Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
O que mais irritou a tigrada, além de considerar as medidas "insuficientes", foi a proposta de isenção de Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil
Sem usar a (mal)dita expressão, o presidente Lula ofereceu ao “mercado” o mesmo conselho que a primeira-dama, Janja da Silva, deu a Elon Musk.
Isso porque estava precificada a má reação do mercado financeiro ao pacote de corte de gastos apresentado pelo ministro da Economia, Fernando Haddad. Deu-se a grita porque, além dos suspeitos de sempre, os super-ricos também foram chamados a pagar uma parte da conta do ajuste fiscal.
O que mais irritou a tigrada, além de considerar as medidas “insuficientes”, foi a proposta de isenção de Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil, promessa de campanha de Lula.
A defasagem da tabela do IR, cronicamente corrigida por índices abaixo da inflação, faz com que um trabalhador com renda de R$ 2.259,20 (menos de dois salários mínimos) seja mordido pelo Leão, bicho menos agressivo quando se trata de taxar os milionários.
Os críticos deveriam ser um pouco mais modestos e dar, pelo menos, o benefício da dúvida a Haddad, cujas medidas, contestadas pelo mercado, resultaram positivas. O ministro lembrou alguns casos, durante entrevista coletiva para explicar o pacote, mostrando que os financistas sofrem do complexo de Cassandra.
“O mercado fez profecias não realizadas. O Focus (boletim do Banco Central) previa crescimento de 1,5% do PIB. Nós estamos com crescimento de quase 3,5%. O mercado estimava um déficit de 0,8% do PIB, tirando o Rio Grande do Sul, estamos com um déficit de 0,25%”.
O pior é que a má vontade contra o ajuste proposto leva a argumentos ridículos.
O comentarista da rádio CBN, Teco Medina (28/11), passou um pito geral, “em parte da imprensa e da classe política” que teria de parar com “essa bobagem de marcado aqui, mercado ali, não existe uma sede física onde tem uma reunião (para definir políticas)”. São milhares de gestores, lecionou, “cujo trabalho é tentar investir bem o dinheiro das pessoas que poupam”.
Beleza, mas, primeiro, quem foi que lhe contou a patranha de que “parte da imprensa” supõe que o “senhor mercado” tenha uma sede física? Ninguém imagina que assim seja, o que inegavelmente existe é o espírito de manada.
Ações da PM pressionam Tarcísio e Derrite; Mercado avalia Lula e Haddad | O POVO NEWS
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