Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
De acordo com o deputado AJ Albuquerque, a direção da federação será resultado de um acordo entre as duas agremiações, sem imposição de ninguém
Foto: Agência Câmara
DEPUTADO federal AJ Albuquerque, presidente do PP no Ceará
O governismo no Ceará não recuou ainda dos planos de atrair o União Brasil para a base de sustentação de Elmano de Freitas (PT), que concorre à reeleição ano que vem. Segundo interlocutores, a ordem palaciana é fazer essa disputa por dentro da legenda, ou seja, mobilizando aliados tanto no União quanto no PP, sigla com a qual o partido de Capitão Wagner vai se federar em julho próximo, tão logo seja aprovado o estatuto comum da força política. Atual dirigente do PP no estado, o deputado federal Antônio José Albuquerque, conhecido como AJ, é um dos atores encarregados de levar adiante a estratégia do Abolição, estruturada por Elmano e pelo ministro Camilo Santana (Educação).
De acordo com o parlamentar, a direção da federação será resultado de um acordo entre as duas agremiações, sem imposição de ninguém. "Vai ser um nome que tenha a capacidade de unir e fortalecer nossa nominata de deputados", declarou AJ à coluna, acrescentando que "nestes dias deve sair o estatuto que vamos votar para aprovação nas duas bancadas".
Como se trata de processo dual, isto é, tanto no União quanto no PP, o deputado se movimenta para que sua voz tenha peso na decisão, impedindo que os termos do regimento partidário acabem por prejudicar os interesses da base. Já sobre quem deve presidir o "União Progressista", AJ foi reticente, mas assegurou que "quem já começa falando que o deputado que não seguir (a orientação da federação) deverá deixar o partido, mesmo antes de ter sido feito um estatuto e a própria federação, esse, na minha opinião, já está fora do jogo".
Queda de braço pelo blocão
A declaração de AJ tem destinatário certo: Capitão Wagner, que já chegou a sinalizar publicamente que o grupo União/PP estará situado no campo da oposição ao Governo do Estado, sem ressalva. A ala governista dentro do União, contudo, tem se articulado para tentar minar o desenho prévio dessa composição tal como pretende estabelecê-la tanto o ex-deputado federal quanto o ex-prefeito Roberto Cláudio, cotado para assumir os trabalhos da executiva do União Progressista no âmbito local.
Trata-se de um choque pré-eleitoral, às vezes silencioso, mas feito de deslocamentos que têm no horizonte o propósito aberto de desestabilizar os adversários, a exemplo do que se viu com o presidente da Assembleia, Romeu Aldigueri (PSB). Mesmo sem capital suficiente para definir quem de fato é candidato natural a deputado ou a senador, o parlamentar soprou (não casualmente, diga-se) o nome de Moses Rodrigues (União) para o Senado, menos para cortejá-lo do que para causar um embaraço do lado de lá.
Abolição via Sobral
Essa costura do "camilismo" via Sobral, porém, é difícil de se consumar na prática, especialmente porque também passa pelas mãos do prefeito Oscar Rodrigues (UB), desafeto do senador Cid Gomes (PSB) no município. Quando alça o deputado federal Moses a postulante "natural" ao Senado em 2026 numa chapa cujas vagas estão sendo disputadas a tapa (metaforicamente, ao menos por enquanto), então, Aldigueri empodera o grupo responsável por impor derrota aos Ferreira Gomes na cidade, administrada havia bastante tempo pelo clã. Logo, esses acenos sucessivos de governistas à família Rodrigues não devem ignorar, eu imagino, o passivo de entreveros entre Cid e Oscar e tudo que poderia significar para o ex-governador a eleição de Moses para o Senado.
Descanso
"Os Estados Unidos declararam guerra ao Irã. À tarde, natação" - eu escreveria se isto fosse um diário e não uma coluna. Saio de férias no momento em que o mundo parece caminhar inevitavelmente para um conflito global, mas tenho a impressão de que ou é agora ou nunca. Até a volta.
Política como cenário. Políticos como personagens. Jornalismo como palco. Na minha coluna tudo isso está em movimento. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.