
Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará
Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará
São apenas cartas de intenções os programas de governo dos candidatos a prefeito de Fortaleza. E é de uma pobreza atroz o quadro de ideias na parede. Esta semana, durante o seminário Futura Trends, promovido pelo O POVO e Fundação Demócrito Rocha, o vice-presidente da BYD, Alexandre Baldy, falava sobre carros voadores, mobilidade urbana (ele vende carro, por isso nem falou em trem e ônibus) e ações de ESG (ele citou a doação de um veículo elétrico a motorista de app). A discussão parecia etérea, mas era bem terrena. De todo modo, na planície das propostas em Fortaleza elas pareciam mesmo bem distantes.
Ninguém vai muito além nas contas. As ideias parecem criadas em laboratórios, com os insights das pesquisas quanti e quali à mão. É por esta razão que um candidato fala em não multar por não uso de viseiras por motociclistas e outro dias depois anuncia o mesmo, com fundamentação legal para prevaricar. Ou quando prometem reduzir a faixa para bicicletas por suposto aumento de área para os carros, sem nenhum fundamento técnico. Ou ainda, quando falam em tarifa zero nos ônibus sem fazer a menor ideia do tamanho dessa conta ou das complexidades de uma cidade de 2.6 milhões de pessoas.
Boas perguntas
Qual o valor da receita própria e transferências institucionais? Qual a faixa de endividamento possível? Qual o tamanho da dívida? Qual o custo exclusivo com cargos comissionados caso sejam eleitos? Qual a matriz energética dos programas de governos dos postulantes? Quantos m2 existem disponíveis nas áreas públicas municipais e tetos de equipamentos públicos (escolas, hospitais…) para a utilização de placas fotovoltaicas (solares)? Será que eles sabem que o BNDES tem recurso disponível para isso ?
Caixinha de lenços
Já pensou na colocação de placas solares em casas de população de baixa renda e o efeito disso na distribuição de renda? Fazem faltas os temas estruturantes. Algum plano ousado do tipo transformar o centro em áreas para pedestres com vans abertas elétricas circulando gratuitamente para transportar pessoas ao ponto do terminal de ônibus? (muito comum na França).
Quando o debate é pobre ele vira uma caixinha de lenço. Puxa um aparece já outro. Muita promessa. Como se diz no Interior: "o cara assina tudo em lombo de boi".
VOTO E ANTIVOTO
O antivoto. O antivoto é movido pelo medo. E alimentado pelos algoritmos. Medo de ver eleito alguém que seria uma tragédia. Tem sido assim nos anos recentes de maniqueísmo exacerbado. Não só aqui, mas onde os pleitos convergem para disputas do bem contra o mal, sendo o bem o lado escolhido pelo eleitor. Este tipo de decisão é uma violência. Faz o distinto público se afastar do que acredita, em nome das circunstâncias. Agora mesmo em Fortaleza, este quadro não irá acontecer no primeiro turno, afinal o cardápio de possibilidades é vasto. No segundo turno - e é para isso que ele serve - será diferente. Vejamos de modo empírico alguns cenários com os quatro mais bem colocados nas principais pesquisas:
Cenário 1. André Fernandes versus Sarto. O anti bolsonarismo votaria no Boitatá, na Mula sem cabeça, no Vingador da Caverna do Dragão, no Darth Vader, no Voldemort, na Miranda Priestly ou na Carminha (embora no final ela tenha vivido uma redenção) para impedir André. Assim, a favor de Sarto o expressivo contingente de votos da esquerda (Evandro e os resíduos do Psol - o candidato Técio Nunes já disse q ue vota) e alguma lasca do time Wagner. Para André, a maior parte dos eleitores de Wagner, hoje um candidato white label (sem rótulo por ora) e resíduos de Luís Eduardo Girão.
Cenário 2 - Evandro versus André. Em reedição da dicotomia lulismo contra bolsonarismo, teríamos de modo ainda mais pronunciado o envolvimento dos dois líderes populistas, com presença física na capital cearense. Nesse cenário, Evandro tenderia a atrair partes menores do eleitorado de Wagner. Já André, pela lei da gravidade, teria a favor a base maciça de Wagner e a maior parte dos eleitores do pedetista Sarto, pelo grau de confronto com o petismo-camilismo.
