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Um inimigo silencioso que apaga a memória
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Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno

Neila Fontenele ciência e saúde

Um inimigo silencioso que apaga a memória

O Ministério da Saúde estima que 1,2 milhão de pessoas vivem com a Doença de Alzheimer no país
Norberto Frota, médico neurologista (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Norberto Frota, médico neurologista

Imagine construir uma carreira, uma família, e de repente ser destituído das suas próprias escolhas, da sua memória e de quase tudo que você edificou. Enquanto o mundo se deslumbra com as facilidades tecnológicas, os processos demenciais no século XXI operam quase como uma maldição silenciosa.

As condições neurodegenerativas que afetam a memória, o pensamento e o comportamento não são novidade. Contudo, há uma situação grave que afeta milhares de famílias em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, o índice de diagnósticos ainda é alarmantemente baixo. O Ministério da Saúde estima que 1,2 milhão de pessoas vivem com a Doença de Alzheimer no País.

Um apelo global por ação

A preocupação com o tema é mundial. Norberto Frota, médico neurologista e diretor da Associação Brasileira de Alzheimer, destaca a mobilização das sociedades médicas e da Organização Mundial de Saúde (OMS) para enfrentar essa realidade.

Em uma entrevista ao programa Ciência & Saúde, da Rádio OPOVO/CBN, Frota lembrou uma conquista recente: a aprovação da Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências no Brasil, em 2024.

A Lei nº 14.878/2024 é um marco. Ela busca construir um plano de ação conjunto, envolvendo poder público, prestadores de serviço, comunidade acadêmica e sociedade civil, para enfrentar as demências de frente. O Brasil, inclusive, é signatário de um acordo internacional cujo prazo para a entrega desse plano termina este ano.

Apesar do avanço do ponto de vista normativo, Frota alerta: a lei ainda consta apenas no papel. "O Ceará e o Rio Grande do Sul saíram na frente na linha de cuidados e estão sendo trabalhadas normativas para o treinamento das equipes de saúde em grandes hospitais da rede pública", reforça o neurologista, indicando um caminho a ser seguido por outros estados.

A realidade crua dos cuidadores

Mesmo com toda a movimentação, a realidade tem se imposto de forma brutal, especialmente para muitas mulheres. Elas se veem em uma situação delicada, cuidando simultaneamente dos filhos - alguns com Transtorno do Espectro Autista (TEA) - e dos pais com demências.

Embora o País esteja acordando para a situação dos quadros de TEA, a avalanche de problemas com os idosos ainda parece não ter sido compreendida, talvez em função das subnotificações, que chegam a incríveis 80% dos casos.

Prevenção: o melhor remédio

Diante desse cenário complexo, a prevenção surge como a melhor saída, embora não haja garantias absolutas. A condição genética, segundo o neurologista, é um fator importante, mas existem outros que podem ser evitados. Por isso, a insistência em hábitos mais saudáveis é crucial: alimentação equilibrada, um bom nível de sono e atividade física regular. E tem mais: cuidar de condições metabólicas, como manter o controle da pressão e do colesterol, além de incentivar a socialização das pessoas com mais idade.

Além de todos os fatores que auxiliam na prevenção, é fundamental não destruir a autoestima dos idosos. Atualmente, a velhice é desvalorizada. É preciso ressaltar a inteligência de quem acumulou experiência por mais tempo e permitir a atribuição de novos significados e prazeres, sem infantilismo e violência.

Afya Play para futuros doutores

Para os estudantes de Medicina, a plataforma de educação Afya Play está disponibilizando gratuitamente 5 mil conteúdos. Entre eles, imagens anatômicas em 3D, simulados e mapas mentais. A iniciativa visa complementar a formação médica com fontes seguras e confiáveis, oferecendo uma experiência imersiva e didática.

Um dos grandes destaques são os mapas mentais, que organizam conteúdos complexos, e a incursão 3D em anatomia, permitindo que os futuros médicos explorem o corpo humano em detalhes impressionantes.

 

 

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