Com formação em desenvolvimento mobile pelo IFCE e pela Apple Academy, junto ao seu conhecimento em Design e Animação, atuação em UI|UX e experiência na criação de aplicativo móveis, fundou a Startup Mercadapp. É amante dos livros, da música, do teatro e do ballet. Tudo isso sempre junto e misturado a tecnologia e inovação. Escrever sempre foi seu refúgio dentro dessa jornada tão desafiadora, que é ser uma jovem mulher empreendedora
Foto: Acervo pessoal
Um respiro entre duas margens
No meio da minha viagem intensa por Buenos Aires, cheia de museus, cafés, milongas e quilômetros caminhados, eu decidi fazer algo que toda viajante sensata deveria considerar: tirar um dia de férias da própria viagem.
E foi assim que, numa manhã clara, embarquei no ferry rumo ao Uruguai para conhecer Colonia del Sacramento. Um bate e volta de uma hora, que parece muito mais uma travessia no tempo do que no Rio da Prata.
Colônia é o tipo de cidade que te recebe com um suspiro. Fundada em 1680 pelos portugueses, disputada depois pelos espanhóis, ela viveu décadas de “vai e vem” colonial que explicam seu charme meio híbrido, meio desalinhado, totalmente encantador.
O centro histórico é Patrimônio Mundial da Unesco desde 1995, e basta pisar no bairro histórico para entender por quê: ruas de pedra irregulares, casinhas baixas, ruínas preservadas e aquele silêncio bom, que parece dizer “calma, aqui ninguém está com pressa”.
E eu obedeci. Passei o dia desacelerando, literalmente, porque aquelas pedras portuguesas tortas não permitem outra coisa. Caminhei pela Calle de los Suspiros, que carrega um nome dramático o suficiente para qualquer cronista se apaixonar.
Caminhei as margens do Rio da Prata vendo ele se estender como um mar sem fim. Me sentei em um café que parecia existir apenas para quem esqueceu o relógio. Foi um dia em que a minha única obrigação era respirar fundo e deixar a luz dourada bater no rosto.
Entre uma esquina fotogênica e outra, pensei no quão raro é ter o privilégio de pausar a própria viagem. Buenos Aires é apaixonante, e intensa, mas Colónia me lembrou que toda experiência precisa de um intervalo. Que viajar também é isso: alternar ritmo, permitir-se o vazio, ouvir o barulho do vento em vez do barulho da cidade.
Na volta, o ferry estava tomado por pessoas em estado de “leve coma turístico”: cabelos bagunçados, olhares sonolentos e aquela vibe universal de quem passou horas sob o sol tirando fotos que ficaram iguais. Inclusive eu. Nada mais democrático que o cansaço pós-passeio.
Colônia terminou sendo, para mim, a lembrança perfeita de que viagens não precisam ser corridas para serem ricas. Às vezes, o que marca é justamente o dia em que você escolhe fazer menos. Em que você atravessa um rio só para sentar à sombra de uma árvore e olhar a vida acontecer devagar.
Voltei para Buenos Aires com a sensação deliciosa de ter apertado um botão invisível de “reset”. Mais leve, mais presente, mais atenta. E com a certeza de que, entre uma grande capital e um pequeno vilarejo, sempre vale atravessar uma fronteira quando quem precisa respirar é você.
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