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Queimadas e bandeira vermelha deixam alimentos mais caros na Ceasa
Economia

Queimadas e bandeira vermelha deixam alimentos mais caros na Ceasa

| Efeitos do clima na Economia | Laticínios e, principalmente, grãos e café foram os itens com os preços mais elevados entre agosto e setembro. Mas não há sinais de desabastecimento de nenhum produto no Ceará
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ITENS sofreram aumento devido às mudanças climáticas nas áreas produtoras (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA ITENS sofreram aumento devido às mudanças climáticas nas áreas produtoras

Os dias mais cinzas e o calor mais intenso não foram os únicos efeitos que as queimadas causaram na realidade do cearense nos últimos meses. Comparativo feito pela Central de Abastecimento do Ceará SA (Ceasa), a pedido do O POVO, indica que as mudanças climáticas também deixaram os alimentos mais caros no Estado.

Entre a primeira semana de setembro e a primeira semana de agosto, os preços de alguns itens vendidos na unidade de Maracanaú, a 22 quilômetros de Fortaleza, subiram até 9,09% devido ao comprometimento das safras ou à soma de mais encargos na rota logística de cada produção.

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“Os produtos têm apresentado alteração nos seus preços devido às queimadas ou mesmo à questão da bandeira tarifária vermelha”, apontou Odálio Girão, analista de mercado da Ceasa.

Mas não há sinais de desabastecimento no Estado, observa. De acordo com ele, “o estoque está garantido por vários meses e é o período que chega a nova safra.” “As grandes empresas que fazem o armazenamento têm estoque regulatório para manter o mercado bem abastecido. Vai ter uma boa safra em outras regiões e uma região vai fazer uma cobertura desses produtos”, reforçou.

Quais itens ficaram mais caros?

Usado para esquentar o clima ao longo de todo o dia ou até mesmo para atenuar o calor pelos cearenses, o café foi um dos mais impactado pelas mudanças climáticas. O pacote de 250 gramas vendido na Ceasa teve a mais elevada alta entre agosto e setembro. O preço que girava entre R$ 9,75 e R$ 10 saltou 8,94% neste período, indo a R$ 10,89.

Produzido em maior escala entre São Paulo, Minas Gerais e também o Espírito Santo, o café sofreu sob os efeitos de queimadas e teve quebra de safra que afetou diretamente o custo de venda e de transporte até o Ceará.

Outro alimento bastante comum no prato do cearense afetado pelas mudanças climáticas foi o feijão, de origem no Sul, principalmente, no Paraná, e também de Minas Gerais. O tipo branco teve o preço elevado em 4,92% do início do último mês até agora, enquanto o feijão preto subiu 9,09% no mesmo período na Ceasa.

“O principal fator é o climático, pelas queimadas em excesso em muitas regiões e a quebra de safra desses produtos devido a questões ambientais e por isso tem tido menores colheitas para os produtos, que chegam em escala bem menor ao mercado”, explica Odálio.

Laticínios também mais caros

As queimadas na região Centro-Oeste também fizeram com que houvesse quebra de safra nas colheitas de milho e soja, resultando em aumento. “Na parte dos laticínios, sentimos o preço elevado para o óleo. O de milho aumentou para R$ 11,85, um acréscimo de 5,33%. E o óleo de soja foi para R$ 6,50, o litro e 0,78% de aumento”, informou.

Sob efeito das enchentes desde o fim de 2023 até a primeira metade deste ano, a produção de laticínios também teve os preços em alta no último mês, de acordo com o comparativo feito pelo analista de mercado da Ceasa.

Neste caso, o queijo teve o valor mais impactado. O aumento identificado no produto entre o mês passado e este foi de 3,45%. Sobre a manteiga também foi observada uma variação para mais de 1,69%.

Motivo de atenção na primeira metade do ano devido às enchentes, a carne suína continua com o preço em alta com a quebra de safra de milho e soja - usados na alimentação dos animais. No período observado, segundo Odálio Girão, o preço do quilo subiu 3,57%.

Supermercados sem movimento de alta

Diferentemente do observado na Ceasa, os supermercados não têm nenhum movimento de alta em nenhum dos produtos comercializados nas unidades do Ceará devido aos efeitos das mudanças climáticas, como as queimadas dos últimos meses.

“Não tivemos nenhuma informação de que venha causar nenhum prejuízo à comercialização desses produtos. Não sabemos de nenhum aumento de preço”, afirmou ao O POVO Nidovando Pinheiro, presidente da Associação Cearense dos Supermercados (Acesu).

Comportamento da inflação na Região Metropolitana

A prévia da inflação na Grande Fortaleza, assim como os supermercados, não sinaliza alta nos alimentos como um todo no último mês. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) 15, que analisa o período entre a metade do mês de julho e a metade do mês de agosto, indicou uma baixa de 0,34% nos alimentos da Região Metropolitana de Fortaleza.

No entanto, quando observados os itens mencionados pelo analista de mercado da Ceasa, o IPCA-15 indica um aumento de 4,57% no preço do café moído na metade de agosto.

Há ainda uma leve alta (0,33%) na carne de porco, no óleo de soja (0,82%) e no queijo (1,20%). Já a manteiga variou 0,07% para menos. Não há registros para os feijões no período e o café.

A expectativa é de que hoje, 10 de setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgue os números da inflação para todo o mês de agosto e confirme ou não a tendência de baixa nos alimentos. Importante observar que a média do subitem alimentos e bebidas pode ser influenciada por outros produtos pesquisados, ou seja, alguns itens podem baixar enquanto os apontados pela Ceasa estão em alta.

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O que aumentou da Ceasa devido às mudanças climáticas?

Café
8,94%

Feijão preto
9,09%

Feijão branco
4,92%

Carne suína
3,57%

Queijo
3,45%

Manteiga
1,69%

Óleo de soja
0,78%

Óleo de Milho
5,33%

Fonte: Ceasa

 

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