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Eventuais críticas ao STF não isentam golpistas de culpa
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Eventuais críticas ao STF não isentam golpistas de culpa

Na terça-feira inicia-se o julgamento de Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado, com as provas apontando para a sua condenação. Esse feito inédito na história somente foi possível pela coragem demonstrada pelas instituições brasileiras, principalmente o Supremo Tribunal Federal
Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal - STF (Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal - STF

“Brasil dá lição de maturidade democrática” e “[Julgamento de Bolsonaro] é um triunfo da democracia”.

As frases aspeadas foram publicadas por dois dos principais jornais do mundo, o americano The New York Times e o britânico The Economist.

Essa mesma análise é praticamente unânime entre jornais importantes, mundo afora, que abordam o assunto às vésperas do julgamento do principal réu da tentativa de golpe de Estado no Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A não ser que se considere “comunista” qualquer publicação que não reze estritamente pela cartilha bolsonarista, existe entendimento generalizado na imprensa mundial de que a democracia brasileira está sob ataque, e que o STF desempenhou papel fundamental para conter a tentativa de golpe.

No entanto, as duas publicações fazem ressalvas quanto aos limites que devem ser observados pelo Judiciário brasileiro — e que o papel do STF precisa ser discutido.

Para a Economist, apesar de seus bons serviços em defesa da democracia, “paradoxalmente, uma tarefa fundamental é conter o Supremo Tribunal Federal”.

Segundo o NYT a prevalência da democracia representa também um desafio para o Brasil, devido às dúvidas levantadas quanto aos limites do Judiciário.

Ressalve-se que os bolsonaristas não querem debate nenhum. Buscam vingança contra alguns ministros — principalmente Alexandre de Moraes —, que eles acusam indevidamente de perseguição política. Nesse ambiente envenenado, será impossível qualquer discussão com um mínimo de equilíbrio sobre o assunto.

Observem que os pontos positivos somados pelo STF são bem maiores do que os possíveis equívocos, e nenhum deles compromete o julgamento em curso, com a democracia brasileira saindo vitoriosa do confronto.

A mais, nenhuma crítica que se possa fazer ao STF isenta de culpa aqueles que praticaram atrocidades contra as instituições democráticas.

Na terça-feira inicia-se o julgamento de Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado, com as provas apontando para a sua condenação. Esse feito inédito na história somente foi possível pela coragem demonstrada pelas instituições brasileiras, principalmente o Supremo Tribunal Federal, que não se abalou com os ataques promovidos pelo presidente americano Donald Trump.

No entanto, passada a tempestade, será preciso encontrar o tempo certo para que o Congresso Nacional, o STF e a sociedade, iniciem um amplo debate sobre o desempenho da Suprema Corte, de modo a fortalecer cada vez mais o tribunal constitucional brasileiro.

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