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Do passado ao presente: um breve histórico da luta contra o racismo na NBA
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Jornalista formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Apaixonada por basquete, foi repórter do NBB em Fortaleza. Primeira mulher a comentar uma partida de futebol na TV cearense. Autora do livro A Verdadeira Regra do Impedimento, sobre a história do futebol feminino estadual

Do passado ao presente: um breve histórico da luta contra o racismo na NBA

Desde a década de 1960, atletas negros conseguem usar a própria voz para lutar por igualdade de tratamento. A própria liga também evoluiu nesse sentido

A derrota nos pênaltis da Inglaterra para a Itália na final da Eurocopa foi o estopim de uma série de ofensas racistas contra Rashford, Sancho e Saka. Os três jovens, negros, erraram suas respectivas cobranças, e os agressores atribuíram o insucesso à cor da pele. A Uefa manifestou repúdio às ofensas, mas o órgão não costuma ir muito além disso para punir colaboradores envolvidos em atos semelhantes. Usando casos bem recentes: o quarto árbitro do duelo entre PSG e Basaksehir foi afastado até o final da temporada; um jogador do Slavia Praga foi afastado por 10 jogos; e por comportamento racista e homofóbico da torcida, a seleção da Hungria foi penalizada com a incrível marca de dois jogos sem público.

Jogadores da NBA se juntaram aos protestos contra violência policial racista nos Estados Unidos na temporada passada
Foto: Kevin C. Cox/Getty Images/AFP
Jogadores da NBA se juntaram aos protestos contra violência policial racista nos Estados Unidos na temporada passada

Não só no basquete, como no universo esportivo, a NBA é considerada um exemplo na luta contra o racismo, mas muito precisou ser construído nos anos 1960, uma década onde a segregação racial nos Estados Unidos atingia o ápice. Bebedouros diferentes, e hotéis e lanchonetes que se recusavam a servi-lo — apenas alguns exemplos do que um negro (ainda que atleta em ascensão) precisava enfrentar na época.
Elgin Baylor e Oscar Robertson foram alguns jogadores que lutaram contra o cenário imposto, mas o divisor de águas foi o pivô do Celtics Bill Russell.

Russell praticamente abriu as portas para demais atletas negros pela sua importância na verticalização (tocos, enterradas) da liga. Paralelamente, era uma marcante voz antirracista e se recusou mais de uma vez a entrar em quadra ao ter seus direitos civis negados. Nas décadas seguintes, nomes como Kareem Abdul-Jabbar seguiram como vozes ativas do movimento que de forma alguma ficava restrito às linhas da quadra.

Esse alicerce criado ajudou com os casos que insistem em acontecer. Um exemplo marcante é o de Donald Sterling. Em 2014, o então presidente do LA Clippers teve gravações divulgadas nas quais pedia à namorada para não publicar fotos acompanhada de pessoas negras — o que reforça que o racismo não atinge apenas a classe social mais baixa, já que na foto em questão, a jovem estava ao lado de Magic Johnson, considerado o melhor armador da história. Dias depois, Sterling foi banido pela NBA e obrigado a vender a franquia.

E ainda há espaço para a história que segue sendo feita no presente. A violência policial contra Jacob Blake, um jovem negro baleado sete vezes, causou o adiamento do jogo entre Bucks e Orlando Magic, em decisão histórica dos jogadores de Milwaukee. A postergação causou um efeito dominó de protestos que chegou, inclusive, a outros esportes. A própria “bolha” onde a fase final da edição (que havia sido paralisada pela pandemia) foi realizada trazia mensagens antirracistas nas quadras e nas camisas, por exemplo, e só aconteceu porque os jogadores, que estavam presentes na onda de manifestações das ruas, acataram que esse espaço seria um meio importante de divulgação da causa.

A NBA ainda tem muitos pontos passíveis de melhoria, mas a maior diferença é a voz que os atletas possuem, muito pelo respaldo da NBPA , um “sindicato” da categoria que une atletas das ligas masculina e feminina. A força vem da coletividade. E esse é, de fato, o maior exemplo para outras ligas.

Foto do Karine Nascimento

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