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Sem ver saída, maioria apoia massacre
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Plínio Bortolotti integra o Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Sem ver saída, maioria apoia massacre

Às vésperas da campanha eleitoral de 2022, aconteceram duas ações policiais semelhantes:maio, com 23 mortos (Penha) e julho, com 16 mortos (Alemão). Como agora, a maioria da população do Rio ficou a favor das operações
Alexandre de Moraes faz reuniões no Rio para discutir Operação Contenção (Foto: Handout / RIO DE JANEIRO GOVERNOR OFFICE / AFP)
Foto: Handout / RIO DE JANEIRO GOVERNOR OFFICE / AFP Alexandre de Moraes faz reuniões no Rio para discutir Operação Contenção

Em artigo publicado no dia 2/11/2025 nesta coluna, perguntei no título: “Por que a maioria apoia operações letais em favelas?” — procurando responder ao questionamento no texto.

Apresentei a pesquisa AtlasIntel (31/10/2025) mostrando que 55,2% dos brasileiros aprovaram a “megaoperação” policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio, com 42,3% desaprovando. Entre os moradores de favelas, a aprovação chegou a 80,9%.

Levantei a tese de que as pessoas que vivem sob o arbítrio criminoso agarram-se a qualquer salvação, buscando se livrar dessa opressão de qualquer maneira.

“Desespero. A população não vê mais saída e se apega ao confronto como opção.” A explicação é de Paulo Vasconcelos, em entrevista à jornalista Daniela Lima (Uol, 3/11/2025). Vasconcelos é publicitário e foi responsável pela campanha de Claudio Castro (PL-RJ), garantindo-lhe a reeleição como governador do Rio.

Ele falou a partir da análise da pesquisa Quaest, mostrando que 58% da população do Rio considerou a operação “um sucesso”. Porém, ao mesmo tempo, reconhecia que, depois da ação policial, a capital fluminense ficou “menos segura”. Um aparente paradoxo.

No artigo anterior, anotei que os institutos de pesquisa fazem perguntas que não admitem nuances. O pesquisado fica preso na díade: “aprovo” ou “desaprovo”, sem a possibilidade de uma terceira opção entre os dois polos.

Em uma pesquisa qualitativa, é bem possível que as pessoas assinalassem que o confronto, planejado e sem massacres, deveria ser apenas o ponto de partida para a implementação de medidas para livrar os moradores da opressão criminosa. Na sequência, seria preciso retomar o território da bandidagem e oferecer serviços públicos decentes às comunidades.

E, atenção, a jornalista lembra que, às vésperas da campanha eleitoral de 2022, aconteceram duas ações policiais semelhantes: maio, com 23 mortos (Penha) e julho, com 16 mortos (Alemão). Como agora, a maioria da população do Rio ficou a favor das operações. Castro foi reeleito. Para o publicitário, caso a direita trabalhe bem o tema, isso poderá ser o “calcanhar de Aquiles” para a reeleição de Lula.

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