Voto de Fux é ‘histórico’ e ‘lava a alma’, dizem defesas
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais
Voto de Fux é ‘histórico’ e ‘lava a alma’, dizem defesas
Advogados celebraram o voto divergente do ministro, que pediu a anulação do julgamento e inocentou Jair Bolsonaro de crimes propostos pela Procuradoria Geral da República.
Foto: Victor Piemonte/STF
Ministro Fux fez longo voto
O ministro Luiz Fux chocou colegas do Supremo Tribunal Federal e parte da base governista, que pretendia celebrar a maioria pela condenação de Jair Bolsonaro e dos outros sete réus do Núcleo 1 - considerado crucial - da tentativa de golpe de Estado. Após Fux livrar a cara do ex-presidente de todos os crimes que era acusado, ministros da Primeira Turma do STF viram incoerência dele, que votou em mais de 400 casos do ‘8 de janeiro’, mas apontou incompetência da corte para julgar Bolsonaro.
Se os ministros foram pegos de surpresa, as defesas e parlamentares da oposição pareciam já saber qual seria o tom adotado por Fux. O antes solitário Luciano Zucco, hoje, apareceu acompanhado dos deputados André Fernandes, Otoni de Paula e Ubiratan Sanderson. Na entrada, eles faziam coro por Fux como se já soubessem o que estava por vir. “Peço que vocês acompanhem o voto do ministro Luiz Fux e como ele vai tratar esse julgamento”, disse Zucco.
Os advogados não quiseram falar na entrada, mas desfilaram pelo local onde a imprensa fica no intervalo. “O voto do ministro Fux é histórico e muda a história do judiciário brasileiro”, disse Demóstenes Torres, ex-senador e responsável pela defesa do réu Almir Garnier. Já o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Celso Vilardi, se disse com a “alma lavada”. Segundo os dois, é possível explorar o que foi dito por Fux para os recorrer da sentença.
Na terça-feira, Flávio Dino disse que não levaria mais que duas horas para apresentar o voto, em concordância com o relator pela condenação de todos os réus, mas com divergência na dosimetria das penas. “Vou apenas passar rapidamente pelas condutas individuais, pois eu não sou relator e prometi para a ministra Cármen que meu voto teria cerca de uma hora, e vocês sabem que eu obedeço a ministra Cármen”, disse Dino.
São raros os casos em que os ministros apresentam voto mais longo que o relator - que foi quem estudou de forma aprofundada o processo. Fux foi um desses casos. Ele votou por quase 8 horas líquidas, 10 horas brutas - contando os intervalos. É o voto mais longo do STF, superando as 6h30 de Celso de Mello.
Num determinado momento, Fux disse que discorda de Moraes, mas é amigo do relator. Nesse momento, Fux levantou os olhos e os fixou em Moraes, que não retribuiu o olhar.
Existe um certo desespero dos jornalistas que acompanham o julgamento da Ação do Golpe no Supremo Tribunal Federal. O medo de perder a chegada e a saída dos advogados e dos parlamentares que acompanham in loco o julgamento já gerou momentos hilários no pátio do Anexo 2 do STF.
Certa vez, repórteres e cinegrafistas rodearam um carro executivo que chegara ao local, era uma convidada que acompanharia a sessão. “Não é ninguém”, gritou uma colega, gerando uma reação inesperada da desconhecida. “Eu sou alguém, sim”, retrucou a moça.
Nesta quarta, o advogado de Augusto Heleno, Matheus Milanez deixou o STF às 13h10 e os jornalistas gritavam. “Fale conosco, doutor?”. Faminto, o advogado sorriu e respondeu. “Pessoal, hora do almoço. Vocês sabem que, pra mim, a refeição é sagrada”, brincou. O doutor já é conhecido em memes e figurinhas de whatsapp por ter pedido a Alexandre de Moraes mais tempo para jantar e tomar café da manhã.
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