Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
A articulação do governo e do ministro da Educação, Camilo Santana, que passa por Sobral e pela família Moses, vem enfrentando resistência dos Ferreira Gomes, notadamente do ex-prefeito Ivo Gomes (PSB) e da deputada licenciada e hoje secretária de Estado Lia Gomes (PSB)
Foto: Reprodução/Instagram
OS irmãos Cid Gomes e Lia Gomes
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A pouco mais de um ano da eleição, o bloco do governador Elmano de Freitas (PT) e do ministro Camilo Santana (Educação) tenta costurar um acordão que passa por Sobral e o grupo do prefeito Oscar Rodrigues (pai do deputado federal Moses Rodrigues), mas que vem enfrentando resistência dos Ferreira Gomes, notadamente do ex-prefeito Ivo Gomes (PSB) e da deputada licenciada e hoje secretária de Estado Lia Gomes (PSB).
Essa postura de uma ala do clã FG é importante porque colide frontalmente com um dos planos do "camilismo" para 2026, qual seja, amarrar a federação União Brasil/PP em Sobral e Maracanaú, onde o prefeito Roberto Pessoa (UB) já é considerado praticamente da base do Abolição. Faltava ainda, porém, uma conversa mais afinada com Oscar, eleito em 2024 depois de impor derrota amarga à então candidata Izolda Cela (PSB), que postulava a continuidade da administração de Ivo.
Nas últimas semanas, houve movimentos significativos tanto de Elmano com Oscar quanto de Camilo e Chagas Vieira (Casa Civil) com Moses - ao pai interessa consolidar liderança no município, ampliando recursos de olho na reeleição, e ao filho, a cadeira de concorrente ao Senado ano que vem.
Nos dois casos (fortalecer o prefeito e viabilizar Moses), as estratégias do governismo se chocam com o projeto dos irmãos do senador Cid Gomes (PSB), que até aqui tem se mantido em silêncio em relação às tratativas entre Governo e UB na cidade.
Outro exemplo de que essa articulação governista segue em curso é a agenda tocada por Chagas com nomes da federação União Progressista: dias atrás com Moses e antes de ontem com o também deputado Antônio José Albuquerque, dirigente do PP-CE.
À coluna, o titular da Casa Civil classificou a conversa com o "pepista" como excelente, assim como as que já havia mantido com Fernanda Pessoa (UB) e Zezinho Albuquerque (PP), pai de AJ e secretário de Cidades. Segundo Chagas, "a maioria dos deputados da federação sem dúvida tem um alinhamento completo com o Governo do Estado hoje".
Não se trata de frase de efeito, mas de indicativo concreto de que o arco de Elmano não desistiu de disputar a federação por dentro - se não for obtendo a direção, ao menos provocando cisão na oposição (mais ou menos o que Camilo conseguiu fazer com o PSDB em 2022, impedindo-o de apoiar RC).
Comentei no início da semana que uma leva de pesquisas havia caído em campo em Fortaleza e Região Metropolitana para testar cenários com os cotados, entre os quais Chagas para o Senado e Ciro para o Governo. Avaliando-se cuidadosa e cautelosamente dados de pelo menos quatro levantamentos, há tendências de momento que se observam.
Uma delas é a boa acolhida de Capitão Wagner (UB) para a senatorial, o que é natural por seu "recall" das muitas campanhas nas quais se envolveu. A outra seria uma reeleição em tese tranquila de Cid para a vaga já ocupada - sem ele no jogo, no entanto, o horizonte fica mais turvo. É nesse vácuo que Chagas tem crescido, chegando a superar o deputado Júnior Mano (PSB).
Mais uma hipótese sondada nas ruas da capital cearense é a de Ciro como candidato ao Governo do Estado em 2026. Ressalvando-se que, a esta altura do campeonato, os institutos aferem mais o potencial de virtuais concorrentes, e tão somente para consumo interno, o "conjunto da obra" sugere que as chances de vitória do governador petista ainda no primeiro turno da corrida aumentam consideravelmente sem o ex-presidenciável como adversário na queda de braço pela sucessão - o que também não deixa de ser previsível, dado o grau de conhecimento de Ciro entre os cearenses.
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