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Indústrias têxtil e calçadista: impactos da pandemia
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Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

Indústrias têxtil e calçadista: impactos da pandemia

Tipo Opinião

A queda do emprego formal foi registrada nos diferentes setores da economia. Na indústria cearense, por exemplo, foram perdidos 14.994 postos de trabalho no período entre janeiro e julho de 2020; quase um terço desse resultado é oriundo dos segmentos calçadista (19,1%) e têxtil (13%).

Os números, que fazem parte do estudo "Indústrias têxtil e de calçados - dimensão e característica do emprego", elaborado por Erle Mesquita, analista de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), dão uma dimensão do peso desses dois setores - a área de calçados, com maior relevância no interior do Estado, e a atividade têxtil mais centrada na Região Metropolitana de Fortaleza.

Ambos os segmentos seguem agora em um caminho reverso de recuperação, principalmente nas áreas mais próximas à Capital e ao Porto do Pecém. As exportações são fundamentais nesse processo, motivando a produção e a geração de postos de trabalho, apesar do impacto da crise sanitária na economia.

Atividades relacionados a fabricação de calçados contribuíram para o desempenho positivo no setor industrial cearense.
Foto: Arquivo / O POVO ONLINE
Atividades relacionados a fabricação de calçados contribuíram para o desempenho positivo no setor industrial cearense.

Salário 1

DESNÍVEL INJUSTO

O Ceará é o segundo estado com maior volume de empregos na área calçadista do País, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul. Os resultados locais são surpreendentes no setor, superando até o estado de São Paulo em quesitos como exportações de pares de sapatos.

Apesar disso, ainda existem muitos desafios. "Os trabalhadores locais têm mais tempo de emprego e maior escolaridade que do trabalhadores de outras regiões, mas possuem menores salários", destaca Erle Mesquita. Pelo estudo, o trabalhador da indústria de calçado cearense recebe 71% menos que o gaúcho. O que motiva esse desnível salarial?

Salário 2

NECESSIDADE DE NOVAS POLÍTICAS

Uma conclusão à qual podemos chegar, ao pensar esses dados sobre o emprego, principalmente na área calçadista, é que ocorreram muitas vitórias nesse processo de industrialização, considerado estratégico para o desenvolvimento do Estado. Diferente da indústria têxtil, que tem tradição no Ceará desde o século XIX, a vinda de empresas calçadistas é fruto do trabalho de atração de negócios realizado nas últimas três décadas; atualmente, essa atividade é fundamental para a criação de postos de trabalho. Apesar disso, é visível a dificuldade de se buscar outras políticas, cujos resultados efetivamente melhorem o padrão dos rendimentos.

Mário Gurjão
Foto: divulgação
Mário Gurjão

Parceria

INOVAMUNDO e TDS COMPANY

O Inovamundo, bureau de desenvolvimento de negócios cearense, fechou parceria com a empresa pernambucana TDS Company, do Porto Digital. As companhias atuarão juntas para fortalecer e fomentar a inovação no Ceará. Um dos sócios da Inovamundo, Mário Gurjão, acredita que será possível ampliar os processos de inovação no estado, que ganharam mais velocidade com a pandemia. 

Turismo

PERDAS DE R$ 4 BI

O setor de turismo do Ceará apresentou perdas equivalentes a R$ 4,01 bilhões no período entre março e junho, segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). A gravidade da crise impactou diretamente no mercado de trabalho: os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam um encolhimento de 12,8% no número de ofertas de vagas em todo o País. São Paulo e Rio de Janeiro concentraram as maiores perdas, ocorridas principalmente nas áreas de bares e restaurantes, hotéis e transporte rodoviário.

Retomada

COMÉRCIO PROJETA MELHORA

A boa notícia de toda essa conjuntura de crise é que, gradativamente, as atividades mostram reação. O comércio, por exemplo, segue diminuindo a margem de prejuízos, embora os valores das perdas sejam enormes, com um total acumulado de prejuízos de R$ 316,2 bilhões em todo o País, conforme cálculos da CNC.

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