É o(a) profissional cuja função é exclusivamente ouvir o leitor, ouvinte, internauta e o seguidor do Grupo de Comunicação O POVO, nas suas críticas, sugestões e comentários. Atualmente está no cargo o jornalista João Marcelo Sena, especialista em Política Internacional. Foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO e de Política
Foto: Andrea Rankovic
Desigualdade de gênero no mercado de trabalho
Ao longo dos últimos meses O POVO tem intensificado a divulgação em várias frentes do seu catálogo de colunistas que escrevem no jornal impresso, no O POVO+ ou em ambos. Um exemplo é o perfil da plataforma digital no Instagram que tem investido em postagens nas quais os titulares das colunas explicam em vídeos curtos os conteúdos que produzem.
Outro exemplo. Na edição do último dia 28 de agosto, uma ação de marketing do O POVO trazia uma sobrecapa encartada ao jornal impresso daquele dia com a seguinte “manchete”: “Opiniões qualificadas pra você formar a sua”.
Em um subtítulo, um pouco mais de detalhamento. “De diferentes áreas, com diferentes visões, nossos colunistas compartilham o mesmo princípio: a opinião responsável, construída com fatos, dados e escuta. Diversos no olhar, iguais no compromisso de informar você”. A peça de quatro páginas continha ainda a listagem com fotos dos, à época, 144 colunistas divididos por área de objeto de escrita.
Em pesquisa mais atualizada, feita por este ombudsman na última semana na plataforma O POVO+, subiu para 146 o número de colunistas, após as estreias recentes das colunas Larissa Viegas (sobre moda) e Lucas Barbosa (sobre segurança pública).
Um detalhamento por gênero mostra que são 90 colunas no O POVO assinadas por homens, o que representa 62,5% do total, enquanto as mulheres são titulares de 54 delas (37,5%). Foram excluídas dessa conta as duas colunas nas quais não é possível aplicar uma categorização de gênero (Editorial e O POVO é História).
O cenário em outros jornais
Para efeito de comparação, conferi como está hoje o cenário em outros jornais do País. Na Folha de S.Paulo, estão disponibilizadas 169 colunas, sendo que em dez delas ou não é possível fazer uma categorização de gênero ou são textos assinados por mais de uma pessoa, sendo pelo menos um homem e uma mulher.
Das 159 colunas restantes, 95 têm homens como titulares (59,75%) e 64 são escritas por mulheres (40,25%). No O Globo, o retrato é semelhante. Aplicando-se os mesmos critérios, são 49 colunistas homens (62,82%) e 29 mulheres (37,18%) de um total de 78.
O Estadãoé um ponto fora dessa curva. Com um perfil editorial mais tradicional e rígido, o periódico sesquicentenário tem um delineamento notadamente mais masculino em sua seção “Blogs e Colunas”, com 107 colunistas homens (74,31%) e apenas 37 mulheres (25,69%). Merece ser mencionada a seção “Opinião”, em que dos 28 colunistas, 28 são homens. Isso mesmo, todos eles. No O POVO, este mesmo segmento é formado por 23 homens e 11 mulheres.
Poderia ser pior. E já foi
Assim, os números mostram que o perfil de gênero nas opiniões do O POVO não guarda diferenças tão significativas em relação ao que é visto em alguns dos principais jornais do País como Folha e O Globo. Entre os periódicos aqui listados, o Estadão é o que tem de longe as maiores discrepâncias.
Mesmo sem dados de anos anteriores, é possível afirmar de maneira empírica e com o olhar de quem está no O POVO há pouco mais de uma década que tal balança já foi bem mais desequilibrada num passado nem tão distante.
Contudo, tais reflexões permitem que se chegue à conclusão de que ainda há um desequilíbrio. Embora o cenário seja de evolução rumo a uma maior equidade, existe um caminho a ser percorrido. Diretor de Opinião do O POVO, Guálter George concorda que hoje a situação é melhor do que há alguns anos e reconhece incômodo com as disparidades ainda existentes.
“A busca pelo equilíbrio de gênero é uma espécie de obsessão nossa, e, visto em perspectiva, olhando para trás, existem melhorias que foram resultado de uma busca ativa que temos feito recentemente por novos nomes sempre considerando a importância de melhorar as representatividades”, aponta.
Produtora de Engajamento de Colunas do O POVO, Révinna Nobre afirma que há um trabalho para reverter a discrepância de gênero entre os colunistas.
“O primeiro passo foi construir um dashboard para identificarmos exatamente as proporções de gênero, raça, sexualidade, faixa etária e religião. A partir daí, estamos trabalhando com vários laboratórios de nomes para diversificar o nosso quadro de colunistas. O primeiro laboratório levantou mais de 20 sugestões de mulheres, das mais diversas áreas, para serem nossas colunistas. Seguiremos trabalhando com novos laboratórios focados nesses eixos representativos”, explica.
Áreas tradicionalmente “masculinas”
Considerando os 16 segmentos com os quais O POVO categoriza suas colunas, em 11 deles há pelo menos quatro colunistas. Destes, em apenas dois (Comportamento e Meio Ambiente) as mulheres são maioria. Em “Cidade” há equidade plena (quatro homens e quatro mulheres). Nos demais, os homens são maioria.
Um caminho que pode ser interessante na busca por maior equidade de gênero é observar as áreas de escrita tradicionalmente ocupadas por homens. E aqui chego aos exemplos do Esportes e da Política.
No primeiro caso, são 13 colunistas. Nove homens e quatro mulheres. Um panorama ainda aquém do desejável, mas que passa por mudança. Recentemente as colunas Ana Rute Ramires (corrida de rua), Domitila Andrade (saúde e bem-estar) se juntaram às de Iara Costa (futebol feminino) e Júlia Duarte (Fórmula 1), aumentando a participação feminina num espaço de análise ainda predominantemente masculino. Vale menção também à coluna André Bloc, que trata justamente de questões ligadas à diversidade no esporte.
Em relação à Política, o cenário está mais distante do ideal. De 16 colunistas, 13 são homens e apenas três são mulheres. Pouco para uma área com tanta visibilidade. Em setembro, a cientista política Paula Vieira estreou coluna, se juntando à professora de Direito da Universidade Federal Ceará (UFC), Juliana Diniz, e a pesquisadora Kalina Gondim na seção.
Guálter George reconhece a assimetria, ponderando que há outras colunistas a tratar de Política no O POVO, mas que estão categorizadas em outros segmentos sobre os quais também escrevem como “Opinião” e “Nordeste”.
“É verdade que o espaço da Política, por exemplo, está exigindo esforço de inclusão de mais mulheres e consideramos que haverá melhoras futuras resultantes dos resultados deste esforço. Pondero, ainda mais, que existem excelentes articulistas mulheres fora do espaço específico que tratam de temas políticos com grande qualidade e profundidade. Como exemplos, cito a jornalista Regina Ribeiro, (que atualiza semanalmente suas colunas), Ananda Marques e Lorena Monteiro (com textos mensais)”, finaliza.
Por que diversidade é importante
A busca por um perfil mais equitativo e diverso no rol de colunistas vai muito além dos números. Trata-se de ofertar aos leitores olhares que representem os mais variados espaços e segmentos da sociedade. Ampliar essas pluralidades é fundamental para engrandecer e enriquecer os debates.
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