Marília Lovatel cursou Letras na Universidade Estadual do Ceará e é mestre em Literatura pela Universidade Federal do Ceará. É escritora, redatora publicitária e professora. É cronista em O Povo Mais (OP+), mantendo uma coluna publicada aos domingos. Membro da Academia Fortalezense de Letras, integrou duas vezes o Catálogo de Bolonha e o PNLD Literário. Foi finalista do Prêmio Jabuti 2017 e do Prêmio da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil – AEILIJ 2024. Venceu a 20ª Edição do Prêmio Nacional Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil - 2024.
Fomos abençoados pelo elo que, de fato, liga pais e filhos. Esse que não se desfaz na ausência, não se perde no tempo, não se apaga na distância
Foto: Divulgação/Pexels/Juan Pablo Serrano
#ParaTodosVerem: uma mão adulta aberta está voltada para cima, e sobre ela repousa uma pequena mão de criança
Você sabe, pai, que a gente vem conversando muito dentro de mim. E que esses nossos diálogos dispensam palavras, embora eu ouça a sua voz com frequência e limpidez. Nem preciso imaginar a sua opinião sobre algo que me encanta ou me assusta, pois o seu pensar se manifesta no meu.
Não é necessário fechar os olhos para ver com os seus. Fomos abençoados pelo elo que, de fato, liga pais e filhos. Esse que não se desfaz na ausência, não se perde no tempo, não se apaga na distância. Ao contrário, aproxima tanto a ponto de unir dois seres em um. Por isso, reconheço os seus gestos nos meus, as suas reações nas minhas.
Já rimos juntos, inclusive, no usufruto de uma cumplicidade para a qual não busco explicação. Talvez forjada em nossos acertos e erros, nas minhas teimosias que o tiravam do sério, na sua alegria ao ouvir o meu nome vencer o primeiro concurso — aquele seu grito nos surpreendeu.
Não esperávamos o estouro da emoção contida, a materialização de um orgulho mútuo até então desconhecido. Não foi fácil aprender a andar no campo minado de ser sua filha. Não foi simples enfrentar os desafios de ser meu pai.
Talvez tenhamos passado a vida a construir essa relação definitiva, um entendimento gradativo cujo ápice só pôde ter lugar no encontro de nossas almas.
A transcendência do amor não está em permanecer após a morte, mas em se expandir depois dela, de modo a romper os limites dos corpos, desmentir a lei da física sobre a ocupação de dois indivíduos no mesmo espaço. Cada vez somos mais parecidos em virtudes e defeitos. Hoje nos sabemos e nos amamos como nunca.
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