Com formação em desenvolvimento mobile pelo IFCE e pela Apple Academy, junto ao seu conhecimento em Design e Animação, atuação em UI|UX e experiência na criação de aplicativo móveis, fundou a Startup Mercadapp. É amante dos livros, da música, do teatro e do ballet. Tudo isso sempre junto e misturado a tecnologia e inovação. Escrever sempre foi seu refúgio dentro dessa jornada tão desafiadora, que é ser uma jovem mulher empreendedora
Há mensagens que chegam meses depois, chamadas de vídeo inesperadas, presentes que cruzam o oceano, risadas enviadas por áudio. Pequenos gestos que dizem: a conexão ainda existe
Foto: Acervo pessoal
Mas ter amigos espalhados pelo mundo é também um exercício de saudade
Há algo de curioso nas amizades que a gente faz longe de casa. Elas nascem rápido, como se o tempo em outro país tivesse uma urgência diferente. Talvez seja porque, quando estamos fora, estamos mais abertos, menos presos às rotinas, mais atentos às pessoas e em muitos casos, temos mesmo um tempo mais curto.
É um tipo de conexão que surge no intervalo entre o novo e o familiar, quando o sotaque de alguém soa como um abrigo temporário.
Fazer amigos em outros países é, antes de tudo, um exercício de curiosidade. São pessoas com histórias, hábitos e visões de mundo que, de repente, se cruzam com as nossas em uma esquina de Madri, numa aula na Austrália, num mergulho nas Filipinas ou em uma mesa compartilhada em Paris.
Às vezes, começa com uma pergunta simples: “de onde você é?” e termina em risadas, confidências, planos e promessas de reencontro em algum outro ponto do mapa.
Mas manter esses laços exige esforço. Há desencontros, rotinas diferentes, horários que não coincidem. Ainda assim, as amizades que sobrevivem a esses silêncios provam que afeto não precisa de geografia.
Há mensagens que chegam meses depois, chamadas de vídeo inesperadas, presentes que cruzam o oceano, risadas enviadas por áudio. Pequenos gestos que dizem: a conexão ainda existe.
Com o tempo, percebi que ter amigos espalhados pelo mundo é como ter pedacinhos de casa em lugares diferentes.
Quando volto a um país e sei que alguém querido está lá, a cidade muda de cor. Já não é mais um destino, é um reencontro. E, ao mesmo tempo, é bonito saber que há pessoas que seguem torcendo por mim de longe, em outro idioma, outro fuso, outra vida, mas com o mesmo carinho de sempre.
Lembro do meu intercâmbio na Austrália, quando conheci pessoas de lugares tão diferentes que era quase impossível encontrar um idioma comum, já que estávamos todos ali para aprender o idioma universal, o inglês. Mas mesmo assim nos entendíamos, entre risadas, mímicas e gaguejos.
No meu intercâmbio na Espanha, também não foi muito diferente, mas dessa vez, quando nos faltava o espanhol, todos falavam muito bem o inglês.
Inclusive melhorei muito minha naturalidade no inglês lá. Fui aprender espanhol e voltei falando melhor inglês, mas não me arrependo. Porque foi na Espanha que fiz amigos para a vida. Um deles, um colega que virou amigo, me levou a um show de flamenco em uma casa pequena, escondida no coração da cidade.
Foi ali, batendo palmas fora do compasso, que percebi: amizade é isso, estar presente, mesmo sem entender todas as palavras em uma única língua.
E houve também o mergulho nas Filipinas, onde conheci um grupo de viajantes que parecia ter o mesmo amor pelo mar. Foram dias dividindo mergulhos, barcos, histórias e silêncios.
Quando fizemos uma fogueira beira mar e dormimos em cabanas na nossa primeira noite, ninguém disse nada, só nos olhamos e sorrimos. Aquele instante bastou para selar um vínculo que, até hoje, sobrevive em mensagens trocadas de vez em quando, com fotos de oceanos diferentes.
Mas ter amigos espalhados pelo mundo é também um exercício de saudade. A distância ensina que o tempo é outro: não se cobra presença, valoriza-se o encontro, não importa quando ou onde. Não são raras as vezes em que, meses ou anos depois, basta um “Oi, lembra de mim?” para reacender vínculos profundos.
No fim, o mais bonito de ter amigos de tantos lugares é perceber que, apesar das diferenças, o que nos conecta é universal: o riso, o cuidado, a saudade.
É saber que, mesmo longe, há pessoas que lembram da gente quando veem o mar, ou ouvem uma música, ou tomam um café e sorriem sozinhas. E saber também que levo até eles, uma cultura tão linda e tão rica como a nossa, brasileira.
Porque, no fim, as amizades que cruzam oceanos nos lembram que pertencemos a mais de um lugar, e a mais de uma versão de nós mesmos. Amizades que não desafiam só a distância; desafiam nossas certezas, nossos limites, e ensinam: o estrangeiro logo deixa de ser estranho; vira amigo, vira lar.
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