Cenário 3. Evandro versus Sarto. O petista teria votos de apenas uma ínfima parte dos eleitores de Wagner, estes em sua maior proporção afins de Sarto, por ser contraponto ao petismo. Apenas por esta razão. Já Sarto tenderia a atrair a maioria dos eleitores de Wagner e os eleitores de André pelas mesmas razões, o antipetismo.
Cenário 4. Evandro versus Wagner. O petista teria um cenário um tanto diferente do confronto óbvio caso enfrentasse André, mas nessa hora Wagner encarnaria o contraponto bolsonarista, de modo natural. Wagner tenderia a atrair os votos de André no primeiro turno e ainda larga parcela dos sartistas, antipetistas. Já Evandro buscaria o discurso do bem contra o mal e buscaria os eleitores de Sarto mais ao centro.
Cenário 5. Sarto versus Wagner. Uma outra edição com fracasso do bolsonarismo e do petismo. Sarto iria procurar colar o bolsonarismo no ombro do capitão e captar o PT em nome da causa, contra o movimento por brancos e nulos no partido. Já Wagner, por óbvio, tenderia a se aproximar dos eleitores de André e Girão, sem entrar de cabeça no bolsonarismo, para garimpar os votos petistas. Ex-líder de trabalhadores, por assim dizer, ele já acena para o PT desde agora, quando elogia a ex-prefeita Luizianne Lins.
Cenário 6. Wagner versus André. Nesse cenário improbabilíssimo, os petistas fariam valer o antibolsonarismo na veia, votando em Wagner embrulhados. Ademais, o capitão é integrante do União Brasil, da base do Governo em Brasília. Os sartistas seriam o pêndulo a ser conquistado por ambos.
FINANÇAS
Na semana da independência, a Serasa contratou o Instituto Opinion Box e revelou: apenas 39% das pessoas do Nordeste acreditam ter alcançado a sua independência financeira. Este número é ligeiramente superior à média nacional, onde 35% dos brasileiros se consideram financeiramente independentes.Para os entrevistados do Nordeste, os primeiros passos para alcançar este patamar são conseguir pagar as próprias contas em dia (43%), ter os gastos planejados e organizados (47%) e conseguir pagar as dívidas de forma segura (35%). No Nordeste, 77% se consideram "distantes" da independência financeira.
SANTANDER
O Santander Brasil registrou um aumento de 25% de carteira do Use Casa, linha de crédito com garantia de imóvel, no Ceará. Nos primeiros seis meses do ano, o Banco totalizou R$ 54,4 milhões, resultando em um crescimento de 42% no total da produção de crédito, que agora soma R$ 268,2 milhões. O tíquete médio das operações no estado é de R$ 246,5 mil, o que mostra ser um produto popular. O crédito com garantia de imóvel vem ganhando força em todo o Brasil, graças às taxas de juros mais baixas e prazos de quitação estendidos.
J. MACÊDO
Os resultados da J.Macêdo S/A, aniversariante de 85 anos, acontecem em um momento saudável. Em 2022, a receita líquida foi de R$ 2,9 bilhões, um crescimento de 23,2% em relação a 2021. Em 2023, a empresa obteve a maior receita líquida de sua história, com R$ 3,2 bilhões, o que representou um aumento de 10,5% em relação a 2022. E, em 2024, a companhia já registra no primeiro semestre uma receita de R$ 1,6 bilhão e um lucro líquido de R$ 189,8 milhões, aumento de 3,4%, na comparação com igual período do ano passado. Amarílio Macêdo, filho do fundador, José Dias de Macêdo, e CEO da holding do Grupo, destaca o papel da terceira geração e da gestão profissionalizada.
