Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
A partir de agora, Bolsonaro é oficialmente suspeito. Ainda nesta quinta, 21, a PF deve remeter os autos do inquérito ao ministro Alexandre de Moraes, do STF
Até lá, porém, há longo caminho pela frente. O indiciamento é apenas a etapa que deflagra a investigação. Nela se constata que há indícios de autoria dos envolvidos e que a apuração deve prosseguir, aprofundando-se.
A partir de agora, Bolsonaro é oficialmente suspeito. Ainda nesta quinta, 21, a PF deve remeter os autos do inquérito ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Relator do caso, o magistrado encaminha então o conjunto probatório ao procurador-geral da República, a quem cabe arquivar, oferecer denúncia ou demandar mais investigações.
Na hipótese de denúncia, o STF pode aceitá-la ou não. Se a aceitar, Bolsonaro e outros implicados passam a réus, com a instauração de ação criminal.
O ex-presidente só pode ser condenado e preso depois de esgotados todos os recursos. Esse processo, portanto, deve naturalmente levar algum tempo – veja-se o caso do mensalão, que estourou em 2006, mas cujas ações penais só foram julgadas a partir de 2012.
Sob o ponto de vista estritamente político, contudo, o indiciamento produz efeitos imediatos para Bolsonaro.
O principal deles é torná-lo ainda mais tóxico, o que pode agudizar as brigas dentro do campo da direita pelo seu espólio eleitoral, favorecendo o surgimento de alternativas para 2026 e esvaziando a liderança do ex-mandatário.
Sem força e na iminência de se converter em réu, com o presidente do PL também arrastado para o olho do furacão, a tendência é de que caia no isolamento e se fragilize mais.
Outro reflexo é enterrar de vez qualquer possibilidade de aprovação de anistia no Congresso Nacional, seja para os golpistas do 8 de janeiro, seja para ele mesmo.
A terceira consequência é igualmente importante: a conclusão do inquérito pela PF traz novos elementos de compreensão do quadro, entre os quais sem dúvida se destaca o depoimento dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica responsabilizando Bolsonaro diretamente pela formulação e apresentação de um plano de golpe de estado.
Já não se trata de Mauro Cid ou de um auxiliar sobre cujas costas a culpa recairia convenientemente, mas do próprio chefe da República à época tramando contra as instituições.
A ligação de Bolsonaro com o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes l O POVO NEWS
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