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Pelo jornalismo e pela Ciência
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Juliana Matos Brito é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha no O POVO há 20 anos. Atuou como repórter e editora do núcleo Cotidiano, que reunia as áreas de Ceará, Fortaleza, Ciência & Saúde e Esportes. Também foi editora de Audiência e Convergência do Grupo de Comunicação O POVO e editora-executiva do Digital e da editoria de Cidades. Tem especialização em Jornalismo Científico e é mestranda em Ciências da Informação, ambos pela UFC.

Pelo jornalismo e pela Ciência

Tipo Opinião

Não há evidência científica em todo o mundo que comprove a eficácia de tratamento precoce contra a Covid-19. O POVO inclusive já publicou diversas matérias sobre o tema. E, por isso, um anúncio, publicado na última terça-feira, na edição impressa do jornal causou espanto em diversos leitores. Em cerca de meia página, um informe publicitário trazia como título: "Manifesto pela Vida - Médicos do Tratamento Precoce Brasil". Em resumo, o texto dizia que o grupo de médicos defendia o uso de medicamentos para o tratamento precoce da Covid-19. Além do O POVO, outros sete jornais nacionais também publicaram o anúncio, entre eles Folha de S. Paulo e O Globo.

O POVO tem se pautado, desde o início da pandemia, por trazer informações sobre o tratamento, a importância da comprovação científica, o que os especialistas preconizam em relação aos cuidados contra o coronavírus (uso de máscara, ficar em casa sempre que possível e evitar aglomeração) e todo o acompanhamento da doença no Ceará, no Brasil e no Mundo. A Agência Lupa, por exemplo, que trabalha com checagem de notícias, destacou que o texto do anúncio usa informações falsas ao citar os medicamentos como eficazes como um tratamento precoce. Portanto, a publicação de um anúncio como esse foi de encontro à linha editorial defendida pela empresa.

Mesmo sabendo que O POVO é um veículo que abre espaço para as mais diversas vozes, publicar um anúncio com informações consideradas falsas e que podem trazer prejuízos para a população foi incompreensível. Muitos leitores cobraram posição do jornal. "Isso é desinformação". "Valeria à pena, mesmo sendo matéria paga, que esta fosse publicada? Isso abre um precedente perigosíssimo, principalmente em se tratando de um veículo tão forte quanto O POVO". "Ao publicar o anúncio, O POVO hipotecou sua credibilidade a uma informação falsa e perigosa, posto que induz a risco de adoecimento e de morte de pessoas". Estas foram algumas das mensagens.

Anúncios devem ser melhor analisados

Em comunicado feito à Redação, comentei sobre a separação entre as áreas editorial e comercial da empresa, mas que uma publicação do tipo causava um imenso prejuízo a um trabalho feito, há um ano, de combate à pandemia realizado diuturnamente pelos jornalistas do O POVO, principalmente em tempos de desinformação. São áreas diferentes mas representam a mesma empresa.

Na quinta-feira, mesmo com uma demora de dois dias, o jornal trouxe uma matéria e se posicionou editorialmente sobre o fato. "O melhor era que a gente tivesse um material já no dia seguinte, mas não foi possível. Mas, o mais importante é que o jornal esclareceu o ponto e se posicionou, não deixou dúvida sobre o que pensa", destacou o diretor de jornalismo Erick Guimarães. Com o título "Entidade de médicos defende tratamento sem eficácia comprovada", a repórter Flávia Oliveira esclarece o fato, informando aos leitores que não há tratamento precoce contra a Covid-19 e que essa informação é balizada pelas principais entidades nacionais e internacionais da Saúde. E, assim como diversos veículos do País, a matéria informou que a entidade que publicou o anúncio foi procurada e não se posicionou sobre o assunto.

Na sexta-feira, o editorial "A nossa posição é clara" é ainda mais contundente sobre a postura do Grupo de Comunicação O POVO: "Nossa posição editorial é clara: somos a favor da Ciência. E o que a melhor Ciência nos diz hoje é que esse tratamento não é comprovado". E explica sobre a independência entre as áreas comercial e editorial. "A decisão de publicar o anúncio, tomada pela área comercial, respalda-se em critérios que a empresa aplica para abrir seu espaço publicitário, caracterizado como tal e apresentado ao leitor sem qualquer tentativa de criar confusão com o editorial". Essa independência é crucial tanto para a Redação quanto para o comercial. Mas, o departamento comercial precisa analisar com mais critério o material que chega para que uma publicação não manche toda uma trajetória construída pela empresa.

Sobre isso, o diretor Alexandre Medina Néri informou que a diretoria de Negócios, Marketing e Projetos Especiais seguiu as recomendações da empresa, incluindo o envio da peça ao Departamento Jurídico, antes da publicação. "O POVO entende que os anunciantes têm o direito de comunicar, desde que seguidas as recomendações do jornal. E continuará com o indispensável cuidado e a necessária atenção para avaliar se os anúncios não ferem fundamentos constitucionais, não vão de encontro aos direitos humanos ou a quaisquer outros princípios que regem O POVO", destacou o diretor. Importante que essa conduta seja seguida e que a anúncios com informações falsas como este sejam mais criteriosamente analisados e dispensados.

No fim, a publicação, tanto da matéria, quanto do editorial, foi uma forma de reestabelecer o diálogo com os leitores. Um deles, inclusive, encaminhou mensagem após a publicação da matéria. "Com a publicação em destaque desta matéria O POVO deixa claro o seu compromisso com os fatos e a correta informação de seus leitores, o que é premissa fundante do jornalismo sério que, há mais de três décadas, me cativou e me fidelizou como leitor".

ATENDIMENTO AO LEITOR

DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 8H ÀS 14 HORAS

"A Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por acordo entre as partes. Tem status de editora, busca a mediação entre as diversas partes. Entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Ela também chefia área editorial focada na experiência do leitor/assinante e que tem como meta manter e ajustar o equilíbrio jornalístico a partir das demandas recebidas e/ou percebidas. Tem estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO".

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