Depois de ouvir o 150º pitch… Dicas para apresentação de startups
Mentor e conselheiro de startups há mais de quatro anos, formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e com especializações pela UFRJ e Unyleya. Hoje, atua como diretor de Operações da Casa Azul Ventures, já tendo mentorado mais de 100 startups e avaliado mais de 1.000 em diversos programas nacionais e internacionais. Também atua como gerente de Novos Negócios no Grupo de Comunicação O POVO.
Depois de ouvir o 150º pitch… Dicas para apresentação de startups
Se você está investindo o seu e o meu tempo para apresentar seu negócio, você precisa ter claro em mente o que você quer de mim e daqueles que o escutam
Um dos aspectos que os empreendedores mais trabalham em sua jornada é explicar o que ele está fazendo e como ele está fazendo. Nos corredores do Venture Capital, chamamos carinhosamente de “pitch”. Tal narrativa pode ser de 30 segundos, 15 minutos ou 2 horas (depende do foco e objetividade do narrador).
Mesmo assim, prestando atenção em mais de 150 pitches na minha história de Venture Builder, ainda vejo erros recorrentes, que minimamente sinto que o empreendedor não fez o dever de casa na hora de criar seu negócio.
Abaixo seguem minhas vistas e sentimento do ambiente de startups.
OK sua ideia, mas e qual o problema do cliente?
Isso é quase um mantra no mundo das startups, mas parece que simplesmente pulam essa etapa do processo. Pensam na tecnologia, na escalabilidade e até desenham tamanho de mercado.
A startup tem identidade visual e tudo, mas não resolve um problema real. Aí no meio do caminho a gente vê empreendedores “caçando” problema para fazer a solução fazer sentido.
Tem um problema, mas ele é grande o suficiente?
Tudo bem faltar informações para trabalhar tamanho mercado, mas minha preocupação também fica no cliente que sofre com aquilo. O fato dos clientes terem um problema não significa que eles irão pagar pra você resolvê-lo.
Empreendedores aparecem com muitos problemas que são apenas “achismos”, sem de fato ter uma percepção aprofundada de quem pagaria por aquele tipo de solução.
Você sabe se muitas pessoas sofrem com esse problema?
Se seu problema é extremamente específico e o número de pessoas que sofrem com ele é pequeno, pense com carinho se de fato você está construindo uma startup (com propósito de ser repetível e escalável).
Talvez você esteja montando uma OSCIP, ONG ou microempresa (e entendam, esse modelo de negócio pode ser muito melhor para você e para seus clientes).
Essa questão traz um reflexo direto na próxima, e que também traz reflexo direto sobre o empreendedor
E para mim, sim, penso na empresa, mas principalmente naqueles que a conduzem. Se o modelo de negócio não paga as contas dos fundadores e daqueles que mais se dedicam à ela, uma hora a motivação acaba e o dinheiro também.
Semente o que escuto é: “A empresa está se pagando, estamos no zero a zero. Mas o salário do empreendedor? Ah não, não estamos tirando nenhum dinheiro, pro negócio se sustentar”.
Você tem a competência para resolver esse problema?
E aqui, empreendedores de startups se magoam. Pois julgar a competência passa por vários aspectos psicológicos e até traumas que não cabe aqui falar.
A preocupação, não é apenas saber se o empreendedor é competente ou não. A questão é saber se o empreendedor é maduro o suficiente para entender suas fortalezas e suas limitações. Se ele se achar autossuficiente e que não precisa de ajuda, talvez ainda falte maturidade e não competência.
Saber se você é bom o suficiente (ou não) para resolver esse problema, geralmente é a chave do negócio.
OK, check list feito… O que você queria me falar com esse pitch?
A cada 10 pitches que eu escuto, seis não fazem ideia do que pedir de ajuda, três querem dinheiro (mas sem um plano).
Se você está investindo o seu e o meu tempo para apresentar seu negócio, você precisa ter claro em mente o que você quer de mim e daqueles que o escutam.
Pedir feedbacks do modelo de negócio apenas me faz reforçar o quanto que você pode não ter feito o dever de casa, e talvez queira que eu pense pra você.
Talvez eu sugira algo, mas a minha chance de errar é muito maior do que de acertar (afinal, me dediquei uma hora pra te ouvir e pensar sobre).
Bem, desabafo feito, continuarei ouvindo pitches e mais pitches, pois isso me motiva e me empolga. Que venham os próximos 150, ou 1.500.
Quer mandar seu pitch? Me chame em: mauricio.cardoso@casaazul.vc
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