É doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro de contos
É doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro de contos
Estamos no período dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). A campanha iniciada em novembro é finalizada no dia 10 de dezembro, data que comemora a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Durante os 21 dias, algumas datas foram estrategicamente planejadas com o intuito de visibilizar questões importantes para a erradicação da violência contra as mulheres.
Entre essas datas, destaco o dia 25 de novembro — Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres — e o dia 6 de dezembro — dia dos homens pelo fim da violência, o qual se convencionou chamar de “Campanha do Laço Branco”.
Infelizmente, um dia após o início da campanha, a jovem Catarina Kasten foi vítima de feminicídio e o mês de novembro já acumula inúmeros casos de violência contra as mulheres. Segundo dados da ONU Mulheres, todos os dias mais de 137 mulheres em todo o mundo são assassinadas por um parceiro ou membro da família.
A campanha dos 21 dias foi incorporada pelo Estado brasileiro, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Central Única dos Trabalhadores, a exemplo de outras entidades, vem promovendo ações com o intuito de conscientizar homens e mulheres acerca dos diferentes tipos de violência.
A violência contra as mulheres integra um legado de relações assimétricas estabelecidas nos planos estrutural, institucional e interpessoal. As relações desiguais entre homens e mulheres coexistem com sistemas políticos democráticos ou autoritários.
O sociólogo americano Bruno Lasker esclarece que há uma enorme diferença entre aceitar o ideal democrático para a sociedade como um todo e estar disposto a aceitá-lo como guia para a conduta pessoal diária de cada um.
Desse modo, a democracia no espaço público pode conviver com um padrão de masculinidade totalitário impresso nas relações de gênero.
Nessas relações marcadas por desigualdade, não há espaço para o afeto, a alteridade e o apoio mútuo entre homens e mulheres, pois a violência de gênero é culturalmente determinada e constantemente reforçada.
Nesse contexto, o processo de objetificação feminina alcança seu ápice no descarte da vida da mulher, evidenciando uma contradição profunda entre a igualdade formal garantida pela Constituição e a desigualdade fática vivida cotidianamente.
Políticas de discriminação positiva, como a cota de gênero na política, embora visem corrigir assimetrias históricas, têm gerado como efeito colateral a intensificação da violência política de gênero.
O advento da internet, por sua vez, vem propiciando a amplificação de discursos misóginos que, por meio de um projeto deseducador, vem construindo nas novas gerações um padrão de masculinidade pautado na dominação e violência contra as mulheres.
Esse lamentável fenômeno trouxe como consequência o triste diagnóstico de que, pela primeira vez, a geração atual é mais misógina que as gerações passadas, o que impõe novos desafios para aqueles que concebem e implementam políticas públicas.
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