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Militares limparam terreno para acampamento golpista
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Plínio Bortolotti integra o Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Militares limparam terreno para acampamento golpista

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, militares fizeram terraplenagem para auxiliar a montagem de barracas em frente ao quartel em Brasília
Manifestantes se reúnem em frente ao QG do Exército em Brasília  (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Manifestantes se reúnem em frente ao QG do Exército em Brasília

Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo (13/10/2025) mostra que militares do Exército fizeram obras de terraplenagem para auxiliar a montagem do acampamento golpista em frente ao quartel-general em Brasília. A aglomeração bolsonarista começou após a derrota de Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2022, permanecendo até 8 de janeiro de 2023, quando foi desmobilizada, depois do ataque à sede dos Três Poderes.

Vídeos mostram uma retroescavadeira e um caminhão em trabalho de terraplenagem, sob a orientação de militares, em área onde as barracas dos manifestantes estavam sendo instaladas. As informações são inéditas e nunca haviam sido levantadas nas investigações sobre a trama golpista, registrou o jornal.

Para o Estadão, os registros indicam que os militares tiveram participação “muito mais ativa” no acampamento do que as investigações realizadas pela Polícia Federal indicaram até agora. Isso significa, segundo o jornal, ter havido “apoio direto” dos militares à instalação e permanência dos manifestantes golpistas em frente ao quartel.

Os vídeos foram gravados por Wellington Macedo e entregues ao Estadão pelo seu advogado. Macedo está preso preventivamente sob acusação de envolvimento na tentativa de ataque a bomba em Brasília, no dia 24 de dezembro.

Procurado pelo jornal paulista, o Exército respondeu por uma nota oficial:

O Centro de Comunicação Social do Exército esclarece que o Setor Militar Urbano (SMU) é uma área sob jurisdição militar, cuja manutenção é realizada regularmente pela Força, visando a proporcionar um ambiente em condições adequadas para receber os frequentadores daquele espaço público. (...) Na ocasião relatada, o uso de maquinário de Engenharia se fez necessário para a manutenção do local, tendo em vista o acúmulo de lama e o desnível que se apresentava no terreno”.

Ora, mas se a área está sob "jurisdição militar", por que o QG do Exército permitiu um verdadeiro esculacho em suas portas? Ainda mais, se o espaço é público, como se admitiu que ali fosse construída uma cidadela golpista, em condições precárias, inclusive de higiene, privatizando o uso da praça?

Já escrevi pelo menos meia dúzia de artigos afirmando que houve participação de militares na tentativa golpista, para além do que já foi revelado até agora. Aqui vão dois:

Golpe: deve-se acreditar na palavra de militares? (11/4/2022)

O golpe e a responsabilidade das Forças Armadas (28/8/2023)

Foto do Plínio Bortolotti

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