Com formação em desenvolvimento mobile pelo IFCE e pela Apple Academy, junto ao seu conhecimento em Design e Animação, atuação em UI|UX e experiência na criação de aplicativo móveis, fundou a Startup Mercadapp. É amante dos livros, da música, do teatro e do ballet. Tudo isso sempre junto e misturado a tecnologia e inovação. Escrever sempre foi seu refúgio dentro dessa jornada tão desafiadora, que é ser uma jovem mulher empreendedora
A acústica do Colón é considerada uma das melhores já criadas, a ponto de muitos cantores líricos dizerem que cantar ali é quase um superpoder: a voz simplesmente voa
Assistir a uma ópera pela primeira vez já seria especial em qualquer lugar do mundo. Mas fazer isso no Teatro Colón, em Buenos Aires, um dos teatros de ópera mais importantes do planeta, é começar pelo topo. É quase como aprender a nadar direto no mar azul de Fiji: ninguém recomenda, mas quando dá certo, você nunca mais esquece.
O Colón impõe respeito antes mesmo de você atravessar a porta. Inaugurado em 1908, levou quase duas décadas para ficar pronto e reuniu arquitetos italianos, franceses e belgas ao longo da construção.
Resultado: um prédio que parece ter sido projetado por um comitê internacional que só tinha uma missão: criar um dos melhores teatros do mundo. E eles conseguiram.
Foto: Acervo pessoal
Uma estreia dentro da estreia
A acústica do Colón é considerada uma das melhores já criadas, a ponto de muitos cantores líricos dizerem que cantar ali é quase um superpoder: a voz simplesmente voa.
A ópera, por sua vez, é esse universo antigo, dramático, exagerado e absolutamente fascinante. Uma mistura de teatro, canto, música, orquestra, cenografia e emoção que existe desde o final do século XVI.
Eu escolhi assistir Salomé, de Richard Strauss, uma ópera curta, forte e intensa. Baseada na história bíblica em que Salomé dança para Herodes e exige, como prêmio, a cabeça de João Batista.
Numa ópera tudo é grandioso: as histórias, os figurinos, as vozes e as mortes dramáticas, porque sempre tem uma morte dramática. E claro, na minha vez teria que ter também, e ainda bem que teve, se não eu ia ficar chateada. Mas o que ficou aqui dentro mesmo, foi a sensação de que você está vendo algo que atravessou séculos e continua ali, firme, poderoso. E lá estava eu: estreando junto com a própria ópera da noite.
Eu, que achava que entendia de intensidade, descobri que não sabia de nada. No Colón, tudo ganha outra escala. O teto dourado, as luzes quentes, a orquestra afinando, o público elegantemente empolgado… Eu me senti vivendo uma tradição que não era minha, mas que por duas horas me adotou.
E o encantamento foi tão grande que, dois dias depois, voltei. Dessa vez sob a luz do dia, para fazer o tour guiado e conhecer cada detalhe do teatro com calma.
Percorri salões, escadarias e corredores como quem volta para encontrar algo que ainda não terminou de entender. Porque o Colón é assim: fui assistir a uma ópera e achando que ia ver tudo até descobrir que o prédio inteiro também é um grande espetáculo.
O mais curioso é que, ao contrário do que eu imaginava, a ópera não exige que você saiba tudo, ela te convida a sentir. E eu senti.
Do primeiro acorde aos aplausos finais, aquela experiência me atravessou em camadas. Não só porque era minha primeira vez, mas porque eu acredito que o Colón tem esse talento de transformar qualquer estreia em momento histórico pessoal.
Saí de lá com a sensação de que tinha entrado um pouco turista e saído um pouco mais participante. Como se uma parcela da cultura universal tivesse decidido fazer morada em mim. E, claro: já querendo assistir outra. Porque viver experiências novas é assim, você acha que é uma vez na vida. Até descobrir que é só o começo.
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