Marília Lovatel cursou Letras na Universidade Estadual do Ceará e é mestre em Literatura pela Universidade Federal do Ceará. É escritora, redatora publicitária e professora. É cronista em O Povo Mais (OP+), mantendo uma coluna publicada aos domingos. Membro da Academia Fortalezense de Letras, integrou duas vezes o Catálogo de Bolonha e o PNLD Literário. Foi finalista do Prêmio Jabuti 2017 e do Prêmio da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil – AEILIJ 2024. Venceu a 20ª Edição do Prêmio Nacional Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil - 2024.
"Existem sim muitas diferenças. Contudo, somos o espelho uma da outra. Ela é tia dos meus filhos e filha dos meus pais..."
Sempre tive uma irmã. Única. É praticamente verdade, porque, entre o meu nascimento e o dela, a distância é pequena. Tanto assim que, no registro da minha memória, existe desde o início a sua presença ao meu lado.
Nasci primeiro. A nossa diferença é de um ano e dois meses. Ela gosta de abacate, eu não gosto. Eu calço 35, ela não. Nunca voei em um balão pelo céu da Capadócia, ela nunca caiu de um cavalo branco montado sem sela. Ela tirou as amígdalas; eu, o apêndice.
Ela é do tipo atlética, eu sou do tipo poética. Já roubei roupas de suas gavetas — coisa de adolescente —, alguns livros ela não me devolveu — isso é recente. Compartilhamos amigos e não os sapatos.
Temos as mesmas memórias de infância e vizinhos diferentes. Ela mora na serra fluminense; eu, na capital cearense. Eu sou de libra; ela, sagitário. Ela é destemida e eu sou distraída. Ela é segura.
Eu sou literatura. Ela faz cerâmica. Eu acho bonito tudo que ela faz. Ela tinge os cabelos. Disso eu me livrei. Ela pinta os pássaros que vê pela janela. Eu invento asas, as páginas são as minhas telas. Ela cria com argila; eu, com palavras.
Ela torce pelo time, eu torço para que acabe o jogo. Sou das que colecionam: caixas, cartões, fitas e embalagens de presente; ela, das que confeccionam. Ela testa receitas de chef; eu, no máximo, testo o medo de acender as bocas do fogão.
Ela se queixa de dores crônicas em sua coluna, eu converto alegrias e dores em crônicas para publicar na minha coluna.
Existem sim muitas diferenças. Contudo, somos o espelho uma da outra. Ela é tia dos meus filhos e filha dos meus pais.
Eu vim ao mundo no fim de setembro; ela, no começo de dezembro. Celebrar a sua vida é celebrar a minha também. Ela é a irmã por quem nutro um amor profundo e a aniversariante deste fim de semana. Felicidades, Flavinha.
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