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Alexandre, o Grande
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Guilherme Gonsalves escreve sobre política cearense com foco nas atuações Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) e Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), mostrando os seus bastidores desdobramentos no jogo político e da vida do cidadão. Repórter de Política do O POVO, setorista do Poder Legislativo, comentarista e analista. Participou do programa Novos Talentos passando pelas editorias de Audiência e Distribuição e Economia, além de Política. Também escreve sobre cinema para o Vida&Arte

Alexandre, o Grande

O ministro do STF venceu embate entre o homem mais rico e o mais poderoso do mundo, de um lado, e o relator das ações que prenderam dois ex-presidentes do Brasil do outro
Tipo Opinião
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ALEXANDRE de Moraes, ministro do STF (Foto: Sergio Lima / AFP)
Foto: Sergio Lima / AFP ALEXANDRE de Moraes, ministro do STF

Goste-se ou não, concorde ou discorde, o ano de 2025 tem como protagonista o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Nunca um juiz e magistrado de corte foi tão influente e importante. Os holofotes e reconhecimento do mundo estão sobre ele.

No dia 13 de dezembro de 1968, a ditadura militar instalou a sua medida mais dura contra a liberdade no Brasil com o Ato Institucional (AI) 5, dando o poder ao então presidente Artur da Costa e Silva para fechar o Congresso Nacional, suspender direitos políticos e realizar outras ações de censura e repressão. Neste mesmo dia do mesmo ano, nasceu Alexandre de Moraes.

Em 2025, o Brasil prendeu pela primeira vez generais por tentativa de golpe de Estado fracassada graças à força das instituições. Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto tramaram uma quebra da democracia com mortes e tomada dos poderes, que seria mais violenta do que foi em 1964, quando os militares tomaram o País de assalto.

"Eu não temeria um grupo de leões conduzido por uma ovelha, mas eu sempre temeria um rebanho de ovelhas conduzido por um leão" - Alexandre Magno

O relator desta ação é justamente Moraes. Referendada pela primeira turma do STF, a ação também julgou e condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão. Bolsonaro ameaçou por diversas vezes Alexandre durante o mandato. "Ou ele se enquadra ou ele sai", "deixa de ser canalha", "pede pra sair", dizia.

Moraes não saiu e quem foi enquadrado foi Bolsonaro. Em julgamento transmitido para todo o mundo, o ex-presidente ficou cara a cara com Moraes, mas não falou grosso, pediu desculpas pelas palavras. Confessou que tramou uma quebra das instituições por ter perdido a eleição e até chamou o magistrado para ser o vice dele em 2026. "Meu ministro", se referiu a ele.

Não foi só a prisão de um ex-presidente da República e de militares que tentaram novamente chegar ao poder sob ditadura, mas Alexandre também foi o relator da ação que condenou outro que presidiu o país, Fernando Collor de Mello, o caçador de Marajás.

Vinte e quatro anos após deixar a presidência, Collor foi condenado pelo STF a 8 anos e 10 meses de prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Moraes decretou a reclusão do político.

"Estamos mais sós quando estamos com os mitos" - Alexandre Magno

A situação de influência e holofotes do ministro escalonou de uma forma a ponto de ser alvo do homem mais rico do mundo, o empresário sul-africano Elon Musk, que tem uma fortuna estimada de US$ 483 bilhões.

Alexandre de Moraes foi alvo de críticas pelo magnata por suspender contas e conteúdos ilegais em plataformas digitais. O ministro inclusive ordenou que o X (antigo Twitter) saísse do ar se não cumprisse com as determinações brasileiras. A rede social passou meses fora do ar até que se adequasse a Justiça brasileira.

Por diversas vezes, Musk desafiou Moraes e fez menções abertas a ele, chegando a postar uma imagem feita com inteligência artificial do ministro preso. O magistrado nunca respondeu com palavras, mas incluiu Musk no inquérito de milícias digitais, por obstrução de Justiça e incitação ao crime e abuso de poder econômico. O X passou 40 dias fora até confirmar o cumprimento das decisões do STF.

Não foi só o homem mais rico do mundo. Alexandre também desafiou o homem mais poderoso do planeta, o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.

Os céus não podem tolerar dois sóis, nem a terra dois senhores" - Alexandre Magno

Em julho, Moraes foi sancionado com a lei Magnitsky, criada com o objetivo de punir violadores dos direitos humanos e ameaçadas mundiais. A decisão do governo americano foi justificado por "perseguição" do ministro no julgamento de Bolsonaro.

Alexandre concluiu a relatoria prendendo o ex-presidente e, na sexta-feira, 12, um dia antes do aniversário do ministro, Trump retirou a sanção a ele e à esposa Viviane Barci de Moraes. Em mais uma disputa ele saiu vencedor.

Nunca um ministro do STF brasileiro foi tão importante. Prender dois ex-presidentes da República, punir generais pela primeira vez por tentativa de golpe de Estado, peitar e vencer os homens mais rico e poderoso do mundo são atos que o consolidam como uma das figuras mais influentes e de destaque da história do país desde a redemocratização. Goste-se ou não, ele é corajoso e firme. Isso é reconhecido por seus algozes e os que o detestam. Ele foi posto sob diversas provas. Ele nunca recuou. E ele venceu.

"A grandeza não se conquista com conforto e complacência, mas sim superando desafios e ultrapassando os próprios limites" - Alexandre Magno

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