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Cid Gomes calcula os passos rumo a 2026
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Cid Gomes calcula os passos rumo a 2026

Para o próximo ano, os passos de Cid Gomes ainda parecem meio confusos, talvez como efeito de uma disposição anunciada de começar uma retirada da cena política. Agora, não se deve confundir o fato de não ser candidato com a possibilidade de estar ausente do processo político
Guálter George: Cid Gomes calcula os passos rumo a 2026 (Foto: CARLUS CAMPOS)
Foto: CARLUS CAMPOS Guálter George: Cid Gomes calcula os passos rumo a 2026

Faz algum tempo que a política do Ceará meio que se move no ritmo que deseja Cid Ferreira Gomes, hoje senador da República, desde quando, cerca de 20 anos atrás, ele assumiu o governo e passou a liderar um grupo expressivo de lideranças. Para 2026 os passos dele ainda parecem meio confusos, talvez como efeito de uma disposição anunciada de começar uma retirada da cena política, inicialmente deixando de ser candidato e resistindo às pressões para tentar uma reeleição. Há sinceridade na sua recusa de oferecer o nome à disputa e os sinais de que parece cansado demonstram-se evidentes.

O que Cid tem dito a cada conversa da qual participa, e elas têm sido muitas, é que não se deve confundir o fato de não ser candidato com a possibilidade de estar ausente do processo político. Até parece possível que a situação lhe dê liberdade para agir com mais intensidade e ênfase em favor dos nomes que escolher apoiar nas várias disputas que acontecerão ano que vem, proporcionais e majoritárias. Por isso, também, é que suas falas são cheias de recados e mensagens que somente o tempo ajudará a decifrar.

O ambiente amistoso e pouco crítico que encontra nas emissoras do Interior, em geral controladas por políticos amigos, ajuda no cálculo justo que faz sobre os efeitos de cada palavra. No Palácio da Abolição, onde seus passos são monitorados com respeitosa atenção, a avaliação que prevalece hoje é de que segue muito baixo o risco de perda de um aliado fundamental para os planos de reeleição de Elmano de Freitas, esteja ele ou não no palanque como candidato.

O governismo comemorou, na repercussão interna das falas públicas mais recentes de Cid Gomes, seu posicionamento mais enfático de resistência quase definitiva à ideia de seguir o irmão, Ciro, numa aliança com os oposicionistas. "Mudar para ter uma condição diferente, tudo bem; mas mudar para se juntar ao que sempre colocamos como gente que tem feito mal ao Ceará? Para mim, não faz sentido, me perdoe", disse ele, que não se vê fazendo campanha ao lado de Capitão Wagner e do deputado federal André Fernandes, que faz questão de nominalmente citar como empecilhos a qualquer aproximação de sua parte.

Há um componente a ser administrado pelo político, no aspecto pessoal, que é o alinhamento à oposição do irmão, Ciro Gomes, com tudo que isso representa em termos de elevação da temperatura. Pode-se dizer a essa altura que acompanhá-lo no mesmo rumo está fora da questão e exigiria uma situação excepcional para acontecer, mas a forma emocionada como Cid segue se referindo a ele, apesar de os dois não terem hoje qualquer relacionamento pessoal, indica que estar em campos contrários lhe custará algum sofrimento íntimo.

Certo é que o enigmático comportamento do senador do PSB precisará ser acompanhado mais de perto porque tem sempre pontas a serem ajustadas. Quando ele fala, e tem feito isso com alguma insistência, que também há incômodos com a aliança da qual faz parte hoje, reclama de um assédio petista a filiados de outros partidos etc, acende-se uma luz amarela na articulação governista pelo entendimento de que a equação vitoriosa para 2026 inclui no cálculo, necessariamente, a presença do ex-governador no palanque. Esteja ou não seu barulhento irmão do outro lado do ringue eleitoral.

 

 

Para onde vão os votos

Evandro Leitão, que teve 113 mil votos nas eleições de 2022, como candidato a deputado estadual, já organiza a distribuição do seu capital político-eleitoral entre aliados próximos. Parece arquivado o plano que chegou a circular de lançar alguém próximo, da família em especial, e o prefeito petista trabalhará para ajudar a eleger, visando Assembleia e Câmara Federal, um número mais amplo de aliados pela transferência de votos do seu eleitorado mais fiel e também pela nova perspectiva de influência que assume diante do cargo que hoje ocupa.

