer um movimento pela oposição, gerando a tal perspectiva de poder, ofereceria ao senador do PSB um espaço de coadjuvante, praticamente. Considerada a frente que está em formação e que reúne nomes que até outro dia pareciam incapazes de uma troca básica de cumprimentos, protocolar que fosse.
As falas de Cid, públicas e reservadas, acerca das conversas frequentes dos últimos tempos que envolvem gente como Roberto Cláudio, Capitão Wagner, André Fernandes e até seu irmão, Ciro, indicam ser muito pouco possível qualquer gesto seu de aproximação em nome de um interesse comum, se existisse, de impedir a reeleição de Elmano, até pelo fato de o espaço das lideranças com voz de comando no bloco oposicionista já estar suficientemente ocupado. Papel secundário, no âmbito da política local, faz tempo que ele não se dispõe a abraçar.
O que aconteceu em 2022 segue muito vivo na memória de Cid, que pensava tirar proveito da confusão que se criou com as candidaturas de Elmano de Freitas e Roberto Cláudio, saídas de dentro da base de então como efeito de um processo mal conduzido, internamente. O desenho que ele projetou, antes de se recolher à Serra de Meruoca em plena campanha, previa uma volta triunfal como responsável pelo reagrupamento dos aliados para um segundo turno que acabou não acontecendo. O petista, lembremos, ganhou logo na primeira volta, resultado que elevou Camilo Santana, seu padrinho principal, a um patamar novo na política cearense.
Cid, portanto, vive uma situação meio paradoxal. É fator de equilíbrio quase decisivo na aliança governista cearense, pelo tamanho do bloco de lideranças que tende a seguir sua orientação, mas, por outro lado, está meio sem alternativa fora da possibilidade de apoiar a reeleição de Elmano de Freitas, com o qual até já se comprometeu de público.
Há quem buzine no seu calejado ouvido político que ele pode bagunçar a coisa se lançando candidato ao governo, como uma espécie de via alternativa à polarização que tende a prevalecer também no cenário local das eleições de 2026, tendo de um lado um nome do petismo e do outro alguém que represente o bolsonarismo. Sem os votos ideológicos da direita, sem os cargos e benesses do governo estadual para respaldar promessas e ofertas, precisando disputar prefeitos e deputados sem dispor de uma máquina administrativa para chamar de sua? Esqueçam!
Saiu mais uma estatística de aparência positiva sobre os nossos trágicos números de homicídios no Ceará. Os dados fechados de maio de 2025, comparados ao mesmo período do ano passado, indicam uma queda de 15,5% na quantidade acumulada de mortes violentas em território cearense. Algo como 8,1 homicídios por dia, nível insuportável e que deve inibir qualquer intenção de vozes oficiais de comemorarem os dados. Cuidado, aliás, que teve o secretário Roberto Sá, apenas sugerindo que a sensação de segurança está dando sinais de melhora. Acontece que para alcançarmos o estágio ideal ainda há muito por melhorar.
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A festa de Santo Antônio, em Barbalha, que teve seu ápice político no fim de semana passado e se estende ainda até o dia 13 próximo, meio que antecipou o clima que viveremos no Ceará daqui a pouco. Em dado momento cruzava-se o tempo todo nos cafés e elevadores de um importante hotel de Juazeiro do Norte no qual estavam todos hospedados, gente importante do governo (a partir de Elmano de Freitas e Camilo Santana) e figuras influentes da oposição (incluído Roberto Cláudio e o prefeito local Glêdson Bezerra). Alguns destas situações resultavam em cumprimentos marcados pelo protocolo, outras pelo constrangimento.
Aposta-se, no Paço Municipal, em resultados futuros importantes do trabalho, por enquanto silencioso, desenvolvido pela assessoria internacional montada por Evandro Leitão e tocada pelo professor Bosco Monte. Há coisa importante sendo costurada com os Emirados Árabes, por exemplo, onde o prefeito esteve recentemente e foi recebido por figuras do alto escalão do poder local. Os contatos seguiram e há novos passos em vista, segundo o Coordenador Especial para Assuntos Internacionais (cargo equivalente a uma secretaria), que olha com especial atenção para o potencial da África, continente que conhece como poucos no Brasil e que pensa em colocar no mapa das possibilidades de novos negócios.
Ex-ministro das Comunicações, o deputado federal cearense André Figueiredo (PDT) tenta mobilizar a comunidade científica cearense e os políticos para que as empresas locais tenham mais acesso aos benefícios da Lei de Informática. Inclusive porque o nosso Estado tem o segundo maior número de projetos apresentados no plano nacional e, em relação ao acesso aos fundos de financiamento, posiciona-se apenas em 7º. O pedetista entende que somente uma mobilização pode melhorar o quadro, aproximando mais os números, e até realizou evento na semana em Fortaleza. Adesão foi boa, mas poderia ser maior.
A burocracia dos partidos precisa estar atento a um aviso que o TSE intensificou nos últimos dias: acaba dia 30 próximo o prazo para que eles apresentem suas prestações de contas acerca do exercício de 2024, uma obrigação que a lei impõe a todos e que muitos andam negligenciando. Há reconhecidos abusos e o volume total de dinheiro público envolvido supera bem a casa do bilhão de reais, o que justifica cuidados para saber se o uso está em linha com os limites definidos com clareza. Quem não quer ter problema com a justiça, para depois ter que ficar falando em ditadura, perseguição etc como estratégia de defesa, que cuide de fazer sua parte. É bem simples.
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