VAI PARA O INGRESSO
Desde o dia 26 de agosto e até 24 de dezembro, organizadores de grandes eventos, como shows e festivais, devem fornecer água gratuitamente ao público, conforme a portaria nº 44 de 2024 da Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A medida exige que os eventos garantam acesso gratuito à água ou disponibilizem bebedouros e "ilhas de hidratação" de fácil acesso. O motivo alegado são as altas temperaturas no Brasil nos últimos anos. Como não existe almoço grátis, e nem água, entra para o rol das facilidades criadas para alguém pagar, no caso, os próprios clientes. É o mesmo caso da meia entrada, com impacto no preço do ingresso. "É fácil criar coisas para os outros pagarem. Acho correto ter espaço mais reservado para estes dias de calor em shows, mas água não", lamenta o produtor de eventos Washington Espanhol.
4 em 1 - O Governo Lula tem 37 ministérios. Com atribuições afins, há pelo menos quatro: Direitos Humanos, Igualdade Racial, Povos Indígenas e Mulheres. Sem contar, o Ministério da Justiça e Segurança Pública. É muito. Compõem a velha ideia de criar órgão como se isto implicasse eficiência no tema. Poderia aproveitar a saída de Sílvio Ameida e enxugar um. Mas não o fará.
Tripulação - A Latam fechou o semestre passado com 438 novos comissários de voo contratados no Brasil. No quadro de contratações de tripulantes deste período, mais de 46% pretos, 32% de residentes fora da região Sudeste do Brasil e 1% de pessoas transgêneras.
Sem ressaca - A loja da Pague Menos se uniu à Engov, marca da Hypera Pharma, para envelopar a filial.
Pra vida - O Programa de Apoio à Vida (Pravida), serviço de saúde mental vinculado à UFC, completa 20 anos de prevenção ao suicídio e faz a tradicional Caminhada pela Vida, na avenida Beira-Mar, neste domingo. A saída é às 16h, em frente ao espigão da avenida Rui Barbosa.
Comer fora - Nos últimos cinco anos, o preço médio da refeição em restaurantes cresceu 16 pontos percentuais acima da inflação. Foi o que revelou a pesquisa Valor, feita pela Ticket, marca da Edenred Brasil de Benefícios e Engajamento. A refeição completa - prato principal, bebida, sobremesa e cafezinho - passou de R$ 34,62 em 2019 para R$ 51,61 em 2024, ou seja, um aumento de 49,07%. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cresceu 33,14% no mesmo período. Se corrigido de acordo com a inflação acumulada dos últimos cinco anos, o preço médio da refeição deveria ser, atualmente, de R$ 46,09. No Sudeste, subiu 55%, para R$ 54,54. O segundo maior aumento, de 46%, aconteceu no Nordeste (de R$ 33,57 para R$ 49,09).
Solar - O Brasil ultrapassou a marca de 15 gigawatts (GW) de potência operacional nas grandes usinas solares, de acordo com o mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Desde 2012, o segmento atraiu mais de R$ 64,3 bilhões em novos investimentos e mais de 452,5 mil empregos acumulados. Estima-se R$ 21,3 bilhões em arrecadação aos cofres públicos. O Nordeste tem 58,6%.
No vizinho - A Stellantis encerrou o mês de agosto com recorde no mercado sul-americano: registrou o melhor mês de produção de sua história na América do Sul, com 88.709 veículos produzidos. No Polo de Córdoba (Argentina) é fabricado o carro mais vendido dos últimos três anos no mercado argentino, o Fiat Cronos.
Mais Vida Menos Lixo - O projeto Mais Vida Menos Lixo, iniciado na Barrinha de Baixo, no Ceará, em 2022, ganhou o patrocínio da Ambev e expansão para o Preá, em Cruz, no litoral Oeste. O Mais Vida Menos Lixo é uma iniciativa promovida pelo Instituto Camboa em parceria com a Visões da Terra, a Cooperativa de Reciclagem Coopbravo, a Prefeitura de Acaraú e a comunidade local. Organiza os resíduos recicláveis e não recicláveis.
Doe - A Fundação Edson Queiroz toca a 22ª edição da campanha Doe de Coração, de estímulo à doação de órgãos e tecidos no Ceará.
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