Com formação em desenvolvimento mobile pelo IFCE e pela Apple Academy, junto ao seu conhecimento em Design e Animação, atuação em UI|UX e experiência na criação de aplicativo móveis, fundou a Startup Mercadapp. É amante dos livros, da música, do teatro e do ballet. Tudo isso sempre junto e misturado a tecnologia e inovação. Escrever sempre foi seu refúgio dentro dessa jornada tão desafiadora, que é ser uma jovem mulher empreendedora
Escolhi Buenos Aires para celebrar meu aniversário de 30 anos, e como eu já esperava, eles já me receberam em festa. Quando o avião pousou, a cidade estava vibrando com a Marcha del Orgullo.
Eu praticamente desembarquei direto na Avenida de Mayo, tomada por música, bandeiras, glitter e um sentimento genuíno de liberdade. Era impossível não ser atravessada por aquela energia, uma mistura de protesto, celebração e pertencimento. Começar a viagem assim, no ritmo da cidade, deu o tom dos oito dias que viriam.
Buenos Aires sempre foi uma cidade de histórias intensas. Fundada em 1536, reconstruída, disputada, transformada, ela cresceu absorvendo influências europeias sem perder a alma latino-americana.
Caminhar pelo centro histórico é confirmar isso: a Casa Rosada, palco de discursos que mudaram rumos políticos; a Plaza de Mayo, cenário de protestos desde o período colonial; e o Obelisco, ícone erguido em 1936 para marcar os 400 anos da fundação da cidade. Tudo ali respira passado e, ao mesmo tempo, pulsa presente.
Durante o dia, explorei feiras, cafés, museus, mas foram as noites que realmente revelaram um lado mais profundo de Buenos Aires.
Começando pela Ópera que comprei para assistir no Teatro Cólon, além disso, assisti a um espetáculo de tango no El Almacén, um dos mais tradicionais da cidade. Lá, o tango não é só dança, é memória viva. O ambiente antigo, a música ao vivo, o clima intimista… tudo parecia suspenso no tempo. Era como estar dentro da história e não apenas assistindo a ela. Bem como eu gosto.
Mas Buenos Aires também tem seu lado contemporâneo e eu fiz questão de viver isso. Fui a uma milonga (baile tradicional de tango onde as pessoas se reúnem para dançar) queer na Casa Brandon, um espaço cultural que abraça todas as identidades. Foi uma das experiências mais especiais da viagem: ver casais reescrevendo regras e tradições com naturalidade e afeto.
Ali, percebi como a cidade consegue unir tradição e liberdade de uma forma muito própria. E ainda tive a inusitada notícia de que na minha última noite, aconteceria a noite no museu de Buenos Aires, e claro que eu marquei presença. Já tinha participado da noite no museu em Amsterdã e fiquei muito contente em saber que aconteceria também ali.
Já pelas belíssimas manhãs, me deixei levar pelo prazer das caminhadas. A Feira de San Telmo, com seus antiquários e objetos improváveis, parecia um museu a céu aberto.
No Caminito, entre casas coloridas e artistas de rua, a herança do tango aparecia de forma mais popular e espontânea. Claro que também estive nos museus, porque Buenos Aires entende de arte: do MALBA ao Museu Nacional de Belas Artes, tudo parecia convidar a permanecer mais tempo do que o planejado.
E, como sempre, observei. Observei a forma como os portenhos ocupam os cafés por horas, como caminham rápido mas param para conversar, como a cidade pode ser intensa sem ser caótica. Buenos Aires tem essa particularidade: ao mesmo tempo que te envolve, ela também te dá espaço para ser você.
No fim de um dos dias, fui contemplar o pôr do sol de Puerto Madero. O céu dourado se refletia nos prédios de vidro enquanto eu caminhava pela orla, deixando o vento leve misturar luz e silêncio.
Depois, me entreguei a um jantar daqueles que só Buenos Aires sabe oferecer: carne macia, suculenta, feita no ponto perfeito, acompanhada de um vinho argentino que parecia resumir a cidade inteira em um gole.
Oito dias depois, eu tinha a sensação de que vivi mais do que uma viagem, vivi camadas da mesma cidade. A histórica, a política, a artística, a noturna, a queer, a afetiva. Buenos Aires não se revela de uma vez. Ela se abre aos poucos, e quando você percebe, já criou laços.
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