Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.
Foto: Reprodução/vídeo/X
Abelhas avançam sobre Bolsonaro e interrompem discurso
Sábado, 17 de agosto de 2024. Na mesma data em que o ex-presidente Jair Bolsonaro participava, na Capital, de uma carreata do candidato à Prefeitura de Fortaleza, André Fernandes (PL), o portal O POVO publicou a seguinte matéria: "Bolsonaro é atacado por abelhas e interrompe comício no Nordeste".
Uma das perguntas básicas do lide não foi respondida. Afinal, quando foi o ataque? A data do incidente não foi informada. No entanto, o que chamou mais a atenção foi a menção "no Nordeste". Como assim? São nove estados na região. Em qual deles ocorreu o episódio? Em qual cidade?
É natural pensar que a notícia foi redigida pela imprensa sulista, que - em boa parte - acredita que os nove estados são um bloco só, desconsiderando peculiaridades, sotaques, CEPs, culturas e costumes próprios.
Sim, ao acessar lá, está a comprovação: a matéria é oriunda da Agência Estado. Por mais que o conteúdo seja de agência, cabe ao editor fazer a alteração, ora. No fim das contas, o citado ataque de abelhas ocorreu em Macaíba, no Rio Grande do Norte. Está no lide. Não foi no vasto, extenso e plural Nordeste.
A informação repercutiu também nas mídias sociais do Grupo, reproduzindo a forma equivocada que a agência redigiu e como o portal publicou.
Internamente, apontei em comentário enviado a funcionários do Grupo: "'...no Nordeste'! Como assim? Por mais que seja matéria de agência, não devemos reproduzir a forma 'nada a ver' como a imprensa sulista refere-se aos estados da região. O ataque ocorreu em Macaíba, no Rio Grande do Norte".
O deslize não é exclusividade do Jornalismo. Na Publicidade, nas telenovelas e no cinema, por exemplo, há inúmeros exemplos de uso distorcido "do Nordeste".
O contrário é observado? Não! São Paulo é São Paulo, não é Sudeste, Rio de Janeiro, idem. As fatídicas enchentes, entre fim de abril e início de maio deste ano, foram no Rio Grande do Sul, e não no Sul. O Festival de Parintins é realizado no estado do Amazonas, e não no Norte. Nesse último caso, é mais fácil observar equívoco semelhante.
É perceptível algum esforço por parte da publicidade na tentativa de diversificar campanhas, mas raros são os êxitos. Quando se coloca um spot ou um VT com sotaque pernambucano, por exemplo, para veicular no Ceará, há a tão buscada identificação buscada pelas marcas? Obviamente que não!
O futebol é outro espaço fácil de se observar tal fenômeno. Há poucos dias, mais precisamente no dia 12 de agosto último, o Fortaleza Esporte Clube ocupava a vice-liderança da série A do Campeonato Brasileiro e o apresentador do "CBN Primeiras Notícias", da CBN nacional, noticiou, após a leitura dos placares do fim de semana: "A gente tem aí uma briga de cachorro grande…Flamengo, Palmeiras e Botafogo lá no alto da tabela e o time do Fortaleza se metendo também". O adendo veio em seguida: "Fortaleza também é grande e tem feito campanhas muito fortes aí nos últimos campeonatos, nas últimas edições do Campeonato Brasileiro".
Eis amostras práticas de como a região é retratada. Isso sem falar nos diálogos corriqueiros e, por vezes, inacreditáveis em aeroportos, bares, rodoviárias e escritórios sobre a geolocalização, a culinária ou outro assunto afim. Sendo assim, espera-se que a imprensa local fuja do estereótipo, fique atenta e informe corretamente onde e o que representamos.
Silvio Santos
Diria ser impossível, um leitor, um ouvinte, um telespectador ou seguidor de algum perfil noticioso não ter sido informado sobre a morte do apresentador Silvio Santos, no sábado, 17 de agosto.
Como bem trouxe a matéria publicada na edição impressa do O POVO no dia seguinte: "Não é comum a maior emissora do Brasil interromper a programação, cancelando quadros já agendados, para exaltar o legado de uma personalidade ícone de uma emissora rival. Quando isso acontece, a mensagem é clara: o ícone não se restringe à sua criação. O contexto, então, demonstra a relevância de um dos maiores comunicadores da história da televisão brasileira" - trazia o texto assinado pelo jornalista Miguel Araújo.
No próprio dia da morte do comunicador, penso que a chamada no portal O POVO foi um tanto tímida. Bastou uma rápida checagem em outros portais de notícias para constatar a discrição do O POVO ao trazer a informação. Apesar de posteriormente o fato ter ocupado um espaço dedicado e exclusivo aos assuntos relacionados ao comunicador.
Já na edição de segunda-feira, 19, dois conteúdos merecem destaque, tanto positiva como negativamente.
O primeiro - este positivo - foi a coluna Flor do Lácio, publicada quinzenalmente e escrita pela jornalista Daniela Nogueira. Nas notas, ela fez referência a expressões e situações típicas de Sílvio Santos, todas aplicáveis no dia a dia do leitor.
A começar pela nota de abertura "'Você está certo disso?' e outros bordões" ao explanar sobre regência; a nota seguinte "Aviãozinho" foi sobre o uso do diminutivo e do plural. Já a terceira apresentou dica de vocativo, usando como exemplo o Lombardi, a voz tão famosa e falada no decorrer da carreira do apresentador.
Por outro lado, um espaço que tinha tudo para ser celebrado foi o artigo "Silvio Santos, ou quando a TV era P&B na Globo", publicado nas páginas de Opinião. O texto está escrito pelo jornalista Ricardo Jorge está irretocável, além da factualidade que o tema apresentava. Os problemas foram outros: para além da foto antiga do autor, mostrando fisionomia diferente da atual, há outros equívocos.
O e-mail dele foi publicado incorretamente. Em vez do e-mail do autor, foi informado o endereço eletrônico de uma mulher. Na identificação do autor, ele é apresentado como "professor do Departamento de Comunicação da UFC". Entretanto, o Departamento de Comunicação Social não existe mais há muitos anos. Na realidade, Ricardo Jorge é professor do curso de Jornalismo e da pós-graduação em comunicação da instituição.
Diante da sequência de falhas, é pouco provável que o autor tenha encontrado motivação para compartilhar o material. Uma checagem cuidadosa evitaria o aborrecimento.
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