É o(a) profissional cuja função é exclusivamente ouvir o leitor, ouvinte, internauta e o seguidor do Grupo de Comunicação O POVO, nas suas críticas, sugestões e comentários. Atualmente está no cargo o jornalista João Marcelo Sena, especialista em Política Internacional. Foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO e de Política
Critérios e procedimentos precisam ser mais bem esclarecidos aos leitores. A transparência é indispensável até para que não se abra margem para dúvidas
Foto: Reprodução/Leitor Via WhatsApp O POVO
Entregador sofreu ferimentos na cabeça e rosto após agressão de cliente no bairro Meireles, em Fortaleza
O caso no qual um entregador de delivery foi agredido por um cliente no último domingo, 10, dentro de um condomínio no bairro Meireles foi um dos assuntos de maior repercussão em Fortaleza ao longo da semana. A Rádio O POVO CBN noticiou o caso logo na manhã seguinte, reproduzindo vídeos compartilhados nas redes sociais mostrando outros entregadores protestando com um “buzinaço” na frente do prédio e arrancando o portão da garagem da edificação.
O POVO publicou matéria no portal no início da tarde de segunda-feira, 11, informando que o entregador precisou ser encaminhado ao hospital Instituto Dr. José Frota (IJF) com ferimentos graves. A forte imagem dele ensanguentado na unidade de saúde chegou a ser borrada na postagem do O POVO no Instagram. Na matéria, a foto dele não recebeu tratamento para suavizar o impacto. Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que o caso estava sob investigação da Delegacia do 2º Distrito Policial, sem revelar o nome do agressor.
Numa segunda matéria sobre o caso, publicada na noite de terça-feira, 12, O POVO entrevistou Alex Costa Rodrigues, 50, o entregador que ainda estava no hospital à espera de uma cirurgia após ter diagnosticada uma fratura no rosto, consequência dos ataques sofridos por ele. Neste texto, a forma como a reportagem se referiu ao agressor gerou crítica de leitora que enviou mensagem ao Whatsapp do ombudsman.
“Sem entrar no mérito sobre qual abordagem estaria correta ou não - se expor o agressor ou não - mas partindo da observação da diferença de coberturas em outros casos, me causou uma certa indignação nessa cobertura. O agressor foi chamado de "cliente" 3 vezes (na verdade foram quatro vezes no texto e uma no título), de "homem" 1 vez e de "morador" 1 vez! Nome, nem pensar. Entendo que há essa discussão sobre a identificação ou não, mas entendo também que essa precisa ser uma decisão editorial que, uma vez tomada, sirva de parâmetro para todos os casos, do Meireles ou Pirambu”, afirmou a leitora.
Os critérios adotados e a transparência deles
No comentário, a leitora aborda aspectos importantes a serem debatidos num caso como este. O primeiro é quanto à identificação do agressor. Sobre isso, O POVO tem uma diretriz formalizada em carta de Compromissos Editoriais publicada em seu site que diz: “Não publicamos nomes de pessoas que sejam simplesmente consideradas suspeitas pela Polícia. Por regra, a publicação do nome de qualquer pessoa acusada de um crime se dará a partir do indiciamento ou denúncia dessa mesma pessoa, a partir de prisões em flagrante ou temporária/preventiva ou condenações. Fora dessas circunstâncias, admite-se a publicação do nome de suspeitos apenas em situações excepcionais, como o de figuras públicas ou em circunstâncias que envolvam várias testemunhas ou provas audiovisuais flagrantes”.
Editor-adjunto de Cidades do O POVO, Rubens Rodrigues reforça a adoção desse critério e argumenta que não era o caso de divulgar, pois o suspeito não fora preso. “Mesmo se tivermos acesso aos nomes de suspeitos a partir de apuração própria, checamos se enquadra em prisão em flagrante, preventiva ou temporária, ou indiciamento, denúncia ou condenação. Nenhuma dessas definições segue indicação sobre o bairro onde o crime aconteceu, seja Meireles ou Pirambu. Nesse caso, especificamente, o suspeito não foi identificado”, explica.
Rubens aponta ainda que “a editoria de Cidades tem um texto padrão para explicar o motivo de a Polícia não divulgar o nome de pessoas presas”. A nota é: “Desde fevereiro de 2024, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), seguindo orientação da Assessoria Jurídica da pasta e tem como intuito adequar-se à Lei de Abuso de Autoridade (Lei Nº 13.869/2019, deixou de divulgar os nomes de suspeitos presos em ações das forças de segurança do Estado.” Segundo ele, a nota não foi utilizada na matéria “porque, de novo, não foi caso de prisão do suspeito”.
O critério estabelecido foi seguido ao não divulgar o nome do suspeito de agressão. Contudo, essas normas deveriam ficar mais bem esclarecidas na matéria. Os leitores não têm o dever de saber quais são os procedimentos adotados. Pelo contrário. Eles têm o direito de serem mais bem informados nesse aspecto, de saber o porquê do nome do agressor não ter sido divulgado. A transparência é indispensável até para que não se abra margem para dúvidas como a leitora teve.
Um segundo aspecto trazido pela leitora não deixa de ser consequência do primeiro. Como não está nominalmente identificado, o agressor passa a ser referenciado no texto com outros termos. “A variação entre cliente, homem e morador são identificações diferenciadas, comumente usadas para não tornar o texto repetitivo. E situa o leitor, no caso da matéria, que o crime envolvia um homem, cliente e morador do edifício que teria agredido um trabalhador. E não apenas um suspeito e uma vítima”, acrescenta Rubens.
Até o momento em que o suspeito estava apenas recebendo a entrega do delivery, ele é um cliente. A partir do instante que encurrala o entregador na “gaiola” da portaria e o espanca, ele passa a ser um suspeito de agressão ou suposto agressor. Se referir a ele apenas “cliente”, “morador” ou “homem” torna subdimensionada a percepção do grau de violência praticada.
Manobra de Heimlich e o papel educativo da imprensa
Os vídeos que viralizaram nas redes sociais pautaram em certa medida a cobertura da semana. Noutro caso também ocorrido em Fortaleza, um adolescente salvou o primo de um engasgo aplicando a manobra de Heimlich, técnica de salvamento desenvolvida para desobstrução das vias aéreas por algum agente físico.
As imagens do caso ganharam repercussão nacional e praticamente todos os principais portais do País trataram de encontrar as mais variadas formas de explicar o que é, como e quando executar a manobra de Heimlich. É provável que muitas pessoas já tenham ouvido falar da técnica em alguma oportunidade, mas não sabiam como proceder ou não tinham segurança sobre a aplicação correta dela.
O papel de um veículo de imprensa é informar e também educar por meio da informação. Certamente muitos leitores levarão consigo mais este aprendizado e terão mais segurança sobre como agir se, por infelicidade, se depararem com uma situação como essa.
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