Candidato a candidato

Na linha da observação, por exemplo, tem chamado atenção a onipresença do Coronel André Barbosa, secretário de Relações Comunitárias, ao lado de Leitão em praticamente todas as agendas que ele cumpre na periferia de Fortaleza. Parte de suas obrigações, claro, mas a tendência é que mesmo uma coisa leve à outra e a situação leve a uma candidatura do assessore atual à Assembleia. Ele já começa a sorrir para a ideia.

A marca de um deputado

A atividade parlamentar está entusiasmando ao humorista e influencer Léo Suricate, que ocupa cadeira do Psol na Assembleia enquanto Renato Roseno se recupera de uma cirurgia. Mesmo neófito, ainda tentando entender como as coisas funcionam no ambiente legislativo, ele marcou um gol político ao conseguir assinaturas suficientes para apresentar uma Proposta de Emenda Constitucional que daqui a pouco começa a tramitar. Trata do ambiente digital, criando uma política pública agressiva no Ceará para garantir acessibilidade da população à internet, especialmente em áreas mais carentes de nossas cidades. É um feito dele porque há gente que acumula mandatos ali e nunca conseguiu emplacar uma PEC para chamar de sua.

Do Piauí para o mundo

Em pouco mais de três anos como governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT) já acumula 24 viagens internacionais e acaba de conseguir autorização da Assembleia para registrar a 25ª carimbada no passaporte desde a posse. Estará, entre 5 e 13 deste mês de setembro, na China e na Alemanha para, segundo o pedido analisado pelos deputados locais, discutir possibilidades de investimento em infra-estrutura, educação e energia limpa. A oposição, clara, critica, fala em turismo etc, mas o fato é que cresceu bastante a presença internacional na economia piauiense, o que pode demonstrar que há resultados concretos da agenda do governador mundo afora para além de um mero interesse turístico ou dos memes divertidos que possibilita.

O exemplo (?) de Milei

Javier Milei é, no discurso recorrente de Tarcísio Freitas, governador de São Paulo que pode ser candidato à presidência da República no ano que vem, a melhor referência de bom gestor e de boa gestão. Pois bem, a situação dele na Argentina anda complicada nos últimos dias com aparecimento de áudios nos quais um importante assessor, já devidamente demitido, aparece falando em práticas corruptas no governo e de propinas de 8% em compras a laboratórios de saúde para políticas públicas de atenção a pessoas com deficiência. Dois problemas: 1) Diego Spagnuolo, o ex-assessor, era uma das pessoas mais próximas a Milei na equipe; 2) a irmã de Milei, Karina, foi citada como uma das beneficiárias com os pagamentos. Tarcísio talvez precise buscar outro bom exemplo para ancorar seu discurso.

 

HORIZONTAIS

Júnior Mano, para quem está interessado em saber, toca seu projeto de candidatura ao Senado para 2026 como se nada tivesse acontecido para atrapalhá-lo. No caso, investigações da Polícia Federal sobre desvio de recursos públicos que envolvem seu nome.

Pelo contrário, seu escritório político em Fortaleza continua registrando grande movimentação de políticos. O deputado federal do PSB se vale da manutenção de apoio à sua candidatura da parte do principal fiador dela, Cid Gomes.

 

Chiquinho Feitosa, do Republicanos, é outro que toca sua agenda com a certeza de que será um dos nomes da chapa majoritária governista cearense, ocupando uma das duas vagas em disputa para o Senado Federal.

Na semana, demonstrou força em Brasília ao organizar recepção na sua casa da qual participou gente de peso da política, incluindo o ministro Camilo Santana e o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara Federal.

 

Oscar Rodrigues, prefeito de Sobral, o deputado federal Moses Rodrigues, e o grupo dos Ferreira Gomes estariam em movimento de aproximação após anos de uma briga renhida pelo controle político do município?

A dúvida foi encaminhada a uma fonte acreditada, que conhece bem os humores políticos sobralenses, mais ainda as entranhas da poderosa família derrotada pelos Rodrigues nas eleições de 2024, e a resposta veio sucinta e definitiva: "jogo de cena!" Nada mais foi perguntado.

 

 

Foto do Guálter George

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