É o(a) profissional cuja função é exclusivamente ouvir o leitor, ouvinte, internauta e o seguidor do Grupo de Comunicação O POVO, nas suas críticas, sugestões e comentários. Atualmente está no cargo o jornalista João Marcelo Sena, especialista em Política Internacional. Foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO e de Política
O POVO fez uma cobertura sóbria e predominantemente assertiva das medidas impostas pela Casa Branca e seus desdobramentos para o Brasil e para o Ceará, embora com algumas lacunas
Foto: Andrew Harnik/AFP
O presidente Donald Trump afirmou que Lula "pode ligar para ele a qualquer momento"
Tão discutido nas últimas semanas, o aumento das alíquotas de importação a produtos brasileiros nos Estados Unidos foi anunciado pelo presidente Donald Trump na última quarta-feira, 30. Dia desses li um comentário de que só a língua portuguesa era rica o bastante para resumir as medidas num único termo como “tarifaço”. De quebra, houve ainda os que aproveitaram a grande quantidade de exceções para tentar emplacar o vocábulo “tarifinho”. As sanções aplicadas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também transformaram Magnitsky em palavra corriqueira.
O POVO fez uma cobertura sóbria e predominantemente assertiva das medidas impostas pela Casa Branca e seus desdobramentos para o Brasil e para o Ceará, embora com algumas lacunas como uma produção de conteúdo analítico e opinativo aquém do esperado em termos de quantidade.
O destaque dado aos impactos locais e como as taxas afetam a pauta de exportações cearense foi um ponto bem abordado pelo jornal. A capa temática da edição impressa da última quinta-feira, 31, foi outro tópico que merece menção. As ilustrações e tipografias aplicadas fugiram do convencional presente em outros jornais do País.
Foto: GIL DICELLI
TRUMP TAXAÇÃO BRASIL
Contudo, na principal matéria da edição, o título “EUA oficializam taxas de 50% para o Brasil com algumas exceções” poderia ter uma leitura mais apurada. Embora muitos produtos tenham entrado nas tarifas, 694 são muitas exceções para ser qualificadas como “algumas”.
Quanto às sanções impostas a Moraes, as matérias e postagens nas redes sociais se preocuparam em explicar aos leitores e aos seguidores os principais pontos da lei. Entretanto, no O POVO e na imprensa como um todo ainda parecem muito incertas as reais implicações ao ministro.
Já sabemos das restrições a cartões de crédito com bandeiras americanas. Mas e quanto aos bancos brasileiros que operam nos EUA? Há uma distância sobre o que pode e o que deve acontecer carente de melhor explicação. Termos como “pena de morte financeira” usado por especialistas também dizem muito pouco sobre o caso - sem falar do mau gosto no traçar desse paralelo.
No mesmo dia em que o governo Trump enquadrou Alexandre de Moraes na lei Magnitsky, o magistrado foi à Neo Química Arena assistir ao clássico Corinthians x Palmeiras pela Copa do Brasil. Sobre a ida do ministro corintiano ao estádio, gerou bastante repercussão a foto dele fazendo o gesto obsceno de colocar o dedo médio em riste - aquilo que no Ceará é popularmente conhecido como “dar um cotoco”.
O registro feito pelo repórter fotográfico do Estadão Alex Silva não demorou a ser amplamente compartilhado nas redes. Dado o desenrolar de um dia tão quente, estranho seria se tal gesto passasse despercebido. Bolsonaristas também não demoraram a compartilhar a foto e a criticar a falta de polidez do ministro. Afinal, a foto pura e simples sem um contexto associado era um prato cheio para os defensores das medidas adotadas pelo governo Trump se deleitarem nas redes.
Foto: Fellipe Sampaio/STF
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
A questão é que ninguém da imprensa conseguiu dizer ao certo quem foi o alvo do dedo erguido de Moraes. Ou mesmo explicar o que o teria motivado a fazer isso. Foi uma insatisfação com o juiz da partida? Ou, quem sabe, uma resposta a algum palmeirense mais desaforado? Ou, como é de se imaginar, resultado de alguma provocação política?
Sobre o caso, O POVO reproduziu texto da Agência Estado, que citou o fato, a ida dele ao estádio, mas não deu muitos detalhes do porquê do gesto. Nem a foto em questão está na matéria. O próprio Estadão chegou a produzir uma matéria contando os bastidores da foto e da cobertura, mas frustrou quem a leu por não chegar sequer perto de uma melhor explicação da imagem.
A Folha, por sua vez, conversou com pessoas que estavam no camarote da Neo Química Arena e enviou perguntas à assessoria do ministro. Ou seja, o mínimo para avançar um pouco na história, embora também não tenha conseguido ir muito longe.
A falta de contexto à imagem contribui para que ela possa ser compartilhada sob qualquer significado e intenção. A máxima de que uma imagem vale mais do que mil palavras é antiga, mas nem sempre é aplicável.
Charge volta após hiato indesejável
Foto: Clayton
Charge do O POVO publicada na edição de1º de agosto de 2025
Na última sexta-feira, 1º de agosto, a Charge voltou a ser publicada na edição impressa do O POVO após um hiato significativo e indesejável. O ilustrador Clayton Rebouças entrou em merecidas férias no início de julho. Por duas semanas, o também ilustrador Carlus Campos o substituiu antes de entrar em período de descanso igualmente merecido. No entanto, ninguém ocupou este espaço durante a segunda quinzena do mês.
Entre as edições dos dias 15/7 e 31/7 a Charge foi substituída na editoria Farol por notas jornalísticas mais curtas ou fotolegendas acompanhadas do aviso de que o chargista Clayton, titular do espaço, estava de férias. “Nesses últimos dias notei que Charge não tem mais. Vamos ficar sem essa boa parte do jornal?”, perguntou um leitor em e-mail enviado ao ombudsman no dia 17/7.
Por mais que possa se pensar que duas semanas não pareça muito tempo, O POVO poderia ter se planejado melhor para não abrir tal lacuna durante as edições do período. As charges costumam ser pontos de leitura importantes que não podem ficar de fora do jornal por tanto tempo.
Tradicionalmente associada à seção de opinião dos jornais, a charge como gênero jornalístico costuma oferecer outros olhares com humor e crítica a fatos que estão na ordem do dia. Até mesmo por ter essa carga também opinativa, é o caso de se pensar a possibilidade de O POVO passar a dispor de um quadro maior de chargistas.
Outros jornais do país como Folha de S.Paulo, Estadão e O Globo fazem já há um bom tempo um rodízio de profissionais da área. Ampliar o leque de opções e a diversidade de ideias e de traços artísticos seria algo bem-vindo.
Guerra sem fim: facções e política
Na coluna da última semana escrevi sobre os cuidados que a cobertura de segurança pública deveria ter para não fazer um uso indiscriminado de termos como “líder” ou “chefe” ao se referir a pessoas ligadas a facções criminosas. O alerta incluiu o reconhecimento de que é necessário tempo para uma apuração minuciosa a fim de entender e detalhar o papel de quem dá as cartas no crime organizado.
O documentário “Guerra Sem Fim: facções e política” lançado na última segunda-feira, 27, é mais um bom exemplo de trabalho jornalístico que cumpre essa função de descrever a atuação do crime organizado. Dirigido e roteirizado pelo jornalista Demitri Túlio, a produção mostra como as facções adentraram na política cearense, sobretudo nas eleições de 2024, e revela por meio de depoimentos de promotores, jornalistas, políticos e advogados os detalhes das investigações. O média metragem está disponível na plataforma O POVO+ e vale muito sua atenção.
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