Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.
Foto: Samuel Setubal
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 11-09-2024: Familias voltam a protestar por justiça e ocupar terreno que ocorreu desocupação com uma vitima no Carlito Pamplona. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)
A região Oeste de Fortaleza amanheceu, na última terça-feira, 10, sob um imenso caos. Ônibus depredados e queimados, correria, desencontro de dados e impacto na rotina de boa parte da população local constituíram o cenário.
Até o meio da manhã, por volta de 9 horas, quem acessou o portal O POVO para buscar informações acerca da desordem, encontrou frustração. A manchete de destaque na home levava para um conteúdo de Economia: "Queimadas registradas no Brasil e bandeira vermelha deixam alimentos mais caros na Ceasa". Relevante? Muito! Entretanto, diante da situação enfrentada pelos moradores do bairro Carlito Pamplona e adjacências, nada, absolutamente nada, teria mais importância.
Enquanto isso, os demais portais já noticiavam, com chamadas de destaques, e os telejornais locais também já vinham informando sobre o caso.
No O POVO, a notícia foi para a capa do portal já perto de 9h30min, com o texto "Ataques a ônibus e barricadas são registrados em Fortaleza". No entanto, o dado foi apresentado como chamada lateral, apenas, e não como manchete, como mereceria. Afinal, o que seria mais pertinente? A segurança ou a economia, naquele momento? Na avaliação dos editores, o aumento dos produtos nas Centrais de Abastecimentos do Ceará ganhou mais peso.
No início da tarde da terça, o sociólogo, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e integrante do Conselho Consultivo de Leitores do O POVO, Luiz Fábio Paiva, pontuou: "Estou acompanhando as notícias sobre os eventos no Grande Pirambu e estou um pouco confuso sobre a maneira como os eventos estão sendo abordados. Veja, ora se fala em vandalismo, ora em ataques, e às vezes parece uma reação da população a um assassinado. Inclusive, na matéria, sugere que a mulher foi baleada por vigilantes privados. Acho que faltam boas informações e uma apuração mais cautelosa sobre esses acontecimentos. Em outros jornais estabelece-se uma relação entre a morte e protestos gerados, no O POVO eu não vi essa articulação dos acontecimentos. Seria interessante um questionamento nas matérias sobre como esses seguranças privados estavam conduzindo uma desocupação".
No impresso
A capa da edição impressa do dia seguinte, dia 11, como não poderia deixar de ser, trouxe, praticamente em página inteira, informações sobre a confusão, com fotos, e, internamente, a página 19 foi toda voltada para o transtorno no bairro Carlito Pamplona, com dados consolidados.
Também no impresso, agora da quinta-feira, 12, um editorial mais que oportuno intitulado "Um caos que exige explicações", em referência ao que havia ocorrido dois dias antes. O texto, que representa a opinião do O POVO, cobra celeridade nas investigações e ressalta: "No geral, muito precisa ser explicado e entendido para reduzirmos o risco de repetição de um cenário que até parece afetar apenas uma parte específica, mas, na verdade, acaba por ter seus efeitos espalhados por toda a cidade".
Em tempo: o programa O POVO News, veiculado de segunda a sexta-feira, no YouTube O POVO também deixou a desejar em relação ao assunto. Na primeira edição, que vai ao ar das 8 às 9 horas, o assunto principal foi a possibilidade de volta da prisão da "influencer" Deolane Bezerra. Já a segunda edição, das 18 às 19 horas, destacou a volta de Deolane à prisão e foram reservados pouco mais de dois minutos, no fim da atração, para mencionar o episódio na Capital.
É clichê, mas se o terreno invadido em questão estivesse localizado na região nobre da Cidade, há de se refletir se a cobertura seria outra.
Dicas de leituras
Para além do factual, O POVO publicou, no decorrer dessa semana, dois conteúdos que valem a leitura.
O primeiro deles diz respeito aos 20 anos das mortes na Base Aérea de Fortaleza. Assinado pelo repórter e colunista Cláudio Ribeiro, o material compõe a série "Crimes Insolúveis no Ceará", conforme o texto.
No impresso, a reportagem resultou em manchete do dia 10 de setembro e página inteira na editoria de Cidades.
O abre (texto que vai abaixo no título) resume: "O duplo homicídio dos soldados Francisco Cleoman Fontenele Filho e Robson Mendonça Cunha, mortos a tiros dentro das instalações da Base Aérea de Fortaleza, completa duas décadas. As mães ainda vivem as sequelas emocionais e físicas. A União ainda não pagou o total da indenização a que as famílias têm direito".
Cláudio resgatou os acontecimentos envolvendo os dois soldados, entrevistou suas famílias, expôs uma linha do tempo dos fatos, contextualizou sobre padre Cheregato - o único réu no processo do duplo homicídio - tentou entrevista com o ex-capelão da Base Aérea e procurou os comandos da Aeronáutica, em Brasília, e da Base Aérea de Fortaleza. Sobre os dois últimos, o retorno foi dado por meio de uma nota única emitida pelo Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (Cecomsaer).
Outra recomendação é a série "Aquilombar para permanecer", composta por três episódios. Todos eles foram publicados na versão impressa do O POVO, entre os dias 11 e 13 de setembro.
De acordo com a descrição disponível no O POVO+, a série especial discute os desafios das universidades para acolher a população quilombola do Ceará, dificuldades de acesso ao ensino superior, trajetórias de mobilização por políticas públicas e questões de permanência desses povos na Academia.
Os textos são assinados pelos jornalistas Ana Rute Ramires e Rubens Rodrigues. As ilustrações são de Carlus Campos e o design das páginas é de Gil Dicelli.
Destaque para o quadro "Saiba mais sobre quilombolas" publicado na abertura da série.
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