Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
Entra semana e sai semana de negociações e a tensão e a disputa de narrativas envolvendo a fronteira entre Rússia e Ucrânia não param. Nos últimos dias, os movimentos mais significativos foram dados por Estados Unidos e Reino Unido.
O primeiro coordenou envio de armamentos indiretamente para a Ucrânia por meio de membros da Otan na Europa Central e do Leste como Bulgária, Romênia, Lituânia e Estônia.
Em seguida, solicitaram que os familiares de diplomatas na Ucrânia deixassem o país, gesto repetido pelo Reino Unido, que também fez uma robusta venda de mísseis a Kiev e reforçou o discurso de que uma invasão russa estaria próxima de ocorrer. Nessa segunda-feira, o presidente americano Joe Biden participou de reunião virtual com líderes europeus para tratar da questão.
No discurso, Moscou trata as ações de EUA e Otan como “histeria” e nega que vá entrar em território da Ucrânia. Contudo, os movimentos de tropas russas, com mais de 100 mil soldados na fronteira entre os dois países, justificam a crescente preocupação do Ocidente.
Países da União Europeia, por sua vez, têm adotado postura um pouco mais cautelosa. Embora as reuniões quase diárias entre diplomatas ou líderes de membros do bloco signifiquem vários sinais de alerta com a questão, o tom aplicado nos discursos têm sido menos alarmistas sobre uma invasão russa propriamente dita.
Além das questões militares envolvendo países europeus que fazem parte da Otan, os encontros têm focado na projeção de sanções econômicas à Rússia em caso de invasão. Vale lembrar da dependência que a Europa tem em relação ao fornecimento de combustíveis russos, sobretudo gás natural. O que coloca a União Europeia diante de uma situação em que os esforços diplomáticos precisam estar em primeiro, segundo e terceiro graus de prioridades para solucionar a difícil equação.
Todos esses movimentos, na prática, representam uma grande batalha de narrativas até o momento. EUA e União Europeia têm razão para ficar em alerta com as ações militares russas na fronteira com a Ucrânia? Claro que sim.
Há a possibilidade de as tensões continuarem escalando até chegar a alguma desinteligência na região? Como escrevi há algumas semanas aqui na coluna, é possível, mas é pouco provável. Os custos políticos, econômicos e simbólicos pesam mais nessa balança para o Kremlin. A Rússia tem razão em falar em “histeria” do Ocidente? Tem, mas Vladimir Putin também não colabora muito para que haja uma solução definitiva para a questão.
Até o momento, a tensão na região da fronteira entre Ucrânia e Rússia tem sido marcada mais por cachorros grandes que latem cada vez mais alto. Mas nenhum deles está disposto a dar a primeira mordida. E ninguém que está perto, sobretudo os principais envolvidos, parece muito a fim de pagar para ver.
Gabriel Boric anunciou na última semana as ministras e os ministros que estarão ao seu lado a partir de 11 de março no Palácio de la Moneda. O uso de dois gêneros para mencionar os cargos não é por acaso. O presidente eleito do Chile escolheu 14 mulheres e 10 homens para formar o gabinete.
Das 24 pastas, metade vai ser ocupada por pessoas que têm formação na educação pública. Além disso, um terço do gabinete é formado por independentes, que não faziam parte da coalizão de esquerda “Apruebo Dignidad” que elegeu Boric, o que sinaliza uma abertura ao diálogo do presidente eleito para conseguir mais vitórias em um Congresso dividido entre esquerda e direita.
Leia mais
Entre as ministras, destaque para duas escolhas. Coordenadora da campanha de Boric, a médica Iskia Sichez ficará com a pasta do Interior e Segurança Pública, segundo cargo mais importante do Chile depois do presidente.
Também foi escolhida Maya Fernández, neta do ex-presidente Salvador Allende, assassinado em 11 de setembro de 1973 dentro do Palácio de la Moneda no golpe de Estado que levou ao poder o general e ditador Augusto Pinochet. Fernández será ministra da Defesa. Um simbolismo e tanto.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.