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Elmano pode perder apoio do MDB em 2026
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Elmano pode perder apoio do MDB em 2026

Em conversa com a coluna, o presidente nacional emedebista, deputado federal Baleia Rossi, afirmou que "a prioridade do MDB nacionalmente é a pré-candidatura do nosso deputado Eunício ao Senado"
EUNÍCIO Oliveira está de olho no Senado (Foto: Jane de Araújo/Agência Senado)
Foto: Jane de Araújo/Agência Senado EUNÍCIO Oliveira está de olho no Senado

O governador Elmano de Freitas (PT) pode perder o apoio do MDB em 2026 caso a candidatura de Eunício Oliveira ao Senado não se viabilize pela chapa da base do chefe do Abolição. Em conversa com a coluna, o presidente nacional emedebista, deputado federal Baleia Rossi, afirmou que "a prioridade do MDB nacionalmente é a pré-candidatura do nosso deputado Eunício ao Senado". Mais: o dirigente declarou que "o diretório estadual do Ceará tem total liberdade para buscar a aliança que for mais oportuna para a eleição do nosso senador". Trocando em miúdos: o MDB pode eventualmente deixar o arco de sustentação de Elmano na hipótese de a principal demanda do partido (lançar Eunício a senador) acabar não sendo acolhida, seja porque o bloco do ministro Camilo Santana prefere manter Jade Romero (MDB) na vice, seja porque o número excessivo de interessados na cadeira de senador inviabilizaria o pleito do partido de Rossi. Nesse caso, valeria o que está dito pelo cacique nacional, isto é, a executiva local está desimpedida para levar adiante as costuras partidárias necessárias para assegurar o nome do hoje deputado federal ao Senado.

Eunício na oposição?

Nada impediria, então, que Eunício se alinhasse ao grupo de oposição a Elmano na corrida do ano que vem, certo? Pelo que disse o presidente do MDB, sim. É o que se entende por "buscar a aliança que for mais oportuna". Mas é de fato o que pode acontecer na próxima eleição? Aí são outros quinhentos. Afinal, Eunício costumava atribuir a Roberto Cláudio e a Ciro Gomes (PDT) a responsabilidade por sua derrota nas urnas em 2018, quando, por uma fração mínima de votos, deixou a reeleição para o Senado escapar ante a ofensiva de um desconhecido Eduardo Girão, à época surfando na onda bolsonarista. Logo, intui-se que não seria uma acomodação simples essa do deputado no campo adversário – ao menos não se se considerar que essa ala deverá apresentar um concorrente único ao Executivo, que seria inevitavelmente RC. Ocorre que a representação oposicionista pode recair sobre outro quadro – até de outro partido que não o União Brasil.

MDB acende a luz laranja

Embora haja dificuldades práticas para um entendimento entre Eunício e o bloco anti-PT no cenário de hoje no Ceará, especialmente por causa da péssima relação entre o emedebista e RC, é preciso admitir que o teor da declaração de Baleia Rossi adiciona pressão sobre Elmano e Camilo diante da tarefa de arbitrar a queda de braço interna pelas duas vagas para o Senado em 2026. A preço de agora, há duas ou três vezes mais interessados em concorrer do que assentos disponíveis. Dos cotados, dois alegam que sua postulação é prioridade nacional (José Guimarães, do PT, e Eunício, do MDB). Os demais (Chiquinho Feitosa e Luiz Gastão, por exemplo) encarnam forças na base "camilista" (Republicanos e PSD, respectivamente) dispostas a pleitear maior participação na chapa.

Bode na sala do governador

A isso se some o imbróglio em torno das recusas sistemáticas do senador Cid Gomes (PSB), cuja prerrogativa de recondução estaria garantida, mas que tem repetido aos quatro ventos que não é candidato a nada – em seu lugar, prefere indicar o deputado federal Júnior Mano, também do PSB. Trata-se, portanto, de nó difícil de desatar. É à luz disso que se deve tomar a fala do presidente emedebista. Ainda em entrevista à coluna, Rossi acrescentou que "nosso partido se fortaleceu muito com a vinda do Yuri do Paredão" e que "estamos com chapa forte tanto para federal quanto para estadual". Moral da história: o MDB não é legenda da qual se abra mão facilmente numa briga como a que se anuncia para 2026.

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