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Governo briga por maioria na federação
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Governo briga por maioria na federação

A nova estratégia do grupo do ministro Camilo Santana (Educação) é construir maioria no colegiado dirigente da megaestrutura partidária
CAPITÃO Wagner, RC e Elmano: a disputa pela Federação (Foto: Monagem)
Foto: Monagem CAPITÃO Wagner, RC e Elmano: a disputa pela Federação

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A base do governo de Elmano de Freitas (PT) não desistiu de disputar por dentro os rumos da federação entre União Brasil e PP de olho nas eleições de 2026. A nova estratégia do grupo do ministro Camilo Santana (Educação) é construir maioria no colegiado dirigente da megaestrutura partidária, que contaria com sete membros, dos quais ao menos três seriam simpáticos ao Abolição: Fernanda Pessoa (UB), Antônio José Albuquerque (PP) e Zezinho Albuquerque (PP).

Do lado oposicionista, estariam Capitão Wagner (UB), a quem deve caber o comando da federação; Dayany Bittencourt (UB) e Danilo Forte (UB). Somando-se, são três votos contra três. O fiel da balança seria Moses Rodrigues (UB), deputado federal hoje cortejado por agentes palacianos e a quem tem sido oferecida uma vaga de senador na chapa governista - como a coluna já mostrou, contudo, a operação de costura com Moses passa por Sobral e pelo clã Ferreira Gomes, que está dividido em relação a uma composição com o perfeito Oscar Rodrigues (UB), pai de Moses.

De todo modo, a gestão petista no Ceará vem fazendo gestos de aproximação com o chefe do Executivo sobralense, a exemplo de possível liberação de recursos em volume e frequência maiores.

Federação tem "vacina"

À coluna, um nome do entorno de Capitão Wagner assegurou duas coisas, no entanto. Primeiro, que não há hipótese de a federação se bandear para o arco de sustentação do governador, ainda que quadros ligados a Elmano e Camilo se mantenham na força política.

Segundo, que nenhuma decisão sobre aliança eleitoral para o ano que vem será tomada no âmbito local, ou seja, pela executiva cearense, mas pela nacional, exatamente para evitar o tipo de pressão que o "camilismo" tem levado a cabo desde o ano passado, na tentativa de dificultar a consolidação desse bloco opositor à reeleição do petista.

Para essa liderança ouvida pela coluna, o grupo que se aglutinou em torno de Wagner, Roberto Cláudio (sem partido), Ciro Gomes (PDT) e Tasso Jereissati (PSDB) já tem vacina para as investidas do titular do MEC no tabuleiro.

"Blefes" do Abolição

Outro quadro de oposição foi além e disse que a aliança governista só tem blefado até agora sobre a federação. "Veja se existe alguma foto do Camilo ou do Elmano com o Rueda (presidente do UB) ou com o Ciro Nogueira (dirigente nacional do PP). Procure nas redes. Não tem. Eles só querem produzir factoide, estão blefando o tempo inteiro sobre a União Progressista para tentar atrapalhar as articulações, mas não vão conseguir", declarou, sob reserva.

De acordo com esse membro da ala anti-PT no Estado, o governismo minimiza o potencial da federação e até debocha da possibilidade de candidatura de Ciro ao Executivo estadual, mas no fundo seus integrantes estão receosos de que esse polo se efetive no CE.

Data de filiação de RC?

Ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio trabalha com uma data para o ato de filiação ao União Brasil: 15 de setembro. A intenção é agendar o encontro, sem mais adiamentos, inclusive para neutralizar os rumores sobre uma desistência de ingresso na superlegenda, previsto para julho e depois para agosto - agora, para meados deste mês.

O objetivo, claro, é também desencorajar os adversários de seguirem nesse plantio de informações sobre reviravoltas nos rumos do ex-gestor. RC pretende organizar o evento de assinatura da ficha do UB contando com a presença daquelas lideranças cuja agenda permitir. A dupla de Ciro (Nogueira e Gomes), por exemplo, é vital, mas há sempre algum embaraço no calendário.

Outros quadros sem os quais o palanque ficaria incompleto são Antônio Rueda e ACM Neto, vice-presidente nacional do UB. Caso não consiga unir o quarteto no estado, RC estuda fazer o evento com parte deles.

 

Foto do Henrique Araújo

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