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PL em pé de guerra: Priscila desafia André Fernandes
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

PL em pé de guerra: Priscila desafia André Fernandes

O motivo é a disputa pela vaga ao Senado em 2026. Fernandes decidiu pelo nome do pai e Priscila foi lançada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro
VEREADORA Priscila Costa (PL) posa com Waldemar Costa e Michelle Bolsonaro (Foto: Reprodução/Instagram)
Foto: Reprodução/Instagram VEREADORA Priscila Costa (PL) posa com Waldemar Costa e Michelle Bolsonaro

Embora na superfície as aparências indiquem que o clima no PL cearense é de calmaria, por dentro a legenda está em pé de guerra. Um interlocutor bolsonarista confidenciou que o dirigente e deputado federal André Fernandes "está muitíssimo insatisfeito" desde que a vereadora Priscila Costa decidiu costurar por cima, via Brasília, uma pré-candidatura ao Senado em 2026, abrindo concorrência interna com Alcides Fernandes, pai de André e membro da Assembleia Legislativa.

Com aval da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de Valdemar da Costa Neto, a parlamentar teria apresentado seu nome para a corrida sem apalavrar a postulação com a cúpula local do PL. "André não gostou nada disso, nada mesmo. Nenhum vereador gostou. O partido se sentiu desprestigiado", acrescentou a fonte, que pediu reserva.

Segundo ela, não se trata somente de que Priscila se colocou na mesa para a escolha de senador. "O André também só soube pelas redes sociais", complementou. Há ainda o fato de que o ex-candidato à Prefeitura de Fortaleza já havia pacificado o assunto quando demarcou que a posição do PL na chapa de oposição seria na composição senatorial, contemplando Alcides.

Para tanto, Fernandes tinha conseguido a chancela de Jair Bolsonaro, que concordou com o pleito do pastor. A entrada de Priscila, no entanto, embaralhou o jogo.

Michelle compra a briga

Outro bolsonarista admitiu que, nessa queda de braço entre direção estadual do PL e lideranças nacionais, Michelle já teria vencido, optando por Priscilla nas eleições para o Senado pelo Ceará ano que vem.

Restaria a André Fernandes, então, apenas aceitar essa alteração de seus planos, que já pareciam definidos quando ungiu o próprio pai – também sem total anuência do PL e no estilo caudilhesco que os adversários do Abolição tanto criticam.

"Michelle não deseja convencer. Ela já decidiu (por Priscila), só não sabemos se o André aceita. Eu acho que o André terá que aceitar", calculou uma fonte, acrescentando que a esposa do ex-presidente Bolsonaro "gosta muito da vereadora" e que está pessoalmente empenhada em fazer da cearense uma senadora cujo perfil foi talhado à risca por Michelle: mulher, jovem e "terrivelmente evangélica".

Vereadora com a palavra

À coluna, a vereadora Priscila Costa negou que tenha se mostrado interessada em concorrer ao Senado à revelia do próprio partido. "Sempre tive o apoio do PL. O presidente nacional do PL me lançou ao lado da Michelle Bolsonaro. Agora em setembro, (houve) uma oficialização do que já tinha sido anunciado em junho", declarou.

Ainda de acordo com ela, a disposição para postular cadeira na Câmara Alta está mantida: "Toda a construção (da candidatura a senadora) foi sempre muito consciente e feita a todo momento com o apoio do partido".

De passagem, quando questionada sobre quem teria mais chances de representar a oposição na sucessão estadual de Elmano de Freitas (PT), Priscila disse que, "seja Ciro Gomes, Eduardo Girão ou Capitão Wagner, a discussão de cada nome deve focar em uma união que seja coerente e propositiva para fazer frente ao governo petista, que tem trazido tanto sofrimento ao povo cearense".

Camilo "on the road"?

Depois de "embarcar" na coluna de ontem, na qual citei as habilidades do ministro Camilo Santana (PT) ao volante, uma leitora sempre generosa segredou: na verdade, o ex-governador do Ceará está tentando obter habilitação para conduzir ônibus porque pretende dirigir um "motor-home" (esses veículos que são praticamente uma casa sobre quatro rodas) em viagem com toda a família pela Argentina – da qual naturalmente estaria excluída essa dúzia de pretendentes ao Senado, mesmo aqueles que se consideram mais chegados.

Foto do Henrique Araújo

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